Chloris Casagrande Justen (2015) Educação – Curitiba – Paraná

Sou filha de Isaura Raymundo Casagrande e José Damian Casagrande. Curitibana, nascida em 15 de setembro de 1.923, mantenho-me na continuidade das minhas atividades de educadora, certa de que os grandes ideais são estrelas que iluminam eternamente a nossa trajetória.

Viúva do Desembargador Marçal Justen, são nossos filhos: Chloris Elaine Justen de Oliveira, Pedagoga, Redatora da Revista Toga e Literatura, Historiadora no Departamento de Memória e Arquivo da Associação dos Magistrados do Paraná, AMAPAR; – Liana Márcia Justen, Mestre em Educação pela UFPR, Pós-Graduada em Educação Ambiental pela Universidade de Valencia/Espanha. Membro da Comissão Interinstitucional de Educação Ambiental do Paraná – CIEA, representante da sociedade civil pela Rede de Educação Ambiental do Paraná; e Marçal Justen Filho, Advogado, Jurista de renome internacional, Doutor em Extenso Campo do Direito, e com ampla e especial produção bibliográfica.

Sonhando ser professora desde a minha infância, sou Pedagoga, com vários cursos de Extensão e Especialização, inclusive no Instituto de Desenvolvimento do Potencial Humano, em Philadelphia-USA, convidada oficialmente para participar do Curso de Extensão Universitária “Como tornar seu filho mais inteligente”, sob a direção de Gleen Donan, cientista e pedagogo de renome em vários campos de ação e de pesquisa.

Ao regressar ao Brasil, em Congresso Internacional de Educação, em Madri/Espanha ao apresentar o Plano de Ação da Formação de Professores da Programação Brasileira, foram confirmados os valores do conhecimento básico do projeto nacional, em desenvolvimento no Paraná, fruto do grupo de estudos daquela época, sob minha orientação e coordenação.

Tendo em vista as considerações pedagógicas de atendimento às dotações de habilidade dos alunos do IEP, paralelamente passei a participar de um estudo de literatura e declamação de poesias, sob a orientação do Professor Erasmo Pilotto, o que me envolveu durante todo o Curso de Professores, levando-me a ser reconhecida como Declamadora,  posição de destaque naquela época, onde os recitais de poesias traziam às capitais, altas personalidades de renome internacional. Em paralelo, fiz o Curso de Piano, no Instituto Menssing.

Ao término do Curso de Professores, mesmo sendo a aluna de maior destaque, enfrentei a primeira luta de gênero. O sistema em vigor estabelecia que onde houvesse um homem, a ele caberia a representação pública. Assim, entre as seis turmas mistas de formandos, no encerramento do curso surgiram debates acirrados. No grupo masculino, estavam também as namoradas, e a força de alguns professores saudando os rapazes na sua luta. Tudo indicava a vitória masculina.  A eleição foi renhida. Mas a diferença feminina era muito significativa e venci o pleito. Perdi, no entanto algumas amigas. Daí por diante os rapazes e as suas seguidoras ameaçavam conturbar a realização da cerimônia. A comemoração da Colação de Grau lotou o Teatro Guaíra: as mulheres de elegantes chapéus e os homens engravatados. A tensão apavorava as formandas de uniforme azul e branco. Contudo a ameaça não se efetivou e, como Oradora, fui aplaudida pela platéia em pé e, na manhã seguinte o discurso estava publicado no Jornal Diário da Tarde. Meu tesouro!

Nessa época os novos professores, pretendentes a uma nomeação para as escolas de Curitiba, deviam lecionar trezentos dias nas cidades do interior, assegurando assim as qualidades do ensino profissional em todo o sistema!

Entretanto a minha nomeação para Balsa Nova levou o Professor Erasmo a oficializar um projeto que seria dirigido por mim, em Curitiba, em uma classe de três series, semelhantes às classes do Ensino Primário, com professor normalista. Assim, passei a lecionar Prática de Ensino do currículo do Curso Secundário, mesmo sendo professora de Curso Primário. Assegurava-se assim a minha competência como professora e, ao mesmo tempo, a minha trajetória de jovem Declamadora.

