Helmuth Kampmann (2015) Comércio – Curitiba – Paraná

Sou nascido, criado e mal educado em Curitiba no estado do Paraná,brasileiro. Por que mal-educado?  Porque eu fui criado na rua a partir dos 6 anos até os 10 anos, 11 anos então era praticamente um menino de rua. Voltava para casa, fazer as refeições, dormia, ia para escola e, depois, o tempo todo fazendo brincadeiras na rua. Soltava raia, ia correr atrás de balão,  ia tomar banho no Barigui, naturalmente naquela época todo mundo pelado. Nada de calçãozinho, não. E, assim, fui desenvolvendo e crescendo em Curitiba.

Bem eu queria, depois de uma certa idade, trabalhar. Eu queria ganhar um dinheirinho. O meu pai já era estabelecido com uma indústria no Bigorrilho, onde moíamos pedras para fins de revestimento. A profissão de meu pai era pedreiro. Ele aprendeu essa profissão de pedreiro em Curitiba e dali pra frente ele continuou lutando para criar produtos novos para   que a indústria crescesse em Curitiba.

Eu tenho alguns episódios então desta primeira fase da minha vida que eu achava interessante e contar para vocês quando estourou a guerra em 1939. Em casa nós já tínhamos o rádio e meu pai e meu avô, ouviam notícias da Alemanha  o que se comentava sobre a guerra. No Brasil, os comentários nesse momento  pareciam até que o Brasil ia entrar na guerra junto com o pessoal do Eixo,  Alemanha Itália e Japão porque era aqui uma ditadura em 1942. E o Brasil  decidiu entrar na guerra contra Alemanha alegando afundamento de alguns navios na costa brasileira por submarinos alemães. Há quem duvide disso.

E aí complicou a vida dos descendentes de alemães que moravam no Brasil, mais tarde também dos japoneses. Meu pai foi preso três vezes, meu avô e meus tios duas vezes. Meu pai e meus tios ficavam presos sete dias e meu avô  apenas dois ou três dias. A acusação era pelo simples fato de estarem escutando o rádio da Alemanha, sobre a guerra.

Prisões essas sob denúncias de vizinhos, alguns que não gostavam de alemães, principalmente os vizinhos poloneses e ucranianos ali no Bigorilho. Foi uma época difícil, para nossa família, até o fim da guerra em 1945, cujas prisões eram rotineiras, porém, pacificas.

Aliás, numa delas, minha mãe perguntou ao soldado, se ele tinha algum papel, uma ordem escrita de prisão e ele simplesmente mostrou um revolver 32 ou38 ou por aí. Minha mãe quase desmaiou. Na época eu tinha apenas 9 anos de idade.

As perseguições naquele tempo eram muitas, com quebra-quebras contra o comercio e indústria explorados por alemães e até mesmo os clubes, como o Concordia, Rio Branco e Duque de Caxias também foram molestados.

Meus estudos começaram no Jardim de Infância da Divina Providência lá na Rua do Rosário, levado por minha mãe, Julia, que também frequentou as aulas na Divina Providência e acabou falando alemão, ensinado por uma freira, bem melhor do que o meu pai, Carlos, nascido em Dusseldorf, na Alemanha e aos 12 anos veio para Curitiba. Minha mãe era curitibana. Eles se conheceram na rua Saldanha Marinho e se casaram em 1932.

     Mas foi em 1939, que comecei propriamente a estudar num colégio, o “19 de Dezembro”, na rua Desembargador Motta. Mas quando o Brasil entrou na guerra, a coisa complicou um pouco, por que algumas crianças, no recreio, me chamavam de “quinta coluna”, por ser descendente de alemães.

