Liasí de Camargo Duarte (2017) Administração – Curitiba – Paraná

Nasci e me criei em Curitiba, onde moro até hoje; portanto, sou curitibana de nascimento e coração.

Sou a primeira filha do casal Isail Andrade de Camargo e Murillo Bittencourt de Camargo, assim como 1ª neta tanto pelo lado paterno (Egipycialinda Bittencourt de Camargo e Francisco Natel de Camargo) como pelo lado materno (Argentina Costa de Andrade e Isaias Ribeiro de Andrade).

Depois de algum tempo, nasceram minhas duas irmãs, Maria Cecília Camargo e Maria Alice Paciornick. Tivemos uma infância muito feliz, cercada de amor e carinho. Ainda hoje, lembro bem da casa de meus avós, dos lanches à tarde com tias, primas, primos, e no fim do dia quando chegavam os tios era uma festa. Ao contrário dos dias de hoje, havia tempo para tudo: brincadeiras, passeios, visitas. Sempre sob o olhar atento e carinhoso de meus pais, presenças constantes em nossas vidas.

Com o tempo passando, era hora de pensar no futuro. Neste momento, meus pais fizeram uma das melhores escolhas para mim, me matriculando no Colégio Sion. Até hoje, mantenho estreita relação com minhas colegas, amigas de uma vida. O tempo passava devagar, entre estudos e atividades no Clube que frequentava, o Graciosa Country Clube. Logo vieram as festas, o Baile de Debutante e as Tardes Dançantes no Curitibano, onde conheci o Renato (José Renato Duarte). Conheci e me encantei.

Namoramos, noivamos e após o casamento fomos residir no Rio de Janeiro, na casa de meus avós maternos, pois o Renato havia ganho uma bolsa para estudar na Fundação Getúlio Vargas por um ano. Sempre digo que no Sion, entrei criança e saí casada. Sim, porque tinha 17 anos quando casei. O Renato foi tudo para mim, meu amor, meu companheiro, meu amigo de todas as horas e pai exemplar, que ajudou muito na formação de nossos filhos.

No Rio de Janeiro, nasceu nosso primeiro filho, José Renato Duarte Filho. Tivemos mais duas filhas, Claudia de Camargo Duarte Zattar e Valeria de Camargo Duarte Moraes. Não tenho palavras para descrever o que foi o nascimento de cada um deles. Um amor imenso, uma alegria enorme, o coração quase explodindo de tanta felicidade.

Graças a Deus tivemos filhos que quase não nos deram grandes preocupações, eram saudáveis, alegres e brincalhões. Passávamos as férias em Caiobá, lugar que as crianças adoravam. Nossa casa era sempre cheia, pois o Renato era muito alegre e gostava das pessoas ao redor dele.

Com as crianças já na escola, por incentivo do Renato, retomei meus estudos. Fiz Faculdade de Farmácia e Bioquímica e fui trabalhar no Hospital São Lucas, construído por um grupo de pessoas, entre os quais, meu avô paterno, Francisco Natel de Camargo.

Já no 2º ano da Faculdade, surgiu a oportunidade de fundarmos o Laboratório São Lucas de Análises Clínicas em sociedade com o Dr. Alberto A. Veiga e Edmundo Reichmann, onde trabalhei por 40 anos.

Minha vida toda escutei e participei da vida do Hospital. Além de meus tios, Dr. Camargo e Dr. Eliseo, meu pai sempre participou da Diretoria, sendo o responsável pela ampliação e modernização de todo o prédio anexo ao Hospital. Estava em família.

Foi um tempo com bastante atividade. Tinha as crianças, a casa para cuidar, o trabalho, mas gostava do que fazia e sempre me senti muito feliz.

Após alguns anos, fui convidada pelo Presidente do Hospital, Dr. Antonio Jorge Ribeiro de Camargo (Dr. Camargo), a participar da Diretoria. Quanta honra! Ainda mais que iria ficar ao lado de meu pai e de meu tio, Eliseo Bittencourt de Camargo. Foram anos muito bons. Com o passar do tempo, após o falecimento do Dr. Camargo, o Dr. Nélio Ribas Centa assumiu a Presidência do Hospital e me convidou para continuar na Diretoria. Trabalhei muitos anos com o Dr. Nélio que foi um chefe, um amigo, um parceiro incrível.

Com as crianças maiores, fui convidada para assumir a Direção da Central de Medicamentos, um setor da Secretaria de Saúde. Achei que era hora de retribuir, através do serviço púbico, um pouco do que esta cidade tinha me dado. Trabalhei na CEME por 3 anos, quando assumi a Direção do Laboratório Geral do Estado. Trabalhar no governo foi um desafio e um aprendizado enorme para mim que só atuava no setor privado. No princípio, foi um choque cultural muito grande. Lá, vi outra maneira de encarar os problemas, trabalhei em equipes multidisciplinares com pessoas de todo Brasil. Nesta fase, cresci muito como pessoa, modifiquei o modo de encarar a vida e revi minhas prioridades. Passei a valorizar ainda mais minha família, meu marido e meus filhos. Neste período, acumulava o serviço da Secretaria de Saúde com os do Hospital São Lucas pois continuei trabalhando no Laboratório e na Diretoria do Hospital. Foram 8 anos de trabalho na SESA até o meu desligamento da Secretaria.