O projeto alcançou seus objetivos, funcionando com o sucesso previsto. No final do ano letivo, contrariando os planos do Professor, fiquei noiva de um Magistrado, passando a residir, após o casamento, em variadas cidades do Paraná, o que me levou à seguidas transferências e, em conseqüência, à um pedido de exoneração do cargo de professora. Segui minha proposta de Educadora, sem nenhuma renumeração, com atividades em variados campos, onde houvesse faltas administrativas ou pedagógicas.  Eu e meu marido escrevemos peças de teatro, e os pais concorreram com as apresentações. Ensinei disciplinas em colégios, dança de adolescentes em minhas salas, currículos escolares e recuperei aprendizagens.

Com nossa residência em São José dos Pinhais, por uma insistente solicitação da Secretaria de Estado da Educação, acabei concordando em voltar a lecionar, para colaborar na instalação da Escola de Professores Henrique Pestallozzi, de São José dos Pinhais, até então à busca de um Diretor para encaminhar sua administração. Iniciei o trabalho com apenas duas professoras, porém a necessidade de assinar papéis oficiais levou-me a ser nomeada oficialmente e, ao voltar ao sistema Estadual de Ensino, submeter-me ao Concurso de Didática, no qual passei em 1º lugar. A partir daí, seguindo as mudanças da carreira da Magistratura, com a transferência do Juiz para Curitiba e minha nomeação para Diretora Geral do Instituto de Educação do Paraná, fixamos definitivamente residência em Curitiba.

Enfrentando problemas políticos com Atos do AI5, passado o que, fui nomeada Diretora Geral do Instituto de Educação do Paraná, Fundadora e Presidente do Conselho do Magistério do Paraná e Conselheira do Conselho Estadual de Educação, exercendo sua Vice-Presidência por dez anos tendo, durante esse período, representado o Estado em Congressos Estaduais de Educação e Administração Pública. Fui Conselheira do Instituto de Cultura e Arte de Curitiba-ICAC; Conselheira do Conselho Municipal da Condição Feminina de Curitiba e Conselheira do Conselho Superior do Departamento de Pensionistas da Associação dos Magistrados PR, onde sua Revista me considerou “Uma mulher adiante do seu tempo”.

Como Diretora Geral do Instituto de Educação do Paraná, fui Fundadora Presidente e Conselheira do Conselho do Magistério do Paraná e, na mesma oportunidade Conselheira do Conselho Estadual da Educação, tendo representado o Estado em congressos nacionais e internacionais de Educação e Administração. Eleita para Vice-Presidência e, tendo presidido a maioria das atividades por mais de dez anos, recebi dos Conselheiros, o carinhoso título de Vice-Presidente Perpétua do Conselho Estadual de Educação.

Dedicada inteiramente à representatividades inovadoras, fui Conselheira do Instituto de Cultura e Arte de Curitiba – ICAC; Conselheira do Conselho Municipal da Condição Feminina de Curitiba e Conselheira do Conselho Superior do Departamento de Pensionistas da Associação dos Magistrados do Paraná, concorrendo sempre para atualizações de novas propostas sociais e legislações pedagógicas. Quando Diretora do Instituto de Educação do Paraná, levamos a efeito o 1º Congresso Nacional dos Institutos de Educação do Brasil, com a participação de luminares da Educação Nacional que, liderados pelos professores paranaenses, escreveram a Carta do Primeiro e Único Congresso Nacional dos Institutos de Educação do Brasil, cuja proposta final estabelecia a instalação de Conselhos Educacionais em todos os Institutos de Educação Estaduais, como primeira medida incentivadora de uma atualização pedagógica permanente.

Participante dos estudos do Estatuto da Criança e do Adolescente, e integrante de um grupo nacional de sua elaboração, foi da minha autoria o livro “O Estatuto da Criança e do Adolescente e a Instituição Escolar” que, com a Publicação Oficial de 17.000 volumes passamos a ministrar cursos sobre a legislação e sua dinâmica pedagógica em Curitiba e com a Procuradoria Geral do Estado, na maioria dos municípios do Paraná e de vários outros e capitais dos estados do Brasil e, a convite oficial do UNICEF, também em Recife, Roraima e Minas Gerais.  Por esses desempenhos, convidada, passei  a fazer parte da Ordem dos Advogados do Brasil /PR e, integrando a Assessoria Técnica da Associação dos Magistrados e Promotores de Justiça da Infância, Juventude e da Família, passando a ser Consultora de Educação do Centro Brasileiro para a Infância e a Adolescência – CBIA-Pr; para assuntos de Legislação e Normas Educacionais e Administração Pública, na Secretaria de Estado da Educação. Oficialmente minha participação estendeu-se à Consultoria para o Planejamento da Educação nas Creches e Secretarias da Criança e dos Assuntos da Família, do Paraná.