Estudei no no Ginásio Paranaense, mais tarde Colégio Estadual do Paraná, ainda no prédio velho da Ebano Pereira, por coincidência nossa firma viria prestar serviços de revestimento e fachada quando o Estadual se mudaram para a João Gualberto

Vamos contar também um pouco da história do meu pai que chegou no Brasil em 1921 em São Francisco do Sul, quando ele e outros passageiros alemães perceberam que não era a cidade do destino, São Francisco da Califórnia. Ele, seu irmão e seus avós, foram para Joinville onde ficaram por três anos. Depois arrumaram um emprego numa fazenda em Campos Novos, com direito a hospedaria, um porco, um cavalo e uma vaca. E foi com a venda desses animais que eles conseguiram vir para Curitiba.

O primeiro emprego do meu pai,  foi trabalhar no açougue da família Garmatter. Mas um dia com fome, não resistiu e cortou um pedaço de salame, o suficiente para perder o emprego. Mas um cidadão alemão tinha uma turma de construção e viu que meu pai tinha jeito para pedreiro o levando para o revestimento do prédio da Sul América, na Rua XV e depois foi trabalhar no muro do Graciosa Country Club.

Meu pai sempre queria fazer alguma coisa além de ser pedreiro ele precisava fazer mais alguma coisa aqui né. Então a primeira coisa que ele achou foi um barro amarelo, argila amarela, dela foi feita a oca, tinta para pintura de casa e depois de muitos episódios, nascia a firma Carlos Kampmann, indústria e comercio de Calcários, iniciada na nossa casa no Bigorrilho e terminando, com sede própria em Itaperuçu.

Eu 1948, no Colégio das Normalistas, à noite fiz o  ginásio misto e lá na primeira formatura de ginásio me convidaram para ser o orador da turma. Fui, depois, para o curso de contador na Escola Técnica de Contabilidade.  E dali eu queria muito fazer Direito. Meu pai disse:” meu filho quando crescer vai ser advogado!” Só que eu fui fazer o vestibular de Direito aqui não passei. Acabei me formando em Ciências Econômicas em 1956

Eu queria ser aviador o que é que eu fiz? Sem meu pai e minha mãe saberem fui lá na base aérea do Bacacheri, me inscrever  para um curso de aviação no interior de São Paulo. Mas eu tinha que fazer primeiro aqui exames de saúde e  depois ir para lá fazer o teste final. Era perto do fim do ano. Daí eu tive que contar para minha mãe que no meu exame de saúde tinha sido aprovado e o teste final seria em  Pirassununga, interior de São Paulo, numa auto escola. Meus pais me fizeram desistir.

A principal atividade da firma era a moagem de minérios e o granito cinza foi substituído pela massa raspada. Nos primeiros grandes edifícios de Curitiba foram todos eles revestidos com a massa raspada. Só mais tarde é que entrou a pastilha de porcelana fazendo o revestimento externo. Daí só se fazia as partes dos fungos nas laterais dos prédios.

Ainda nos anos 50, por volta de 1953, coube a nossa empresa os serviços revestimento de massa raspada do novo hipódromo do Tarumã, uma arquitetura arrojada do engenheiro Edmir Silveira D’Avila, no ano do centenário do Paraná.

Bem nós tínhamos a Pedreira em Itaperuçu e a indústria de moagem era em Curitiba. As pedras todas eram levadas de caminhão para lá de lá para cá. Depois nós construímos a indústria lá em Itaperuçu quando o governo nos garantiu que levaria a energia elétrica Copel para lá, o que aconteceu.  Só tinha uma indústria. Eles levaram a energia elétrica lá para fazer um pouco de campanha eleitoral pondo  luzes nas casas da Vila.

Do meu primeiro casamento em 54, nasceu a minha primeira filha Cristina, que é juíza de Direito e a outra Juliana, trabalha numa empresa terceirizada da Prefeitura de Curitiba. Em 1974 casei com Regina Maria Guimarães, mãe de duas filhas Vera e Denise. Estamos casados há 41 anos. Hoje temos seis netos, Eduardo, Felipe, Maria Fernanda, Carlos Roberto, Henrique e Ana Carolina e um bisneto, o Francisco.

