Sou um paranaense que sonha, que tem sonhos, alguns já realizados, outros por realizar, mas todos sempre ligados, desde sempre, ao meu Estado do Paraná. O Paraná para mim é uma beleza, é o Canadá do futuro. Nós só precisamos ter melhores políticos. Nasci em Curitiba, na Rua Fontana, e isso me deixou muito contente, porque a Rua Fontana também faz parte da história do Paraná.
Estudei no Colégio Santa Maria e lá encontrei muitos amigos, a família Mourão, a família Camargo, dentre outras. Tenho dezenas de amigos que fiz do primeiro até o terceiro ano do então chamado científico. Depois, cursei Direito na Praça Santos Andrade. Dali, posso lembrar-me de vários companheiros, o Mazza, o Campos, Aroldo Murá e tantos outros. Nós tínhamos um grupo de quarenta alunos e fui crescendo sem irmãos, mas com amigos que se tornaram irmãos. Aliás, uma das melhores coisas da minha vida são os meus amigos, porque na amizade não há interesses.
Depois de formado, fui para Cruzeiro do Oeste, onde fiz uma porção de trabalhos jurídicos e um júri muito cauteloso, de muita publicidade. O réu era um trabalhador rural que matou a sogra. Ela estava com um neném no colo, filho do que atirou. O juiz era o Doutor Jorge Andrigueto, que saiu de São José dos Pinhais, e, na carreira, chegou até desembargador. Nesse júri, que todas as cidades ao redor foram assistir, eu tive a felicidade de reduzir a condenação do réu a apenas onze anos.
Quando estava em Cruzeiro me habilitei a escrever, a pedido do diretor do jornal “Diário do Paraná, Adherbal Stresser. Eu já escrevera alguma coisa para a “Gazeta do Povo”, a pedido do Doutor Francisco Cunha Pereira. Tinha também uma página literária, na qual eu transmitia muitas coisas relacionadas à literatura paranaense, desde Dalton Trevisan a Emiliano Perneta, diversos escritores e poetas, mostrando o potencial do Paraná. Ganhei uma bolsa de estudos para a Europa. Então, saí de Cruzeiro do Oeste e fui direto para a Suécia, que estava no topo do mundo.
Podemos relembrar, para quem se interessa pela história do Paraná, que hoje somos o maior produtor de soja do mundo. Mas na época tínhamos o café. O Lupion me disse, um dia, que eu tinha de espalhar em todos os jornais e revistas: “soja, soja, soja!”. Faço questão de ressaltar que Moises Lupion foi um grande governador, um visionário.
Na Suécia coincidiu de ter a Copa do mundo, o Brasil venceu e eu festejei, entrei no vestiário do time brasileiro, conheci todos os jogadores, peguei o autógrafo de todos e mandei notícia para a “Gazeta do Povo”. Quando fui à Rússia, escrevi também, a pedido do Doutor Francisco.
A Rússia, na época, era um país fechado. Com a minha carteira de jornalista, consegui percorrer o país, conheci todos os fatos da Segunda Guerra Mundial. O primeiro grupo que conseguiu deter os alemães foi um esquadrão de mulheres russas.
Em Genebra, na Suíça, necessitavam de um professor de português, quem estava dando aula foi ser embaixador no Brasil. Aí, na Universidade de Genebra fui, ao mesmo tempo, aluno e professor. Já havia dado aulas de cursinho aqui no Brasil. Então, além de dar diversas aulas, podia frequentar o restaurante da escola, de alta qualidade.
Sempre gostei muito de ler jornais, tenho esse costume. Quando soube que o Assis Chateaubriand estaria aqui, fui cumprimentá-lo pessoalmente por diversos fatores, inclusive em relação à aviação. Apresentei-me e disse-lhe que gostaria de conhecer mais a fundo a Inglaterra. Ele respondeu-me que iria escrever ao governo da Inglaterra e realmente o fez.