Assim passaram os anos, nossos filhos crescendo, estudando, se formando, casando-se. Que alegria vê-los caminhando, estar perto para aplaudir as conquistas e dar apoio e amor nas horas em que precisavam.

Então, chegaram os netos. Que emoção! Quanto amor renovado. Primeiro, o Gabriel Chaves Duarte, nosso companheiro de muitas viagens e aventuras, sempre apaixonado por cavalos. Depois, nossa princesa, Maria Victória Zattar. Uma menina linda, meiga, carinhosa. No ano seguinte, nosso 3º neto, Leonardo Chaves Duarte, sempre curioso, inventando alguma coisa, o neto mais parecido com o avô Renato. Cada dia, eu ficava mais apaixonada por este trio. Organizamos nossa vida, visando estar sempre por perto para acompanhar o crescimento e o desenvolvimento deles.

E, como a vida é cheia de surpresa, do nada, o Renato partiu, deixando um vazio enorme, uma falta que não tem tamanho. Já faz mais de uma década, mas até hoje, nas horas mais alegres, o Renato está presente nos nossos corações. Quero sempre dividir com ele a alegria que os filhos e netos me dão.

Ele não viu o Gabriel passar em 1º lugar no vestibular; o casamento da Valéria, com o Wagner Moraes, um genro muito querido; a Maria Victória e o Leonardo também entrarem na Universidade, de Arquitetura e de Eng. da Computação respectivamente. Não viu nosso filho, José Renato, refazer sua vida, casando com a Michelle Seleme, uma nora muito querida que, para nossa alegria, chegou com minha neta do coração, a querida Manoela. Não viu o nascimento de nosso último neto, Eduardo Seleme Camargo Duarte, hoje com quase 2 anos. Uma criança sempre é um recomeço. Cantar, brincar, Disney, carrinho…. como não ficar feliz?

Já que estou falando da família, quero destacar nosso genro/filho, José Antônio Zattar Junior, casado com minha filha Claudia. Ele está há tanto tempo na família, como um filho mesmo, sempre disponível para o que for preciso, um pai amoroso e um marido exemplar que só me enche de orgulho.

Um fato curioso ocorreu em 1957, quando meu avô, Francisco Natel de Camargo, dono do primeiro carro conversível de Curitiba, o emprestou, a pedido do governador, Bento Munhoz da Rocha, para que o Presidente de Portugal, Craveiro Lopes, pudesse desfilar pelas ruas, acenando para o povo. Vestidas de portuguesa, eu e a mãe do Júnior, meu genro, Selma Zattar, fomos junto no carro. Nem imaginávamos que, anos depois, nossos filhos iriam se casar.

Outra pessoa muito importante em minha vida é a Vaneli Rodrigues Chaves, mãe de meus netos, Gabriel e Leonardo. Só tenho a agradecer o modo como ela os criou e os educou. Meu filho, José Renato, sempre foi um ótimo pai, mas a mãe é um porto seguro principalmente na vida de meninos.

Minhas irmãs, Maria Cecilia Camargo, casada com Paulo Duarte e Maria Alice Camargo Paciornick, casada com Ney da Silva Paciornick, irmãs e cunhados muito queridos e amorosos.

Mas o prêmio maior fica por conta de minha mãe Isail, que com 96 anos de idade, ainda é a força de nossa família. Mulher lúcida, inteligente, esposa dedicada e mãe amorosa, sempre presente em nossas vidas. É ela que nos inspira e nos faz seguir em frente. Só agradecimentos para esta pessoa extraordinária de quem tenho a honra de ser filha.

Mas, como a vida segue, tive a felicidade de encontrar, quando estava sozinha e me sentindo desamparada, um companheiro que tem sido uma presença constante em minha vida, com sua dedicação, atenção, amor e companheirismo. Me faz rir, me acompanha na minha rotina meio atribulada, me aconselha, me acalma quando estou nervosa. Estou falando do Jayro Ortiz Gomes de Oliveira, homem extraordinário, inteligente, sensível. Também veio com filhos e netos, que me acolheram com carinho e amor. Como não agradecer?

Sou grata também às minhas amigas do Colégio Sion, aos amigos que a vida me deu, aos companheiros de trabalho. Amigos são um bálsamo na nossa vida, preenchendo com carinho e compreensão nossos dias.

Até hoje, trabalho no Hospital São Lucas, agora sobre a direção do Dr. Mauricio M. Centa, e tenho muito orgulho de estar aqui, gozando da confiança do Mauricio. Tenho sorte de encontrar pessoas maravilhosas ao meu redor. É o caso do Mauricio, com quem tenho uma amizade e um carinho muito grande. Por fim, não poderia deixar de mencionar minha grande satisfação em conviver com o Corpo Clinico e funcionários do Hospital.

Lendo e relendo este relato, uma pergunta surgiu. Tive uma vida boa? Sim, não me queixo.

Foi fácil? Foi e não foi. Nunca é fácil. Vivi muitas alegrias, mas também muitas tristezas; muitas realizações, mas também frustações; muitos sonhos realizados, mas muitos sonhos que nunca se realizaram.

Então, me perguntei. O que me leva a levantar todos os dias, alegre e com disposição para o trabalho? Sou Católica, e a resposta que tenho é que minha força vem da minha família e da minha Fé em Deus. São eles que me dão forças para continuar minha jornada.

Agradeço à Ana Amélia Fillizola e ao Luiz Renato Ribas o convite para participar deste Livro de Memórias das famílias curitibanas. Muito obrigada.

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