Nasci em Florianópolis, Santa Catarina, em 31 de maio de 1935. Meu pai, engenheiro italiano, Leonardo Petrelli, veio para cá nos idos de 1903, quando talvez não tivesse 400 ou 500 engenheiros aqui. Ele iniciou seu trabalho no Rio de Janeiro, no Grupo Antônio Lage, maior empresário do Brasil, na época com estaleiros e várias empresas.
Meu pai, depois, convidado pelo engenheiro Alexandre Portela Passos, foi para a Bahia, chegou a ser Secretário de Obras, no governo Seabra, nos idos de 1920, e foi presidente da navegação baiana. Nos idos de 1923´, veio para Santa Catarina, desta vez a meta era concluir o trecho da estrada de ferro Santa Catarina.
Viúvo na cidade de Blumenau, meu pai casou-se em 1933 com Alice Guilhon Gonzaga Petrelli, minha mãe, descendente de maranhenses e de pernambucanos. Pelo lado paterno, meu pai tinha irmãos escritores e vários membros da família eclesiástica, chegando a ter dois cardeais na família Petrelli.
Talvez o motivo de meu pai ter vindo para o Brasil é que Monsenhor Santo Martino era seu tio. Naquele tempo representava o Papa na região do Rio de Janeiro. Minha mãe, Alice, descende de uma família de juristas, seu pai, desembargador Sálvio de Sá Gonzaga, foi presidente do Tribunal de Justiça de Santa Catarina, primeiro procurador do Estado, nos idos de 1930.
Em 1912, na Guerra do Contestado, Sálvio exerceu, licenciado no tribunal, a chefia de polícia das tropas catarinenses naquele embate que tantas vidas ceifou, mas que depois todos se reconciliaram, tornando-se hoje Paraná e Santa Catarina. Ele era desembargador-presidente do Tribunal de Justiça de Santa Catarina. Meu bisavô, José Roberto Viana Guilhon, maranhense de nascimento, foi o primeiro presidente do Tribunal de Justiça de Santa Catarina.
Descendente de uma família, pelo lado paterno, de um engenheiro, porém nunca fui bom em matemática, nem aritmética, e pelo lado materno eu poderia ter seguido a carreira do judiciário, teria sido uma honra, entretanto, parti para outros rumos.
Minha mãe, que também tinha muita influência na minha vida, foi uma grande líder feminina. Era época em que as mulheres não podiam ser funcionárias públicas, nem funcionárias do Banco do Brasil, também não votavam. Ela desafiou a família e resolveu ser a primeira mulher funcionária pública de Santa Catarina, Chefe de Expediente da Secretaria da Fazenda do Estado, nos anos de 1920. O cargo dela corresponde hoje a chefe de gabinete.
Por decreto do então Governador Esperidião Amin, no centenário de Alice, foi criada a “Medalha do Mérito Profissional do Servidor Público de Santa Catarina” que leva seu nome até hoje. A honraria é distribuída anualmente e de grande valia. Os próprios servidores escolhem os melhores de cada repartição, são condecorados 100 em uma grande festa.
Eu fui o único filho do segundo matrimônio de meu pai. No primeiro matrimônio foram três filhos, um faleceu, ainda jovem na Bahia, nos idos de 1918, uma filha, que se casou com o engenheiro Gilberto Santos Neves, filho do governador Graciliano dos Santos Neves, no Espírito Santo, e meu irmão Armando Petrelli, médico, que viveu no Paraná muitos anos.
Armando foi diretor do Instituto Brasileiro do Café. Indicado no governo Nereu Ramos, continuou com Juscelino Kubitschek e foi presidente interino do mesmo Instituto. Na época, o Brasil dependia fundamentalmente desta produção. Hoje o café ainda é, depois da soja, um dos grandes orgulhos da economia brasileira agrícola.
Na minha vida infantil, por ser filho único, confesso que fui um pouco mimado, mas minha mãe, em alguns momentos, me tratava com severidade, principalmente por conta da sua formação. Ela deixou o serviço público logo que se casou. Meu irmão e minha irmã já faleceram. Restou então eu, como descendente da família Petrelli.
