Reinaldo Moraes Bessa (2015) Jornalismo – Jacarezinho – Paraná

Nasci em Jacarezinho, no Norte Pioneiro do Paraná, em 15 de março de 1956. Filho de um casal de professores, Helena e Arlindo Bessa Júnior. Sou o quarto de seis filhos, três homens e três mulheres:  Egipcialinda, Arlindo Neto, Júlio Cesar, Maria Isabel e Luciana Helena.

Em casa somos três jornalistas – minha mulher, Claudia Macioro Bessa, meu filho mais velho Leonardo e eu –, uma advogada, Fernanda e uma engenheira civil, Laura. E acabamos de nos tornar avós de primeira viagem da Helena, filha do Leonardo e da Maria Amin Tavares, também jornalista e advogada.

Sempre gostei de comunicação, embora tivesse uma dificuldade na infância e adolescência: era um pouco gago. Meu pai Arlindo, além de professor, era ativo na sociedade jacarezinhense, colaborava com um jornal local, escrevia crônicas para a rádio, foi dirigente da Associação Esportiva Jacarezinho e era um requisitado orador, o que me serviu de inspiração profissional.

O transtorno vocal, que me fazia vítima de bulliyng na escola (palavra inexistente então), foi desaparecendo à medida em que comecei a soltar a voz, primeiro com microfones imaginários nos quais falava em alto e bom som para um público igualmente imaginário para desespero dos vizinhos e das visitas da casa, depois como locutor de anúncios da Casa dos Retalhos, do alto dos meus treze anos. A bordo de uma Rural Willys com um alto-falante sobre o teto, eu cruzava a cidade ao lado do motorista da loja anunciando as promoções com a voz firme e já grave para a idade. E me sentia o máximo fazendo isso. Os amigos acenavam admirados da calçada e eu me achava uma celebridade, sem saber o que isso significava.

Logo fui catapultado para a nova estação de rádio, recém-inaugurada, a Educadora Rural, ligada à Igreja Católica. Meu irmão Júlio Cesar já trabalhava lá como apresentador de um programa musical e eu ia diariamente à emissora só para observá-lo e ver o movimento. Até que um dia fui contratado também. Um tempo depois, ele deixou a rádio e eu continuei, certo de que era aquilo que queria para a minha vida.

Abandonei o sonho de entrar para o seminário da cidade, que frequentávamos em família nos finais de semana para as quermesses beneficentes organizadas pelos padres amigos dos meus pais, católicos praticantes. Não escapei de ser coroinha da Catedral Diocesana e de conviver com os austeros padres palotinos do Colégio Cristo Rei, onde cursei o primário e o ginásio no início dos anos setenta, antes de me transferir para o estadual Colégio Rui Barbosa.

Na rádio, além de locutor de notícias, também apresentava um programa musical e, de quebra, redigia crônicas lidas na hora do almoço pelo hoje deputado estadual e respeitado radialista em Curitiba Luiz Carlos Martins. Formamos uma dupla de apresentadores de notícias no Jornal das 12. A cidade inteira nos ouvia.

Bom de Português – em casa aprendemos desde cedo que “isto é para eu fazer e não para mim fazer” –, virei também redator de notícias. Como dormia pouco, gravava os noticiários da madrugada das grandes rádios de São Paulo e Rio de Janeiro e reproduzia seu conteúdo de manhã, além de recorrer ao famoso gilette-press recortando notícias dos jornais do Paraná com a velha lâmina de barbear da caixinha azul e colando-as numa lauda. O artifício era o bisavô do Ctrl C Ctrl V. E funcionava muito bem. Também atacava de repórter cobrindo acontecimentos da cidade e sessões da Câmara Municipal. Meu pai era um dos vereadores – naquela época não havia remuneração para a função, diga-se.

A rádio me fez ser requisitado para apresentar bailes de debutantes na região. Volta e meia era convocado para a agradável missão em alguma cidade próxima. Ganhava o traje e ainda dançava a valsa com elas. Nada mau para meus dezoito anos. Mesmo fazendo o Tiro de Guerra não deixei de trabalhar na rádio, o que me conferia algumas regalias com o rígido comandante, entre elas namorar sua filha.

Aos dezenove, vinte 20 anos, e já “famoso” em minha cidade, fui contratado pela Rádio Clube de Ourinhos, no interior paulista. Enfim, chegara à uma “rádio grande”, vinculada aos famosos Diários Associados. Lá, sob comando do saudoso Odilson de Camargo Mendes, fui apresentador de programa musical, com direito a fãs na porta, locutor de noticiários e repórter. Até que dois anos depois, em 1977, decidi vir para Curitiba – cidade onde meu pai, natural de São Mateus do Sul, morou e se formou professor normalista no Instituto de Educação do Paraná; foi aluno da poeta Helena Kolody – em busca de novos horizontes profissionais. E logo de cara fui contratado pela mítica Rádio Clube Paranaense (antiga PRB-2), tendo como primeiro e sempre lembrado chefe meu amigo Carneiro Neto, também homenageado nesta coletânea.

Desde então passei por vários prefixos radiofônicos da capital, entre eles Colombo e Capital FM. Do rádio à televisão foi um pulo. Canal 6 (Rede OM), depois Canal 12 (Rede Paranaense de Comunicação, atual RPC). Em ambas fui apresentador e repórter. Na Globo local, fui o primeiro âncora do telejornal “Bom dia, Paraná” e cobri grandes acontecimentos, como a enchente de União da Vitória, em 1983. Mais tarde passei pela TV Independência (na época afiliada à Rede Manchete e hoje RIC TV), onde fui apresentador, chefe de reportagem e cheguei à direção de Jornalismo.

Depois de um tempo fora de veículos de comunicação, em que trabalhei como assessor de imprensa em órgãos públicos, estreei em jornal, a única mídia que não havia experimentado até então. E logo em uma grande sucursal, a do Estadão, chefiada por Dirceu Pio, de quem me tornei amigo fraterno. Integrei a equipe local de repórteres do jornalão paulista e da Agência Estado, do mesmo grupo. Alguns anos depois fui para o local Jornal do Estado como chefe de reportagem.

Também voltei ao rádio como colaborador da Exclusiva FM, que, além da emissora, tinha um canal de TV UHF e uma produtora de vídeos. Ali, com o apoio total de Luís Guilherme Mussi, comecei a fazer o programa de TV Gente Exclusiva, que mais tarde, já em canal aberto, virou Jet Set. Paralelamente, fui convidado pela Folha do Paraná, sucursal da Folha de Londrina em Curitiba, a assinar uma coluna social semanal já que circulava com câmera e microfone pelos principais eventos de Curitiba e era tido como bem informado das coisas da fechada sociedade local.

Um ano e meio depois recebi novo convite, do saudoso Mussa José Assis, para assumir uma página diária em O Estado do Paraná. Durou pouco minha passagem pelo Estadinho. Sete meses depois, com a precoce morte do mestre do colunismo social paranaense Dino Almeida, em maio de 2001 a Gazeta do Povo convidou-me para sucedê-lo, lá permanecendo até 31 de dezembro de 2018.

Depois de tudo isso, vim parar nessas páginas ao lado de tão ilustres nomes pela gentileza de Luiz Renato Ribas, este incansável defensor da memória paranaense.

 

 

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