Sou nascido, criado e mal educado em Curitiba no estado do Paraná,brasileiro. Por que mal-educado?  Porque eu fui criado na rua a partir dos 6 anos até os 10 anos, 11 anos então era praticamente um menino de rua. Voltava para casa, fazer as refeições, dormia, ia para escola e, depois, o tempo todo fazendo brincadeiras na rua. Soltava raia, ia correr atrás de balão,  ia tomar banho no Barigui, naturalmente naquela época todo mundo pelado. Nada de calçãozinho, não. E, assim, fui desenvolvendo e crescendo em Curitiba.

Bem eu queria, depois de uma certa idade, trabalhar. Eu queria ganhar um dinheirinho. O meu pai já era estabelecido com uma indústria no Bigorrilho, onde moíamos pedras para fins de revestimento. A profissão de meu pai era pedreiro. Ele aprendeu essa profissão de pedreiro em Curitiba e dali pra frente ele continuou lutando para criar produtos novos para   que a indústria crescesse em Curitiba.

Eu tenho alguns episódios então desta primeira fase da minha vida que eu achava interessante e contar para vocês quando estourou a guerra em 1939. Em casa nós já tínhamos o rádio e meu pai e meu avô, ouviam notícias da Alemanha  o que se comentava sobre a guerra. No Brasil, os comentários nesse momento  pareciam até que o Brasil ia entrar na guerra junto com o pessoal do Eixo,  Alemanha Itália e Japão porque era aqui uma ditadura em 1942. E o Brasil  decidiu entrar na guerra contra Alemanha alegando afundamento de alguns navios na costa brasileira por submarinos alemães. Há quem duvide disso.

E aí complicou a vida dos descendentes de alemães que moravam no Brasil, mais tarde também dos japoneses. Meu pai foi preso três vezes, meu avô e meus tios duas vezes. Meu pai e meus tios ficavam presos sete dias e meu avô  apenas dois ou três dias. A acusação era pelo simples fato de estarem escutando o rádio da Alemanha, sobre a guerra.

Prisões essas sob denúncias de vizinhos, alguns que não gostavam de alemães, principalmente os vizinhos poloneses e ucranianos ali no Bigorilho. Foi uma época difícil, para nossa família, até o fim da guerra em 1945, cujas prisões eram rotineiras, porém, pacificas.

Aliás, numa delas, minha mãe perguntou ao soldado, se ele tinha algum papel, uma ordem escrita de prisão e ele simplesmente mostrou um revolver 32 ou38 ou por aí. Minha mãe quase desmaiou. Na época eu tinha apenas 9 anos de idade.

As perseguições naquele tempo eram muitas, com quebra-quebras contra o comercio e indústria explorados por alemães e até mesmo os clubes, como o Concordia, Rio Branco e Duque de Caxias também foram molestados.

Meus estudos começaram no Jardim de Infância da Divina Providência lá na Rua do Rosário, levado por minha mãe, Julia, que também frequentou as aulas na Divina Providência e acabou falando alemão, ensinado por uma freira, bem melhor do que o meu pai, Carlos, nascido em Dusseldorf, na Alemanha e aos 12 anos veio para Curitiba. Minha mãe era curitibana. Eles se conheceram na rua Saldanha Marinho e se casaram em 1932.

       Mas foi em 1939, que comecei propriamente a estudar num colégio, o “19 de Dezembro”, na rua Desembargador Motta. Mas quando o Brasil entrou na guerra, a coisa complicou um pouco, por que algumas crianças, no recreio, me chamavam de “quinta coluna”, por ser descendente de alemães.