Juventude e adolescência – Como o meu pai, engenheiro, foi construir o Porto de Itajaí e mais tarde, em Laguna, o primeiro porto carvoeiro do Brasil em 1940, iniciei os estudos nas cidades de Laguna e Itajaí, Santa Catarina. Estudei em um colégio de freiras e em um grupo escolar. Ao lembrar de Laguna não posso deixar de citar Jerônimo Coelho, pai do jornalismo brasileiro e da lagunense Anita Garibaldi, a heroína dos dois mundos.
Estudei depois no Colégio Catarinense, e concluí no Ginásio Lagunense, hoje ensino fundamental, onde fui presidente de centro estudantil.
Vim para o Paraná por intuição de minha mãe. Ela dizia que eu deveria sair de Santa Catarina, pois seria mais um da família na magistratura, carreira tradicional da minha família materna. Segundo ela, aqui eu teria a cobertura do nome do meu irmão, mais velho cerca de 20 anos, Armando, que viveu no Paraná até falecer em 1975. Ele foi para mim um grande orientador, o patrono da minha inclusão no Estado.
Iniciei os estudos no Paraná em 1950, quando ocorria a primeira transição realmente política. Terminava o governo Moisés Lupion, governador eleito duas vezes, em 1947 e 1955. Entrava o professor Bento Munhoz da Rocha Neto, uma das figuras mais expressivas da história política do Paraná. Ele era filho de Caetano Munhoz da Rocha e genro de Affonso Camargo, ambos foram grandes políticos e governadores do Paraná, antes de 1930.
Lembro que os paranaenses devem ao Bento uma grande conquista. Quando primeiro secretário da câmara, em 1946, tínhamos vários territórios no Brasil: Ponta Porã, Foz do Iguaçu, Amapá, Boa Vista, Rondônia, Acre e a Ilha de Fernando de Noronha. Ele conseguiu, na Constituição de 1946, extinguir os territórios de Ponta Porã e do Iguaçu.
Com isto, Ponta Porã trouxe uma pequena parte do território paranaense e a maior parte de Mato Grosso. O território do Iguaçu trouxe de volta as cataratas. O extremo oeste do Paraná, Cascavel até a fronteira. Já para Santa Catarina, a velha Chapecó.
Quando estudei no Colégio Estadual do Paraná, uma das maiores instituições do Brasil, tive a satisfação de ter sido eleito o primeiro presidente do centro estudantil, em 1951. Terminei o meu curso clássico tendo figuras maravilhosas como professores. Posso citar o Osvaldo Arns, professor de grego, disciplina que naquela época estudávamos, junto com latim, uma preparação para o curso de direito.
Nos idos de 1927, meu pai adquiriu uma parte do jornal “A Tarde”, de Curitiba, no tempo do Marcolino Monteiro e do Antônio Jorge Machado de Lima. Meu irmão, Armando, à época estudante de medicina, mais tarde médico e professor da Faculdade de Medicina do Paraná, era um dos proprietários, aos 23 anos. A publicação não tem relação com o jornal “A Tarde” de anos e anos depois, quando o Protásio Carvalho, foi dono e tive a satisfação de ser colunista, na época que a Câmara Municipal de Curitiba funcionava na Praça Generoso Marques e a assembleia era o velho Palácio Rio Branco.
Foi aí, que se criou a bancada de jornalista na assembleia. Eu não era um jornalista praticamente, estava aprendendo, e ao mesmo tempo me cabia fazer o relatório das atividades parlamentares da Assembleia Legislativa, pelo matutino jornal “O Dia” e da Câmara Municipal pelo vespertino “A Tarde”.