Então, recebi um convite para visitar tudo o que eu quisesse na Inglaterra. Fui ver a Scotland Yard, o juizado, o comércio, as religiões, as combinações de países como a Escócia, as comunidades inglesas na Índia, Austrália, Canadá etc. Eu escrevia sobre tudo e filmava por onde passava.
O jornal sempre me auxiliou em relação às viagens. Ganhei uma bolsa para os Estados Unidos, em Miami, onde fiz a cobertura do Miss Universo. Às vezes, filmava também. Naquela ocasião, a Marta Rocha tirou o segundo lugar, com pequena diferença para a primeira colocada. Eu colaborava para dois ou três jornais. Quando abri um escritório de advocacia, fui bem feliz em relação ao Direito Internacional, mas os jornais sempre fizeram parte disto.
Eu passava o final de ano na minha famosa casa nas pedras de Caiobá, juntamente com amigos. Aí fizemos um conselho de comércio exterior. Falei com o Doutor Francisco que deveria viajar, e ele sempre me apoiou, pois acreditava que iria internacionalizar o jornal. Então, fui à Europa para ver o caso do navio, que exigia para cada dia parado pagamento em dólares. Mais tarde ele chamou para dirigir o “Diário da Tarde”.
Consegui resolver o caso. E, quando li, no jornal do Exterior, dentro do avião indo à Noruega, que no ano seguinte haveria um problema muito sério de falta de carga, me lembrei de que os proprietários de grandes empresas precisam de material para carregar. Então conversei com eles, que nós daríamos uma declaração que eles fariam todas as suas importações por nosso intermédio. E nós pagaríamos a conta que devíamos a eles para liberar aqueles navios e tudo mais. Com isso, consegui atender inúmeras empresas, sem muitas derrotas. Nós atendíamos a África do Sul e também Angola, um negócio que hoje faz parte do Memorial das Nações Unidas.
Aqui no Paraná, eles enviavam madeira que não eram as que eles queriam, mandavam outra mercadoria. Eles queriam a madeira de imbuia, a qual leva quatrocentos anos para crescer, e nós aqui jogando a imbuia fora. Então, essas empresas se organizaram e fizemos um consórcio de exportação. Depois colocaram em livro os vários casos de sucesso das Nações Unidas e lá estava o meu caso, quando conseguimos vender os produtos, o que salvou muitas empresas paranaenses.
Fui convidado pra ser presidente do Graciosa Country Clube, um clube maravilhoso. Competindo com outros candidatos, ganhei, sendo eleito o presidente mais jovem do Graciosa, quando tinha apenas 27 anos. Comecei a agir, trouxe a sauna do Rio de Janeiro, foi a primeira sauna do Paraná, fizemos bingos, etc. Fiquei durante um ano na presidência.
O Tancredo Neves veio a Curitiba em plena campanha, e me colocaram no gabinete. A partir dali trabalhei para vários setores do governo nacional. O Richa gostava muito de mim, o João Elísio, que foi governador, também. Fui também secretário da Indústria e Comércio a pedido deles, fazendo muito trabalho em conjunto com o governo paraguaio, por exemplo.
No Hospital de Clínicas me chamaram para resolver problemas. Assim, resolvi dividir setores em diversas equipes. Tinha o das mulheres, o pulmonar etc. E fui demonstrando como montar equipes. A divisão torna mais fácil a solução dos problemas. Fizemos sessenta setores, também fizemos uma noite no Clube Curitibano, para arrecadar dinheiro para o Hospital, tornando-o uma referência. O paranaense respondeu muito bem. E continua desenvolvendo atividades relacionadas a esse setor.
Tive uma mãe maravilhosa, a Dona Diva, uma mãe sensacional. E um pai muito correto, dentista, faleceu com quarenta anos de suprarrenal, não teve solução.
Agradeço muito à minha mãe, que é uma pessoa muito carinhosa. Os conselhos, as sugestões dela sempre foram ótimos e certeiros. A intuição de mãe é forte, pois mãe é uma coisa muito séria para todo mundo.