Sansão José Loureiro começou sua relação com a literatura, uma história que já dura mais de 70 anos. A autoria e paradeiro da obra que iniciou Sansão no universo literário se perdeu com o tempo, mas o gosto pela literatura ainda persiste no outrora garoto, hoje, julho de 2016, com 83 anos e ainda um leitor voraz. Formado em Direito em 1959, Sansão atuou como professor universitário por 27 anos na área de Direito Constitucional, em diversas instituições de ensino superior de Curitiba, incluindo a Universidade Federal do Paraná, onde se formou e recebeu, em 2009, o título de professor emérito.
Mas, paralelamente ao magistério e à carreira de jurista, Sansão iniciou uma rotina de leitura de causar inveja a leitores profissionais. Conhecido pela sua generosidade, já doou mais de 2 mil volumes de obras jurídicas para bibliotecas de cursos de Direito e outros 6 mil exemplares de obras literárias para a Biblioteca Pública do Paraná. O que o tornou uma espécie de oráculo entre os leitores da BPP. Leitor de clássicos e da literatura contemporânea, seus livros, sempre em perfeito estado de conservação e edições atualizadas, são aguardados com expectativas pelos seus seguidores. Sua assinatura na contracapa dos livros funciona como uma espécie de selo de qualidade literária.
“Meu pai não tinha estudado muito, mas sempre continuou com a vontade de aprender. Então, mesmo tendo pouco estudo, foi um grande incentivador da leitura. Em Uberlândia, onde nasci, meu pai comprava livros de vendedores de rua. E assim foi formando a nossa Biblioteca. E lá tinha de tudo: Monteiro Lobato, histórias da carochinha, etc.”, diz Sansão.
A relação com a Biblioteca Pública do Paraná também é antiga. Assim que se formou em direito, em 1959, Sansão prestou concurso para juiz. E foi com a ajuda dos livros da BPP que foi aprovado. “Eu emprestava muitos livros da biblioteca nessa época, principalmente de Direito. A doação é uma forma de retribuir essa ajuda.”
Entre 1957 e 1958, o professor Sansão passou uma temporada nos Estados Unidos. Estudava em Greenwich Village, o bairro boêmio e artístico de Nova York que Holden Caulfield, o personagem de O apanhador no campo de centeio, de J. D. Salinger, perambula após ser expulso da escola. “Tive um contato com a literatura americana que estava sendo feita à época. De John Steinbeck a Philip Roth”. Era o prenúncio de uma vida de leitura que prometia — e se confirmou — ser brilhante.