Nesta época, foi designado o primeiro prefeito pelo Bento, Erasto Gaertner, logo falecido, Amâncio Moro, depois Wallace Tadeu de Melo e Silva, pai do atual ex-Senador e ex-Governador Roberto Requião. Surge então, a eleição do Ney Braga em 1954 como prefeito. Depois, Ney faz a sua carreira política como deputado federal em 1958. Mais tarde foi governador, em 1961, e assim inicia sua monumental carreira política no Paraná e no Brasil, tendo sido, novamente, governador designado e ministro duas vezes além de superintendente da Itaipu. Na sua vida privada, a única função que exerceu foi como convidado, por mim e pelo Braguinha, para ser diretor do Grupo Atlântica Boavista por alguns anos.
Vida Adulta – Mais tarde fiz a faculdade de Direito em Curitiba, na Universidade Federal do Paraná, a primeira do Brasil, graças ao talento de Hugo Simas, Niro Cairo, Vitor do Amaral e Plácido e Silva. Participei de um momento político marcante na faculdade de Direito, quando havia o Partido Acadêmico Progressista (PAP), mais de direita e conservador; o Partido Democrático Universitário (PDU), recém criado; e o Partido Acadêmico Renovador (PAR), considerado mais a esquerda e que combatia, à época, o novo governo de Getúlio e do Ministro Simões Filho, por medidas antiuniversitárias.
Em 1959, formei-me em Direito e tive a oportunidade de trabalhar na Rua Marechal Floriano 134, ao lado do Edifício do Cartório Laporte, onde também funcionou como advogado o querido Francisco da Cunha Pereira Filho, mais velho do que eu, brilhante advogado, depois grande jornalista e proprietário da Gazeta do Povo e do canal da TV Globo.
O principal advogado era o deputado Hélio Setti, casado com a sobrinha de meu irmão que também foi referência na minha vida pela sua posição política como deputado. Passei a me relacionar muito com o mundo político do Paraná e com ele.
Tive companheiros maravilhosos e amigos da minha época de estudante, como o René Dotti, na minha opinião o Papa do direito penal brasileiro, referência até hoje como professor, grande advogado. O Augusto Prolik, referência no direito tributário nacional, foi até a sua morte um grande amigo, grande sócio, mantive amizade até o seu falecimento, cujas filhas continuam ligadas a mim e a meus filhos em empreendimentos imobiliários.
Posso lembrar de figuras, como o Moisés Lupion, o precursor do desenvolvimento do Paraná novo. O Estado cresceu muito com Lupion quando começou a fazer a entrega de terras para o desenvolvimento do Norte. Tendo sido sucessor Manoel Ribas, o Maneco Facão, o desbravador, que veio de Santa Maria da Boca do Monte de volta ao Paraná, oriundo de Ponta Grossa, para ser interventor na era Vargas e que teria sido eleito o primeiro governador, não tivesse morrido em 1944. Ele abriu a estrada do Cerne, o primeiro passo para o Paraná integrar Curitiba ao Norte pioneiro.
Ney Braga surge depois, com grande eficiência. Seu governo foi sucedido por Paulo Pimentel, nos idos de 1966. Ainda hoje, Pimentel é perfeitamente lúcido, participa da vida pública, com dois netos, Eduardo Pimentel Slaviero, operoso vice-prefeito de Curitiba na gestão Greca e Daniel Pimentel Slaviero, jovem que presidiu a Abert (Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão), hoje designado pelo governador Ratinho e presidente da grande Copel, maior estatal do Paraná e a terceira em energia elétrica do Brasil.
A revelação municipal, estadual e internacional foi e é, sem dúvida, Jaime Lerner, prefeito eleito de Curitiba duas vezes, governador eleito do Paraná duas vezes, o único paranaense internacional. Lerner foi o prefeito que remodelou Curitiba, governador que transformou e projetou Paraná, arquiteto do mundo, considerado o Corbusier brasileiro.
