Sou baiano de Macaúbas, nascido em 1945, filho de Losano Antônio de Lelis e Atília Neves de Lelis.
Meu pai era descendente de italianos, até falava italiano em casa com meu avô Miguel Lelis. Minha mãe era descendente de portugueses, da família Neves, da divisa da Bahia com Minas Gerais.
Meu pai trabalhava com madeira lá na Bahia, fazendo carro de boi, portas, móveis etc, mas acabou perdendo tudo com a doença de minha irmã Sebastiana, na época ainda menina.
Tinha 17 anos, quando vim para São Paulo, em busca de tratamento de estrabismo dos olhos.
Meu primeiro emprego, ainda adolescente, em São Paulo foi como faxineiro, num restaurante famoso, o Gighetto, de italianos que já morreram.
Após um ano lavando louça, ajudando na cozinha, o cozinheiro disse aos italianos, donos do restaurante, que eu tinha jeito para cozinhar, que eu tinha futuro. Então, depois me passaram para a copa onde se faziam sobremesas e saladas, onde fiquei lá por três a quatro anos.
Com o passar do tempo, fui promovido para o salão como garçom, já tendo contato, então, com os clientes e com isso, passei também a ajudar na organização do movimento do restaurante.
O Giovani Bruno que era garçom no Gighetto, restaurante famoso porque era o local preferido da madrugada pelos artistas da televisão, do teatro e de jornalistas da grande imprensa, resolveu abrir uma cantina e eu, mesmo sem ser convidado, fui à inauguração.
A casa estava tão lotada que acabei ajudando a servir as mesas, com pães, refrigerantes, bebidas. E ao final da noite, lá pelas cinco horas da manhã, o Giovani Bruno acabou me convidando para trabalhar com ele na cantina. E, não resisti ao convite, pois gostava de todo mundo de lá onde fiquei por um bom tempo.
Um dia, o cozinheiro derrubou óleo na cozinha pondo fogo, acidentalmente, em tudo. Não sobrou nada.
Na rua próxima à cantina, havia um outro restaurante, bem montado, de uns italianos, mas estava meio falido. Então, o Giovani Bruno e seus sócios, não perderam a oportunidade e compraram a casa e se mudaram para lá. E, eu fui trabalhar lá novamente com o Giovani, onde fiquei 10 anos, como garçom.
Mais tarde, o Pierre, um garçom amigo meu, montou uma cantina e me chamou para ser sócio, com 10% e eu fui para organizar as compras e o atendimento aos clientes no salão do restaurante. Foi quando, apareceram três portugueses que compraram o restaurante por um US$ 1 milhão de dólares.
Em seguida, montamos outro restaurante no Jardim Paulista e o vendemos de novo. Compramos outra casa e montamos outro restaurante, mas, acabei ficando de fora da sociedade, desempregado. Então, apareceu um cliente que me ofereceu um imóvel, embora pequeno, que comprei e montei a Cantina do Lelis.
O tempo foi passando e com apoio dos jornalistas famosos, eu consegui uma clientela enorme e fiel, com a casa sempre lotada, desde cedo até as 5 horas da manhã. Por isso, ampliamos a casa, como pudemos e nessa época um irmão, Manoel, que era meu sócio, ficou doente. Vendi a casa e dei a parte dele.
Abri novamente outro restaurante, o Lelis Trattoria, na rua Bela Cintra e chamei meu filho mais velho, o Adriano, depois o Fábio e, com isso, cheguei a ter 5 restaurantes em São Paulo, com a minha marca.
Há 20 anos, um pessoal queria montar o Lelis Trattoria em Curitiba, concordei e fiquei com 30% do negócio. Durante seis meses fiquei na administração. Mas com o meu retorno a São Paulo, para atender meus negócios lá, o restaurante de Curitiba começou a decair em qualidade, perdendo clientela. Por isso, resolvi comprar a parte dos sócios e voltei a Curitiba para tocar novamente o restaurante, trazendo meu filho Fábio comigo. Reformei a casa, fiz propaganda e trouxe os clientes de volta e o Lelis Trattoria voltou a ser um sucesso, registrado nas paredes por centenas de fotografias de artistas, políticos, jornalistas, médicos, engenheiros, enfim, profissionais famosos não só do Paraná, mas do Brasil. Ver e conferir.
Depois montei um outro restaurante em Campinas. Construí o prédio com 700 m2, conforme eu desejei e coloquei o meu filho Fábio para administrar, já pensando no futuro. Nessa época, meu filho Adriano faleceu em São Paulo e precisei que o Fábio viesse tocar o restaurante da Bela Cintra com um rapaz que era meu sócio em 10%. Mas depois de um ano e pouco, precisei fechar a casa de Campinas por falta de movimento. Fechei e está fechada até hoje, talvez um dia, eu volte a abrir novamente.
Nós somos em treze irmãos, eu sou segundo da família, e alguns trabalham comigo e outros eu ajudei a vida toda. A minha vida foi sempre de trabalho, sem feriado ou descanso, sempre trabalhando.
Casei-me em 3 de janeiro de 1970, com Ana, minha primeira mulher, e tivemos três filhos. Um deles, Marcelo, morreu novinho e outro, o Adriano, faleceu, em 2013, me deixando três netos: Adriana, 28 anos, Juliana, 25 anos e Amanda Mancini, 18 anos. Fábio me deu uma neta, a Ana Luisa.
Eu tenho muita gente para ajudar. A família é grande, mas tem alguns que estão bem. Não ligo para dinheiro e sempre ajudei todo mundo da família, a pedido de meu pai, mas agora quero trabalhar menos, pois estou com problemas na coluna, que operei duas vezes e não deu certo.
Sou casado com Iasmine Rabelo, dentista, uma moça curitibana que de me deu uma filha, a Emilly. E estou feliz com tudo que fiz em minha vida.