Nasci em 25 de abril de 1940, na cidade de Mallet – Paraná. Filho de Casemiro e Joanina Rodacki, eles filhos de imigrantes poloneses que se instalaram no sul do Paraná, tendo trazido da Europa a experiência na agricultura, a fé na tradição católica, a arte e a cultura que contribuíram para o progresso e o desenvolvimento do Paraná. Meu pai, homem de muita sabedoria e cultura, destacava-se pelo seu porte elegante na maneira de vestir, nos deixou cedo, aos 47 anos, a mim com menos de 9 anos de idade e a meus dois irmãos mais novos, em 02/02/1949, vitimado pela leucemia, doença na época de difícil diagnóstico e cura, que levou com seus custos, quase todos seus recursos financeiros e patrimoniais.
Aí entrou em cena, minha mãe, conhecida como Dona Janine, dotada de sedimentados princípios morais e religiosos, que moldou sua vida com muita fé , coragem e determinação, pois apenas com 37 anos de idade decidiu nunca mais se casar, dedicando sua vida ao sustento e formação de seu filhos pequenos, tendo falecido aos 88 anos, deixando um legado inestimável, sendo que na cerimônia do seu sepultamento, assim se expressou um madre religiosa “eis aí uma santa”.
A minha infância de menino órfão de pai, não foi fácil, especialmente no 1º ano do transcurso do seu falecimento, pois além das dificuldades inerentes ao episódio, sentia-se o desconforto com o costume da época, de usar um pequena tarja preta fixada na lapela da blusa, paletó ou camisa, que se fazia refletir no meu semblante o olhar de compaixão das pessoas.
Superada essa fase, minha mãe me matriculou no Ginásio Nicolau Copérnico( 1º grau) aos 10 anos, que funcionava também em regime de internato, abrigando alunos de outras regiões, devido ao conceito que tinha de bom nível de ensino ( estadualizado depois de eu ter concluído o curso), onde além de ser ensinado francês, inglês, esperanto, aprendi latim, que me foi de inestimável valor para o domínio da redação da língua portuguesa.
Concluído o ginásio aos 14 anos de idade, em 1954, fui levado a Ponta Grossa por um tio, irmão de minha mãe, que tinha uma próspera casa comercial, onde trabalhei arduamente durante o dia e estudava a noite, e graças a essa possibilidade, conclui em 1957 o Curso Técnico em Contabilidade. No início de 1958, aos 18 anos de idade, me desloquei a Curitiba, residindo inicialmente na residência de um tio, irmão do meu falecido pai, trabalhando em tempo parcial na sua pequena empresa e angariando outras empresas de pequeno porte para prestar serviços de Técnico de Contabilidade, permitindo assim restar tempo suficiente para os estudos do Curso Preparatório ao Ensino Superior (cursinho). No final desse ano, antes de prestar exames do vestibular, era necessário submeter-se a um exame para obter o Certificado de Adaptação ao Científico, naquelas disciplinas não cursadas no Curso de Contabilidade. Assim, prestei esse exame no Colégio Estadual do Paraná, sendo aprovado e apto para prestar vestibular, tendo sido aprovado para matricular-me no Curso de Agronomia da Universidade Federal do Paraná, onde obtive a graduação de Engenheiro Agrônomo em 1962, aos 22 anos de idade (um dos três alunos mais novos da turma). Não poderia deixar de mencionar o que certa vez disse meu colega de turma Manoel Kawano, “você será um dos mais bem-sucedidos no desempenho profissional, porque não tendo o tempo para estudar que nós temos, devido a necessidade de trabalhar, a sua experiência será determinante para alcançar conquistas mais exitosas.” Ao mesmo tempo que estava na Universidade ingressei em 1959 no Exército Nacional, para em 1961 ser declarado Aspirante a Oficial no Centro de Preparação de Oficiais da Reserva em Curitiba – CPOR, que resultou em 1964 na promoção ao posto de 2º Tenente da Reserva do Exército Brasileiro.
Como recém-formado, no primeiro semestre de 1963, já empregado tive a oportunidade de ingressar na Associação de Crédito e Assistência Rural do Paraná – ACARPA (atualmente EMATER), e fiz um “polimento” da minha graduação no chamado curso pré-serviço, no Centro de Treinamento do Instituto Agronômico de Campinas, renomado IAC, na época centro de excelência da pesquisa agropecuária do país.