Não podemos deixar de citar figuras importantes ainda. Como o governador Álvaro Dias, deputado federal mais votado em 1974 no Paraná pelo MDB, e antes vereador e deputado estadual, atualmente importante no Senado Nacional. E por último Beto Richa, talvez o mais jovem governador do Paraná, filho da grande figura parlamentarista nacional José Richa, prefeito de Londrina, deputado federal em 1962, governador e senador do Paraná e que chefiou a bancada parlamentarista na constituição de 1988. Formado em odontologia, nunca exerceu a profissão, começou como oficial de gabinete de Ney e dedicou-se, de corpo e alma, para a vida pública. Após Beto, tivemos a nossa recente Cida Barros, e atualmente, o jovem governador Ratinho Junior, eleito consagradoramente, que se projetou na vida política do Paraná e formou uma grande bancada estadual.
Ratinho Junior possui experiência política, trouxe um planejamento estratégico e o consagrado economista Paulo Rabelo, ex-presidente do BNDE, do IBGE e um dos autores do projeto “Brasil Menos Gasto”. Rabelo veio gerar a PEC do teto dos gastos e atualmente preside o Instituto Atlântico. É considerado uma nova esperança que está demonstrando habilidade política e competência. O Ratinho pontuou seu governo com figuras importantes, estaduais e nacionais, sem dúvida formou uma grande bancada. Dele o Paraná espera muito.
Casamento – Casei em 29 de junho de 1957, com a paranaense Dircea Corrêa Petrelli, Curitibana, descendente dos Camargo Rocha Loures Ribas e Correa, de Guarapuava e Santa Catarina. Eu a conheci em 23 de setembro de 1954. Foi, sem dúvida, quem geriu e quem disciplinou os filhos que tivemos. Isto pelo estilo de vida que me fazia eu estar permanentemente em viagem.
Entre os filhos, tivemos Luciana, nascida em 30 de maio de 1958, casada, residente em Florianópolis e empresária.
Leonardo, filho que criou o sistema RIC, quando se formou em comunicação nos Estados Unidos e veio para o Brasil. Aqui, teve uma certa decepção, pois eu havia saído desta área e deixado as televisões que eu tinha em Santa Catarina em decorrência da cassação da TV Tupi. Ele foi, então, contratado pela rede Globo, como produtor executivo de novelas, tendo inclusive dirigido a grande novela “O Tempo e o Vento”, obra escrita pelo consagrado autor gaúcho Érico Veríssimo.
Tive também o Mário José, que foi presidente da Bolsa de Mercadorias, formado em Direito e que milita na área imobiliária em um empreendimento que temos num outro
grupo em Palmas, Tocantins.
O quarto filho, o Marcello, se transformou. Ele gostava muito de viajar, teve um período em que estudou nos Estados Unidos, depois resolveu aprender televisão e ficou trabalhando em Cornélio Procópio. Em seguida, quando entramos em Santa Catarina, num desafio total, resolveu ficar quase um ano em Lages para conhecer mais profundamente toda a área de comunicação. Posso dizer que, daí, surgem as bases da RIC em Santa Catarina.
Tive a alegria de ver os dois filhos da área de comunicação crescerem, com dedicação e respeito. Além disto, tendo Leonardo exercido a função de presidente da Apert (Associação Paranaense de Emissoras de Rádio e Televisão) no Paraná, designado como representante do Congresso Nacional na área de comunicação e o Marcello como atual presidente da Acaert (Associação Catarinense de Rádio e TV) em Santa Catarina. Marcello também já foi presidente da ADVB e vem liderando um grande movimento de regionalismo nos três estados do Sul.
É o programa Novos Rumos do Brasil, já de alcance nacional que ouve mensalmente nomes relevantes nacionais, como o presidente Bolsonaro, o vice-presidente Mourão, o presidente da Câmara Rodrigo Maia e o Ministro Sérgio Moro. São grandes palestras em Santa Catarina e encontros com o presidente, um café da manhã com a mídia dos estados do Sul, mostrando a verdadeira imprensa escrita televisa e radiofônica.
Minha quinta filha, Rosimar, mais moça, mora na cidade de Celso Ramos, em uma pequena fazenda. Ela gosta mais da vida no campo.