Estudei no no Ginásio Paranaense, mais tarde Colégio Estadual do Paraná, ainda no prédio velho da Ebano Pereira, por coincidência nossa firma viria prestar serviços de revestimento e fachada quando o Estadual se mudaram para a João Gualberto

Vamos contar também um pouco da história do meu pai que chegou no Brasil em 1921 em São Francisco do Sul, quando ele e outros passageiros alemães perceberam que não era a cidade do destino, São Francisco da Califórnia. Ele, seu irmão e seus avós, foram para Joinville onde ficaram por três anos. Depois arrumaram um emprego numa fazenda em Campos Novos, com direito a hospedaria, um porco, um cavalo e uma vaca. E foi com a venda desses animais que eles conseguiram vir para Curitiba.

O primeiro emprego do meu pai,  foi trabalhar no açougue da família Garmatter. Mas um dia com fome, não resistiu e cortou um pedaço de salame, o suficiente para perder o emprego. Mas um cidadão alemão tinha uma turma de construção e viu que meu pai tinha jeito para pedreiro o levando para o revestimento do prédio da Sul América, na Rua XV e depois foi trabalhar no muro do Graciosa Country Club.

Meu pai sempre queria fazer alguma coisa além de ser pedreiro ele precisava fazer mais alguma coisa aqui né. Então a primeira coisa que ele achou foi um barro amarelo, argila amarela, dela foi feita a oca, tinta para pintura de casa e depois de muitos episódios, nascia a firma Carlos Kampmann, indústria e comercio de Calcários, iniciada na nossa casa no Bigorrilho e terminando, com sede própria em Itaperuçu.

Eu 1948, no Colégio das Normalistas, à noite fiz o  ginásio misto e lá na primeira formatura de ginásio me convidaram para ser o orador da turma. Fui, depois, para o curso de contador na Escola Técnica de Contabilidade.  E dali eu queria muito fazer Direito. Meu pai disse:” meu filho quando crescer vai ser advogado!” Só que eu fui fazer o vestibular de Direito aqui não passei. Acabei me formando em Ciências Econômicas em 1956

Eu queria ser aviador o que é que eu fiz? Sem meu pai e minha mãe saberem fui lá na base aérea do Bacacheri, me inscrever  para um curso de aviação no interior de São Paulo. Mas eu tinha que fazer primeiro aqui exames de saúde e  depois ir para lá fazer o teste final. Era perto do fim do ano. Daí eu tive que contar para minha mãe que no meu exame de saúde tinha sido aprovado e o teste final seria em  Pirassununga, interior de São Paulo, numa auto escola. Meus pais me fizeram desistir.

A principal atividade da firma era a moagem de minérios e o granito cinza foi substituído pela massa raspada. Nos primeiros grandes edifícios de Curitiba foram todos eles revestidos com a massa raspada. Só mais tarde é que entrou a pastilha de porcelana fazendo o revestimento externo. Daí só se fazia as partes dos fungos nas laterais dos prédios.

Ainda nos anos 50, por volta de 1953, coube a nossa empresa os serviços revestimento de massa raspada do novo hipódromo do Tarumã, uma arquitetura arrojada do engenheiro Edmir Silveira D’Avila, no ano do centenário do Paraná.

Bem nós tínhamos a Pedreira em Itaperuçu e a indústria de moagem era em Curitiba. As pedras todas eram levadas de caminhão para lá de lá para cá. Depois nós construímos a indústria lá em Itaperuçu quando o governo nos garantiu que levaria a energia elétrica Copel para lá, o que aconteceu.  Só tinha uma indústria. Eles levaram a energia elétrica lá para fazer um pouco de campanha eleitoral pondo  luzes nas casas da Vila.

Do meu primeiro casamento em 54, nasceu a minha primeira filha Cristina, que é juíza de Direito e a outra Juliana, trabalha numa empresa terceirizada da Prefeitura de Curitiba. Em 1974 casei com Regina Maria Guimarães, mãe de duas filhas Vera e Denise. Estamos casados há 41 anos. Hoje temos seis netos, Eduardo, Felipe, Maria Fernanda, Carlos Roberto, Henrique e Ana Carolina e um bisneto, o Francisco.

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