Tendo concluído o referido curso de aperfeiçoamento, fui designado para trabalhar em São Mateus do Sul, em expediente de 44 horas semanais, pois naquela época trabalhava-se aos sábados até ao meio dia. Esse trabalho consistia em se deslocar, diariamente, num jeep Willis Overland modelo 1964, de fabricação americana, para fazer visitas técnicas às propriedade rurais, ou para fazer reunião com os agricultores visando oferecer-lhes assistência técnica, ou no caso de não disporem de recursos, encaminhá-los aos bancos para obtenção de crédito mediante projetos que lhes oferecíamos. Aí encontrei minha verdadeira vocação e dediquei a esse trabalho todo o meu entusiasmo peculiar de um jovem de 23 anos, com vontade de “transformar o mundo”.
Um fato peculiar aconteceu numa das reuniões com agricultores de uma pequena comunidade rural. Naquela ocasião, num sábado de manhã, eu me preparava para fazer uma reunião com agricultores numa escola rural, ao lado da capela, e fui solicitar ao jovem padre que no término da missa sugerisse que fossem assistir minha palestra, na qual ele também foi assistir. Muitos anos depois, fui padrinho de casamento na Igreja Santa Terezinha em Curitiba e ao verificar minha assinatura do termo de testemunha na sacristia, disse o pároco “sou o Padre Albano Cavalin que assistiu sua empolgante palestra aos pequenos agricultores da comunidade rural de Queimados de São Mateus do Sul”. Registre-se que o Padre Albano Cavalin, depois de ter sido Bispo de Curitiba, concluiu sua missão religiosa como Arcebispo de Maringá. Depois da minha permanência de apenas um ano em São Mateus do Sul, fui promovido para Chefe Regional da ACARPA em Toledo, onde baseado nos resultados do meu trabalho, implantei e desenvolvi, junto aos meus colegas que tinham a minha supervisão e atuavam nos municípios componentes da região, um trabalho de identificação e treinamento de líderes rurais que atuavam com agentes multiplicadores das tecnologias agropecuárias aos agricultores da região. Outra vez, após apenas um ano do trabalho desenvolvido com êxito na região oeste do Paraná, fui convidado para implantar trabalho semelhante na região do Norte Pioneiro, que teria como sede o município de Santo Antonio da Platina, onde também permaneci por apenas um ano, sendo promovido a exercer em Curitiba função de apoio ao trabalho de supervisão e implantação de outras sedes da empresa, visando sua expansão para as demais regiões do sudoeste e do norte do estado, trabalho esse que me proporcionou conhecer o Estado do Paraná como um todo.
Em Curitiba, em 1966 conheci minha atual e única esposa Helena Cristina de Negreiros Rodacki, fiel companheira, amiga e confidente, que esteve e permanece sempre ao meu lado, como um sólido esteio de suporte em todos os momentos da minha vida, seja durante os percalços e as dificuldades, seja nos regozijos e comemorações de êxito e sucesso. Casamos em julho de 1967 e em novembro de 1968 fomos abençoados com o nascimento de nossa primeira filha Andrea Cristina e em 1971 com o nascimento de nosso filho Fabio Augusto, ela hoje com Mestrado em Ciências da Computação, desenvolvendo seu trabalho profissional na IBM, e ele Engenheiro Civil com curso de MBA em São Paulo, onde permanece por mais de 20 anos, sendo atualmente CEO da Accenture, uma das maiores empresas de consultoria financeira com sede nos Estados Unidos. A nossa vida continuou sendo abençoada com o nascimento de nossas netas, Barbara em 1999, hoje cursando psicologia na PUC de São Paulo, Isabela nascida em 2005 e Alice nascida em 2007, ambas estudando no Colégio Miguel de Cervantes, onde as aulas de diversas disciplinas, como Biologia, por exemplo, são ministradas em espanhol.