Minha esposa é falecida, fato que ocorreu após as bodas de ouro, em 30 de junho de 2007, quando completamos 50 anos de um casamento feliz e de termos criado uma geração de filhos e dez netos.
O segundo casamento, há 9 anos, e atual, é com Mônica Barusso Buffara Petrelli, filha de um casal amicíssimo, Lelinha Buffara e Nelson Buffara, deputado paranaense por vários mandatos, oriundo de Paranaguá. Para mim é uma companhia querida, tem sido um alento na minha vida. É uma grande mulher e uma espécie de amuleto por suportar um homem 25 anos mais velho que ela. Além disso, ela tem dois filhos e duas netas maravilhosas. Uma filha é a famosa Manu Buffara, referência internacional como uma das maiores chefes de cozinha do mundo e um filho advogado e funcionário do Tribunal de Justiça do Paraná, Eduardo Buffara Ramos.
Criação da RIC – Meu filho Leonardo era jovem, tinha vindo para o Paraná com aproximadamente 20 anos e foi ser produtor executivo da TV Globo. Depois, aceitando meu desafio, veio dirigir a TV Vanguarda de Cornélio Procópio, emissora que adquirimos do meu querido e hoje senador da república Oriovisto Guimarães. Sem dúvida alguma, naquele tempo, não deveria existir 10 brasileiros formados em comunicação nos Estados Unidos.
Quando a TV Manchete foi extinta, o Leonardo teve a satisfação de encontrar-se com Demerval Gonçalves, grande figura humana, falecido há pouco tempo. Foi, sem dúvida, o grande articulador da expansão da Record. Naquele tempo, a Record tinha geradoras nas cidades do Rio de Janeiro, Belo Horizonte e São Paulo, sem expressividade.
No Paraná tínhamos quatro televisões. Mostramos ao Demerval que, se viéssemos para a Record, teríamos uma vantagem pela amizade que eu tinha também com o Cadre, no
Rio Grande do Sul. Teríamos condição de trazer junto cinco estações que também eram TV Manchete por lá.
Falamos que conseguíamos trazer a televisão do Rio Grande do Norte, que pertencia ao grupo da família do senador José Agripino e a televisão de Itabuna, na Bahia, do Luiz Viana Neto e ainda o Grupo Buaiz, do Espírito Santo. Negócio fechado, a Record consolidou a sua posição regional e hoje sem dúvida é a segunda rede nacional.
Em Santa Catarina, representávamos o SBT, com quatro estações geradoras. A Record havia adquirido duas estações em Itajaí e Xanxerê. Elas somavam a TV Cultura, de Florianópolis, com a bandeira Record. Já nós, tínhamos Chapecó, Blumenau, Joinville e Florianópolis.
O Marcello e Leonardo acharam de boa ideia em vez de um ser SBT, o outro Record, passarem a ser um grupo só e se transformaram em RIC Record Paraná e Santa Catarina. É, sem dúvida, alguma hoje um instrumento de comunicação de alta valia e que cumpre os artigos da constituição de que a televisão deve ser regional, deve prestigiar o turismo e a educação. Sem vaidade posso dizer que é o maior grupo de comunicação gerador regional, com 700 horas mensais de produção local, recorde nacional de produção regional.
Em Santa Catarina, o grupo hoje é líder de audiência de maneira excepcional, das 7h da manhã até 19h em Chapecó, Joinville, Itajaí e Xanxerê. Em Florianópolis e Blumenau ainda está como B, mas o que nos orgulha em Santa Catarina é que temos 1 milhão e 650 mil pessoas diariamente assistindo aos nossos canais.
No Paraná, onde eu morei até 1983, em uma casa construída quando eu tinha 29 anos e que hoje mora Leonardo, temos o respeito da comunidade paranaense e a grande vantagem da condução do Leonardo e seus companheiros.
