Sou uma pessoa que veio da Europa. Nasci na Itália, em Valli Del Pasubio, província de Vincenza, no dia 31 de agosto de 1944 e a minha família resolveu imigrar para o Brasil porque a minha mãe já tinha primos que vieram para cá na época da Primeira Guerra Mundial e aí tinha um ponto de apoio porque na época do meu nascimento e o meu pai infelizmente lutou na guerra durante seis anos de 39 a 45 na África na Abissínia e graças a Deus eu pude conviver com meu pai e o resto da vida dele até ele falecer aqui em Curitiba.
Tem um fato contado pela minha mãe. Possivelmente poderia nem estar aqui porque num daqueles ataques nazistas onde minha mãe morava na cidade de Cidadela e eu recém-nascido, deveria ter 3 meses, e minha mãe me perdeu na corrida para fugir das bombas. Ela me perdeu na neve. E por coincidência alguém me achou e me entregou de novo para minha mãe e hoje tô aqui…
Meu pai quando veio pro Brasil ele deve ter sido o primeiro designer de calçados italianos que aportou aqui e ele teve a oportunidade de trabalhar com meu avô que era da Toscana na criação de calçados e botou aqui no Brasil uma fábrica chamada Calçados Palmerini. Nesse período eu estudava e tive a oportunidade de me formar técnico em Contabilidade por um dos piores colégios da época, o Paternon.
Já adolescente, gostava muito de futebol e comecei a treinar no Ferroviário, no Primavera e no Bloco Morgenau levando a chuteira debaixo do braço. Quando a pessoa pergunta por que você parou de jogar futebol profissional se você era um bom atleta? Eu parei por várias razões. Graças a uma distensão de virilha incurável aparentemente naquela época. Mas continuei jogando, ainda, amistosamente com amigos amadores.
Aos 18 anos meu primeiro emprego foi no banco Lar Brasileiro, mais tarde Chase Manhattan.
Na época a gente só tinha a oportunidade de namorar e para qualquer tipo de relacionamento tinha que casar e aí que que eu fiz? Casei com 20 anos e tive a primeira filha aos 23 anos. E posteriormente me separei dessa pessoa, Reini, que hoje é minha amiga que é mãe dos meus dois primeiros filhos do Silvio e da Silvana. O Silvio é um dos donos da banda Nega Fulô que é uma banda que todo mundo gosta aqui em Curitiba.
Mais tarde fiz um curso para árbitro de futebol cuja sorte me favoreceu pois acabei sendo o árbitro mais novo do Brasil. E tive a felicidade aos 23 anos, em 1968, ser empossado como árbitro pela Federação Paranaense de Futebol. E o primeiro jogo que apitei foi na velha baixada do Atlético.
Tive também a oportunidade de ser um dos três árbitros escolhidos na época para o torneio “Roberto Gomes Pedrosa”. Então para mim essa função profissional, em termos de arbitragem, foi uma coisa fantástica porque naquela época que começou nos meus 23 anos e foi até os 40 foi uma coisa fantástica para mim graças a Deus.
E tive a oportunidade de poder sair da arbitragem com o nome honrado, para cuidar de minha empresa.
Hoje o ponto cultural da arbitragem caiu demais.
Depois da minha separação, em 1970, eu conheci uma pessoa chamada Leila do Rocio Santos Nascimento. Essa moça não tinha 20 anos eu já tinha 32 e tive a oportunidade de ficar com ela e constituir uma nova família da qual eu tenho dois filhos. E aí conhecer essa pessoa que era uma apaixonada por turismo e acabei saindo da minha profissão anterior, do meu restaurante “La Bottigla” lá no Alto da Quinze e fui trabalhar com turismo. Iniciei uma nova oportunidade com essa minha esposa atual e começando com uma pequena agência de turismo na Praça Osório. E hoje ela se tornou uma empresa com 300 funcionários com 18 pontos de vendas o Brasil e está entre as dez maiores empresas do ramo no Brasil, iniciada em 1972, a Brementur, que foi a pioneira na criação de pacotes para Disney.
Fui presidente da MAPFRE, presidente do Sindicato, presidente da Associação de Criadores e Proprietários de Cavalos de Corridas do Paraná, presidente do Jockey Club Paraná de 2001 2003, do qual sou conselheiro nato. E aí, por uma questão de consciência e coerência, eu nunca quis mais participar da eleição do Clube, porque independente do Jockey Club sempre ter passado por dificuldades financeiras dentro da minha gestão a gente fez um trabalho de recuperação muito grande na época.
Fui picado pela mosca…. e comecei a criação de cavalos no Haras Palmerini. Foi uma criação profissional como tem que ser. E aí já passaram muitos anos e eu ganhei inúmeros clássicos no Brasil e no Paraná como o “Criadores”, o “Primavera” e entre tantos craques criados, surgiu o Vitalino Mestre um cavalo espetacular, Tríplice Coroado detentor de dois recordes. Graças a Deus tenho que me considerar uma pessoa extremamente feliz.
Voltando ao turismo, eu sou um dos três membros da IATA no Brasil onde tenho um posicionamento nacional que muito me orgulho e essa realmente é a minha posição profissional a nível de trabalho. E mesmo com 71 anos de idade eu vou continuar trabalhando e se faz parte do meu desafio eu espero que realmente meus filhos continuem nessa profissão.
Em relação a minha vida profissional no futebol, como árbitro, nós tivemos várias situações não só de constrangimento, mas de uma certa amargura. A principal delas foi a morte do jogador Valtencir em campo, ele que foi um atleta de seleção brasileira fraturando a coluna na parte do pescoço morrendo instantaneamente. O jogo, em Maringá, foi interrompido. Houve uma situação de comoção coletiva.
No turismo ocorreu uma situação inusitada. Numa ocasião tínhamos 800 passageiros para embarque para Miami, julho de 1986, pela Aerolineas Argentinas, que a última hora entrou em greve. Imediatamente mobilizei dezenas de ônibus e os meus passageiros foram para Assunção de onde voaram para Miami. No fim dessa história, no mês de julho, graças a Deus teve passageiro que ficou cinco,seis, sete, dez dias a mais. Tudo por nossa conta e todo mundo feliz, satisfeito.
Eu continuo, mesmo com 71 anos de idade, procurando fazer o meu papel dentro da sociedade trabalhando no dia a dia. Com muito gosto e vou continuar trabalhando. Eu tenho um posicionamento no mercado nacional e isso muito me orgulha.
Espero que meus filhos também se orgulhem mim. Coisa que não contei ainda. Eu na realidade tenho 5 filhos. Eu tenho a Silvana que é a primeira mulher, dona de casa, o Sílvio que é o dono da banda Nega Fulô, tem o Fábio fruto, nesse intervalo do meu descasamento. Tenho o Luciano Palmerini e o Eraldo Palmerini Filho, que trabalham comigo, meus outros dois filhos da Leila. Minha mulher uma pessoa ainda jovem e de altíssimo nível que me ajudou profissionalmente a ter o que hoje tenho. Ela me ajudou de todas as maneiras e estou com ela há mais de 40 anos.
Estou muito feliz de manter essa minha família muito unida e muito profissionalmente falando. Extremamente profissional e espero que continue assim. Que isso fique na minha memória.
Eu tenho quatro netos: a Juliana que é advogada, o Luca que é design e a Isabela e a Antonela, recém-nascida, que está com cinco dias, filha do Luciano
Essa é a minha vida.