Mengarelli é de poucas palavras, mas elas são suficientes para ter a certeza de que ele é mais brasileiro do que argentino. Sotaque, essa é a primeira coisa que notamos em Hugo Mengarelli. Há mais de 35 anos morando no Brasil, já domina a língua portuguesa há um bom tempo, mas não quer perder as raízes argentinas. “Quando vim pra cá, tinha dificuldade, agora eu tento falar com pouco sotaque. Às vezes dá certo”.
Cinema é uma das paixões de Hugo. O seu primeiro filme, ”Roça”, foi lançado em 1984, mas engana-se quem acha que ele foi produzido em 1984. “A gente começou a filmar Roça em 1981, mas tivemos muita dificuldade na produção”. A falta de recursos alongou a estreia do filme, ocorrida na Cinemateca de Curitiba. Um desses momentos marcantes para Hugo foi quando a polícia impediu a equipe de gravar uma cena, “Todo mundo estava pronto, íamos gravar na Rua das Flores, aí de repente quando olhamos lá estava a polícia falando que não podíamos utilizar o espaço”, conta Mengarelli.
“Ele pegava pesado com a gente, posso falar: aprendi tudo que sei com ele”. É assim que o ex- aluno e hoje diretor de cinema Cesar Pereira define o ex-professor e colega de profissão. “Hoje eu valorizo tudo que ele me disse e aplico nos meus filmes”.
Às vezes é complicado conviver com o diretor, cineasta e o professor Mengarelli. O filho, Rodrigo Mengarelli, confirma o gênio forte e a tendência a transferir o comportamento profissional para a vida cotidiana. Hugo, às vezes, torna-se autoritário e transpõe seu comportamento profissional para a convivência na família. “Às vezes ele esquece que é pai e fala comigo como diretor. É engraçado quando ele nota isso”.
Para Hugo, teatro é uma profissão complicada nos dias de hoje. “Viver de arte é complicado. Tem atores da companhia que tem outros trabalhos, outras profissões, é assim em vários lugares”. Perguntado sobre um artista do teatro com o qual tem orgulho de ter trabalhado, cita Lala Schneider, a dama do teatro paranaense.