Em 1970 ingressei como Professor da Universidade Federal do Paraná, sendo posteriormente nomeado por concurso, distinguido com nota 10, nas três provas prestadas: escrita, de títulos e didática – ministrando aula simulada perante a banca examinadora. Ainda na Universidade, fui por diversas vezes homenageado pelos alunos formandos, como Patrono e Paraninfo, tendo concluído a carreira no magistério como Professor Titular. Foi na nossa querida Universidade Federal do Paraná que exerci minha vocação de professor, com esmerada dedicação, pois incorporei com muita clareza a minha missão, empenhando-me em transmitir com entusiasmo minhas ideias aos alunos, em sala de aula. O reconhecimento chegou logo, pois, esses alunos egressos da Universidade, para citar apenas alguns deles, como Orlando Pessuti – ex governador, Jorge Samek – ex diretor presidente da Itaipu Binacional, Blairo Maggi – Ministro da Agricultura, Agide Meneguette – Presidente da FAEP, hoje me reconhecem e me recebem com palavras recompensadoras. Outros tantos ex-alunos estão aí espalhados por todo o Paraná e também se encontram além de nossas fronteiras, contribuindo em funções relevantes, não apenas na política, mas também, no ensino, na pesquisa, na administração, contribuindo de maneira substancial ao desenvolvimento nacional.
Porém, anteriormente, em 1973, conclui o curso de mestrado, Magister Scientae – MS na Universidade Federal de Viçosa, cuja tese foi selecionada como a melhor do gênero pelo Departamento de Economia Rural daquela Universidade.
Durante o primeiro semestre de 1978 conclui curso de especialização em
Administração Rural no Departamento de Capacitacion para el Extranjero em Israel.
No Governo do Estado, desempenhei algumas funções, fui Diretor Técnico da Companhia Agropecuária de Fomento Econômico do Paraná – CAFE DO PARANÁ, no Governo Canet Junior e Presidente da Companhia de Classificação de Produtos do Paraná – CLASPAR, no Governo Ney Braga. No nível nacional, no período de 1984/1985 fui Diretor do Banco Nacional de Crédito Cooperativo S.A. – BNCC, cargo exercido em Brasília.
Na minha vida profissional ministrei diversas palestras, cursos e conferências nas diversas regiões do país, tendo participado de diversos congressos, de visitas técnicas ao exterior, como integrante do Intercâmbio de Grupo de Estudos na Índia, no primeiro trimestre de 1995.
Fui também distinguido com diversas medalhas de méritos e distinções, destacando o “Título de Consagração Pública Municipal com o Prêmio Cidade de Curitiba,” outorgado e entregue em solenidade na Câmara Municipal de Curitiba. Destaco ainda a outorga do título de Cavalheiro da Boca Maldita de Curitiba, comenda atribuída a altas autoridades que se distinguiram nos níveis nacional, estadual e municipal, e as pessoas que se distinguiram pelos seus méritos reconhecidos pela sociedade.
Nas últimas décadas, ao dispensar mais tempo ao lazer, ao social, à cultura e aos esportes, tive intensa participação no clube Curitibano onde participei como integrante de diversas diretorias. Após a reforma estatutária que criou o cargo de Ouvidor em 2004, fui eleito Ouvidor Geral, disputando com outros dois candidatos e obtendo 51% dos votos, e depois fui honrado novamente pelos associados do Clube Curitibano para um segundo mandato. Atualmente, eleito em 2016, participo como membro do Conselho Deliberativo e continuo vivendo intensamente o clube ao praticar minha natação diária, ao participar nas quadras dos jogos de peteca e de beach tênis, assim como das atividades sociais e culturais, com os meus 78 anos bem vividos, Graças a Deus! Destaco ter colecionado 72 medalhas conquistadas nos esportes mencionados, no nível Master.
Sou também pecuarista, desenvolvendo criação de búfalos na minha propriedade rural situada na divisa dos Municípios de Morretes e Antonina, onde passo meus finais de semana desfrutando da exuberante Mata Atlântica do litoral paranaense.
Encerro agradecendo ao jornalista Luiz Renato Ribas pela deferência a minha pessoa, me dando a oportunidade de revelar minha modesta contribuição às “Memórias Paraná” ao lado de relevantes depoimentos de pessoas ilustres que compõe a nossa sociedade.