Ardisson Naim Akel (2016) Administração – Curitiba – Paraná

Nasci em Curitiba, mas minhas primeiras e vagas lembranças são da casa de meus pais, Naim Akel e Maria de Lourdes Sabbag Akel, em Ponta Grossa. Conosco morava minha avó Bacima e lá nasceu meu irmão Omar.

Ponta Grossa era a cidade da família Akel e de seus parentes: Sallum, Namur, Nastas, Kanawate, Kffury e outros membros da comunidade sírio-libanesa. Meu avô paterno Nagib Akel escolheu o Paraná quando chegou ao Brasil, início do século XX, acompanhado dos filhos mais velhos Zaki e Wasfi. Iniciou um negócio de armarinhos, secos e molhados em Castro e com tudo encaminhado, voltou à Síria para buscar sua esposa e os outros cinco filhos. Infelizmente a Guerra mudou seus planos: o Império Otomano, convocou-o para serviço militar. Com escasso treinamento militar, Nagib Akel não retornou da guerra.

Assim que o conflito se encerrou, Bacima Akel e seus filhos imigraram para o Brasil. No porto francês de Marselha, sua bagagem se extravia: móveis, roupas de cama, mesa e banho, os enxovais das filhas e os AkeI’ chegam ao Brasil com as roupas do corpo.

Ao chegarem finalmente a Ponta Grossa, encontraram uma cidade em festa.  Eram os festejos populares comemorativos, nesse dia 13 de maio de 1918, dos 30 anos da Lei Áurea.

Seu amor por Ponta Grossa começou aí e nunca mais terminou. Nem mesmo quando seus irmãos e suas famílias se mudaram para São Paulo num ambicioso projeto: a criação de duas lojas de tecidos na rua 25 de Março e a compra de uma tecelagem, instalada no bairro do Tatuapé, que abasteceria as lojas, lhes dando forte condição de competitividade. O plano funcionou bem, mas o fim da Segunda Grande Guerra, com a verdadeira inundação de produtos têxteis importados e de baixos preços, complicou a atividade têxtil no Brasil, inviabilizando o projeto de Naim.

Convidado por meu avô materno, Zake Sabbag, bem-sucedido comerciante em Curitiba, meu pai retoma ao Paraná com sua família, aumentada com a chegada do terceiro filho, Ricardo. Naim estabelece loja de tecidos, onde liquida os estoques paulistas e prepara em sociedade com meu avô Zake e meu tio Omar Sabbag a instalação da primeira panificadora moderna da cidade, a Panificadora Curitibana, na rua XV de Novembro. Era um estabelecimento inovador: pães de vários tipos e apresentações, inéditos em Curitiba, como os pães de forma fatiados e embalados, os pães de cachorro-quente e de hambúrguer, doces, etc.  Uma ampla mercearia, com produtos importados como bacalhau, azeitonas, frutas secas e bebidas e os melhores vinhos e destilados do mundo.

O trabalho na panificadora era extenuante. Meu pai acordava às 4:00 horas, fornecia pães às 6:00 horas aos hotéis da cidade e às 6:30 abria as portas ao público, fechando às 23:30. Lá, trabalharam minha mãe, meus tios Thomé e Gebran, eu e meus irmãos.

Foi meu primeiro trabalho, ainda menino. Eu havia concluído o primário no Grupo Escolar Júlia Wanderley, cuidado por nossa “anjo-da-guarda”, a tia Branca Casagrande, noiva de meu tio Omar e tendo passado no Exame de Admissão, fazia o ginásio no Colégio Bom Jesus. Depois das aulas, ia com meu irmão Omar para a “Pani”, para ajudar no que pudesse. Aos 16 anos, a conselho de seu advogado e amigo o dr. Augusto Prolik, meu pai me emancipou, para que eu pudesse movimentar as contas bancárias e substituí-lo em suas viagens.