Convidada, ministrei aulas e fiz palestras na Universidade Federal do Paraná e na PUC/PR. Na mesma oportunidade, fui sócia fundadora do Movimento Pró-Paraná/ Órgão Suprapartidário da Assembléia Legislativa. Convidada e empossada na Academia Paranaense de Letras, dei continuidade aos estudos para o Projeto “História do Paraná no Currículo Escolar”, participando da elaboração da Lei Estadual 13.381/01, que determinou um novo tratamento pedagógico ao ensino da História do Paraná no Sistema Estadual de Ensino, com o fim de estabelecer um maior conhecimento da História do Paraná, concorrendo para a formação da cidadania paranaense e maior participação e respeito do Estado no concerto da Nação, com elogios na Deliberação 0607, por ensinar ao mesmo tempo alunos e professores.

Ingressei no Soroptimista Internacional das Américas, quando o Brasil integrava a Região da América do Sul, atualmente Região Brasil, onde ocupei a maioria dos cargos administrativos, tendo sido Conselheira do Conselho de Programas da Federação e fundadora e presidente do Clube Soroptimista Curitiba Batel e do S I Ponta Grossa. Fui Governadora da Região Brasil – SIA, Biênio 2002/2004, tendo planejado e dirigido, em Foz do Iguaçu, o VIII Congresso do Soroptimista Internacional – Região Brasil – Criança, Água e a Salvação do Planeta. Na oportunidade, propus e vi aprovado internacionalmente, com aval da ONU, o Manifesto das Três Fronteiras, de minha autoria, que uniu Brasil, Paraguai e Argentina em ações de incentivo aos poderes públicos dos três países, para medidas punitivas mais drásticas aos crimes de tráfico humano. Essas medidas estão dinamizadas no Paraguai. Continuando Coordenadora do Projeto Manifesto da Tríplice Fronteira junto à Secretaria da Justiça do Paraná, buscando assegurar assim, as propostas nos três países.

Como Vice-Governadora dos Elos Clube – Paraná – Santa Catarina e Presidente do Centro Paranaense Feminino de Cultura instalamos e dirigimos o “Projeto Crianças Pintoras Unindo Brasil Portugal”, com exposições de trabalhos de crianças brasileiras em Portugal e portuguesas no Brasil, em uma grande exposição no Palácio do Governo do Paraná e nas dependências escolares do Brasil e de Portugal.

Na atualidade pertenço às academias Feminina de Letras do Paraná, de Cultura de Curitiba, José de Alencar, Paranaense da Poesia e Sul Brasileira de Letras. Integro o Centro de Letras do Paraná, o Instituto Histórico e Geográfico e várias outras instituições culturais.

Exercendo o décimo segundo mandato de presidência do Centro Paranaense Feminino de Cultura, sou responsável pela construção da sua nova sede própria, transformando a área da propriedade do Centro, de um terreno de 360 m2, para 870 m2 de área construída no mesmo terreno, em um processo de incorporação, no terreno de propriedade do Centro, em um prédio de treze andares, pelo que, em processo de dação, o Centro recebeu três pavimentos, em material de construção nobre, onde se desenvolvem atividades culturais, aulas de arte, literatura, conhecimentos diversificados, biblioteca, teatro, galeria, oficinas e instalações adequadas aos ambientes administrativos, funcionando em permanentes atividades culturais diárias, desenvolvendo planejamentos em variados projetos de destaque comunitário.