Detalhe muito importante: apesar de contar com nossa ajuda, nossos pais nunca se descuidaram de nossa educação e apesar das dificuldades financeiras, nos proporcionaram a melhor educação disponível. Omar e eu, cursamos o Bom Jesus e depois o Colégio Estadual do Paraná. Os mais novos, o Colégio Medianeira. Todos escolhemos livremente nossas profissões, desde que fizéssemos Cursos Superiores, por exigência do nosso pai. Assim, me formei em Direto na Universidade Federal do Paraná, Omar em Arquitetura, Ricardo em Medicina, Naim em Psicologia e Zaki em Administração.

Recordo o orgulho de meus pais quando cheguei na Panificadora todo pintado e de cabelo raspado, no trote da faculdade de Direito, após ter passado “de cara” no vestibular. Éramos os “Calouros do Cinquentenário” e lá consolidei a amizade com grandes colegas, como Elias Eduardo Tacla, Gabriel Sampaio, Luiz Carlos Souza de Oliveira, Jorge Kalluf Sobrinho, José Carlos Lins Santos, Paulo Hapner, Altamir Frederico Schmidt, Miguel Nasser Filho, Carlos Raul Costa Pinto e muitos outros.

O orgulho foi o mesmo quando fui de me ver como o Orador da Turma, na formatura dos Oficiais da Reserva de 1965 do CPOR de Curitiba, onde cursei a Arma de Infantaria. De lá, guardei a amizade de muitos colegas, cujos nomes de guerra ainda ressoam: Montes, Muricy, Joelson, Tacla, Gabriel… E inesquecível foi nosso Baile de Formatura, no Palácio Iguaçu, num evento único na história do Paraná.

Ainda cursando Direito, aceitei um convite de meus tios Zake Sabbag Filho e Thomé Sabbag para comprarmos uma indústria de confecções com meu tio Gebran e meu irmão Omar. Eu me encarregaria da parte comercial e o título de Diretor Comercial “enfeitava” a condição de vendedor. Me empenhei na “Dinâmica” e acabei, ao longo dos anos, adquirindo as partes de meus tios e irmão, reformulando o negócio inicialmente projetado para produzir uniformes empresarias (daí o nome Dinâmica), passando a produzir calças jeans e moda infantil e feminina.

Na Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas, fiz Pós-Graduação em Administração de Vendas e Marketing.

No retorno a Curitiba, fui convidado a lecionar essas cadeiras na FAE. Lecionei, inicialmente, no curso de Sociologia, Política e Administração Pública, em 1969 e posteriormente na primeira turma do Curso de Administração, tendo montado o primeiro Programa da Cadeira que chamamos “Administração de Vendas/Marketing”. Pude lecionar com grande prazer também no curso de Administração para Graduados da FAE e em outras instituições, iniciando a apresentação do intrigante nome de “marketing”, desconhecido para a maioria das pessoas.

Em 1970, casei com Vera Lúcia Dudek, com quem tive dois filhos: Naim Akel Neto e Michelle Heloise Akel. Naim Akel Neto é administrador de empresas, formado pela UFPR e Advogado, atua na gestão de empresas de nosso grupo; exerce atualmente também as funções de Vogal da Junta Comercial do Paraná e membro do Conselho de Contribuintes.do Município de Curitiba. Casado com Gerusa Vanessa Conte é pai de Jorge Conte Akel.   Michelle Heloise Akel é advogada e mestre em Direito pela UFPR, com especialização em Direito Tributário. É sócia do Escritório Augusto Prolik e preside o Instituto Paranaense de Direito Tributário, atuando também na OAl:3-Pr. Casada com o advogado André Bonat Cordeiro, é mãe de Léo Akel Bonat Cordeiro e de Lara Akel Bonat Cordeiro. Meus filhos e netos são fonte inesgotável de alegrias e felicidade para mim.

Hoje, estou casado com a musicista Fabíola Regina Bach de Andrade, criadora e diretora da Orquestra Ladies Ensemble, que me dá igualmente muitas alegrias.