Convidada a pleitear uma Cadeira na Academia Paranaense de Letras, fui eleita por unanimidade, sendo a quinta mulher a ingressar na instituição. De imediato, integrei-me à Comissão História do Paraná, permanecendo como sua Coordenadora até o presente.   Instalei e fui Relatora do Anteprojeto “A Academia vai à Escola” que resultou na Lei Nº 13.381/01, que “Torna obrigatório o ensino dos conteúdos da História do Paraná em todas as classes do Ensino Fundamental e Médio do Sistema de Ensino do Paraná”. A Deliberação do Conselho Estadual Del. CEE 07/06, exarou um voto de Louvor à Legislação por promover a aprendizagem de Alunos e Professores.

Eleita, por unanimidade, a primeira mulher Presidente da Academia Paranaense de Letras, Gestão 2015/2016, iniciei meu Plano Gestor, estabelecendo o Jornal Interno “Conversando com a Academia”, de comunicação pela Internet.  Com o apoio da Vice-Governadoria do Estado e da Secretaria de Estado da Educação, em solenidade oficial no Palácio do Governo, comemorando o Aniversário da Emancipação Política do Paraná, em 11/13, assinei a oficialização do projeto “A Academia vai à Escola”, como base no que foi implantado oficialmente na Lei Nº 13.381 no Sistema de Ensino do PR e, na mesma oportunidade, foram assinados, entre a Academia Paranaense de Letras e a Secretaria de Cultura, o Ato Oficial de Intenção da Cessão do prédio conhecido como Belvedere, para ser a sede da Academia Paranaense de Letras, com oficialização prevista para fins de setembro/2019.

Representante da Academia Paranaense de Letras nos congressos regionais das academias dos municípios do interior do Paraná, com pronunciamentos e palestras destacadas e, no II Congresso Nacional das Academias de Letras do Brasil, realizado no Tocantins, fui Coordenadora das Mesas Redondas: 1- O Desempenho das Academias de Letras e 2- O Papel das Academias nas Sociedades Contemporâneas, assunto de meu estudo e publicação.

Na implantação do Projeto “A Academia vai à Escola” recebi o apoio de todas as academias dos municípios paranaenses, manifestação assinada em Congresso, para integração de todas as Academias de Letras do Paraná aos Núcleos Municipais de Ensino, da SEED.  Reeleita por unanimidade ao cargo de Presidente da Academia Paranaense de Letras, para a Gestão 2016/2017  instalei e presidi o XIº  Encontro das Academias de Letras do Paraná, levando a efeito as Comemorações do 80º Aniversário da Academia Paranaense de Letras com uma programação de alta categoria, onde foi assinada a oficialização do termo de dação do uso do edifício Belvedere para a primeira sede da Academia Paranaense de Letras.

Com anteprojeto de minha autoria, foi aprovada a Lei Nº 13. 383/01, que “tornou obrigatório o ensino de conteúdos da História do Paraná em todas as classes do Ensino Fundamental e Médio do Sistema de Ensino do Paraná” e a Lei Nº 18.383/014 que “autoriza o uso do Edifício Belvedere para sede da Academia Paranaense de Letras, desde que mantenha em ação o Projeto de minha autoria “A Academia vai à Escola.”

Foram destaque as publicações dos livros de minha autoria “Jogo de Luz”, poesias; “Essências Transfiguradas”, poesias-obra bilíngüe-inglês; conversando sobre o Soroptimismo, crônicas. Tiveram destaque as publicações das coletâneas “Mulheres Escrevem”, do Centro Paranaense Feminino de Cultura: “Com Justiça e com Afeto” – I e II, das Mulheres da Magistratura; “O Soroptimismo em minha vida”, das “Soroptimistas” de Curitiba; estudos, artigos e ensaios para jornais, revistas e livros com participação de meus estudos.  Inclusive cabe registrar a aprovação com Distinção, sobre a Dissertação de Mestrado, com “A Poesia de Chloris Casagrande Justen : Um Caleidoscópio de Imagens e Memórias”,  Direção da Professora Vanessa M. F. Zanesco –  Orientador  Professor  Dr. Antonio Donizeti da Cruz – UNIOESTE

Finalizando, digo com orgulho que meus queridos filhos me deram preciosidades como meus 9 netos Marçal, Augusta, Lucas, Fernão, Márcio, Sérgio, Ivan, Gil e Cid (in memorian) e meus 12 bisnetos Clara, Alice, Owen, Dante, Maitê, Bruno, Cecilia, Heitor, Joaquim, Leonardo, Rubia Augusta e Ian.

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