Sempre dedicado à atividade empresarial, atuei também no Direito e na Consultoria Empresarial em atividades associativas e de representação social, retornando à sociedade os benefícios que dela recebi, seguindo os ensinamentos e exemplos de meu pai Naim e de minha mãe Maria de Lourdes. Desde jovem, participei de entidades como o CECEP, Grêmio Clóvis Bevilácqua, Associação Acadêmica Correa Lima, União Paranaense dos Estudantes, de que fui Vice-Presidente. Também participei do Rotary Club Curitiba Leste.

A convite da presidente Maria Cristina de Andrade Vieira participei da diretoria da Associação Comercial do Paraná. Sucedi ao presidente Eduardo Guy de Manuel, presidindo a ACP no período 96/98. À frente de ilustre diretoria, com outros futuros presidentes como Jonel Chede, Cláudio Slaviero.

Virgílio Moreira, Edson Ramon, procedemos ao ‘retrofit’ do prédio da Rua das Flores. Criamos a Revista do Comércio, a Universidade Livre do Comércio e implantamos a Arbitac – Câmara de Mediação e Arbitragem, criada pelo presidente Guy de Manuel. Mantenho-me ativo na ACP, participando de seu Conselho Superior na condição de Ex-Presidente e colaborando com a gestão do Presidente Gláucio Geara.

A ACP teve papel significativo na discussão dos temas palpitantes da cidadania e do paranismo, como o lançamento de campanha pela criação do Tribunal Regional Federal em nosso Estado, atuando na Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Paraná, a FACIAP.

Presidi a Faciap em 4 mandatos, sucedendo a Farage Khury e sendo sucedido e posteriormente sucedendo a Jefferson Nogarolli. Foi igualmente uma experiência enriquecedora. Viajei todo o Paraná, visitando Associações Comerciais e Coordenadorias, conhecendo a força do associativismo e me apaixonando cada vez mais por meu Estado, liderando figuras importantes, dando estrutura moderna e eficiente ao Serviço de Proteção de Crédito em base estadual, integrando os SPCs dos diversos municípios paranaenses e ao SCPC nacional. Implantamos também o IPPEX, provendo serviços de comércio exterior, inclusive a emissão de Certificados de Origem em todo o estado. Com grande satisfação recebi de meus companheiros o título de Presidente da Honra da Faciap e lá ainda atuo como Conselheiro Vitalício.

Também fui Vice-Presidente da Federação das Indústrias do Paraná – FIEP, na qual coordenei o Conselho de Comércio Exterior. Fui ainda vice-presidente da CACB – Confederação de Associações Comerciais do Brasil, e como representante dessa entidade, conselheiro nacional do SEBRAE. Participei do Conselho de Administração da Fomento Paraná e do Conselho Fiscal da Celepar.

Por indicação de meu amigo Abdo Dib. Abagge, cônsul da República da Síria, fui homenageado pela Ora. Farida Jaïdi, Embaixadora do Reino de Marrocos com a designação como Cônsul Honorário do Reino de Marrocos para o Estado do Paraná.

Em 2011, a convite do sr. governador assumi a presidência da Junta Comercial do Paraná, com a missão de modernizar a Junta e desburocratizar os serviços do registro empresarial em nosso estado. Implantamos um amplo programa de informatização da Jucepar e assumimos o desafio de implantar a REDESIM – Rede de Simplificação e Desburocratização do Registro Empresarial no Paraná. Enquanto presidente da Jucepar, presidi a FENAJU – Federação Nacional de Juntas Comerciais do Brasil, liderando e coordenando as atividades das demais juntas e seu relacionamento com os órgãos federais da área.

Concluída minha missão à frente da Junta Comercial do Paraná, retorno à minha condição de empresário e empreendedor e ao meu escritório de Consultoria Jurídica e Empresarial.

Sou um apaixonado por meu Estado e por meu país e pretendo continuar a exercer meus talentos com grande empenho, trabalhando em favor de nossa gente.

Afinal, como disse Khalil Gibran, “quando trabalhamos com amor, nós nos unimos a nós mesmos e uns aos outros e a Deus, pois o trabalho é o amor feito visível”…

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