Atualmente participo do conselho do Grupo RIC, uma espécie de homenagem dos filhos e da Record, como o presidente emérito e fundador. Na realidade, eu sou participante e admirador do magnífico trabalho desenvolvido pelo Leonardo, pelo Marcello e pelas equipes que eles possuem. Sem os funcionários, sem os telespectadores e sem o prestígio das agências e anunciantes o grupo não seria o que é.
Negócios – A partir de 1960, fui deixando a função de advogado em exercício, profissão na qual me formei há 60 anos. Porém, mantive permanentemente contatos nesta área com grandes mestres, colegas e membros do Judiciário. Dediquei-me a partir de então, com muita intensidade, para a atividade de seguros. Fui diretor executivo do Grupo Boavista, na época, segundo grupo segurador brasileiro. Mais tarde, foi adquirido pelo Grupo Atlântica, do nosso querido e famoso amigo Braguinha, o Midas do esporte brasileiro. Passou a chamar-se Atlântica Boavista, o primeiro grupo de seguros brasileiro, nele fui Vice-Presidente Executivo de Produção Nacional até 1982.
O passo seguinte foi a aquisição pelo Bradesco, maior grupo financeiro da época, passei então, a ser o primeiro Vice-Presidente Executivo de Produção Geral. Hoje, a instituição é líder na América latina, sem falsa modéstia, tive o prazer e a ideia de ser um dos idealizadores, em decorrência de estar ligado ao Bradesco, junto a Amador Aguiar e Lazaro Brandão desde 1968.
Criei ainda em 1964, o Top Clube, a maior apólice de seguros de vida do mundo, com 1 milhão e 600 mil segurados. Era presidido, à época, por um dos meus maiores amigos em minha vida, o grande empresário, político que governou Santa Catarina, um dos fundadores do Grupo Cacique e primeiro presidente, também do Nosso Banco, Paraná-Santa Catarina, e ainda presidente do maior grupo empresarial de Santa Catarina, Grupo Hoepcke, o inesquecível Aderbal Ramos da Silva.
Nesta época, o Brasil tinha cerca de 80 milhões de pessoas. A instituição foi presidida por Amador Aguiar que substituiu o nosso querido Ruy Ferraz de Carvalho, paranaense, grande advogado, ex-deputado, presidente da OAB e meu companheiro. O Top Clube também foi incorporado ao Bradesco em 5 de março de 1970.
Atendendo ao convite das eminentes figuras, presidentes Tancredo e Sarney, fui diretor geral da carteira industrial e comercial do Banco do Brasil em 1985, onde fiquei um ano, tendo optado por sair, exatamente, do maior complexo segurador e financeiro. Sem dúvida, minha ida ao Banco do Brasil foi uma experiência enorme, lá é uma escola de talentos. Sem a Carteira de Crédito Agrícola não teríamos chegado a pujança do café, domínio do milho, soja e feijão, que foi, desde o começo, financiada e orientada pela instituição.
Ao deixar o banco, voltei para a atividade de seguros, tive a honra de fundar, presidir e ser acionista da Seguradora Roma, pertencente ao Dr. Roberto Marinho e família, a Golden Cross e o maior grupo latino-americano na área agrícola, o Bung-Born.
Com o intuito de colaborar e acompanhar o meu grande amigo e companheiro Jorge Bornhausen, renunciei a presidência da instituição. Com ele, iniciamos um processo para tirar o governo Collor das páginas policiais e por nas páginas políticas. Bornhausen era o ministro da reestruturação geral, e eu, por um ano, seu companheiro e secretário geral.
Sou diretor até hoje do Grupo Icatu Seguros, Capitalização e Previdência, da família Antonio Carlos de Almeida Braga, fundado e dirigido por seus filhos, Kati de Almeida Braga, presidente do conselho e Luiz Antônio Almeida Braga, diretor. Participei ainda de conselhos em outras empresas, hoje ainda sou membro do conselho fiscal da Caixa Cap do qual o grupo Icatu é um dos acionistas, tendo deixado recentemente o conselho de administração do maior grupo cerâmico da América Latina, Portobello, fundada por outro grande querido amigo mais velho do que eu, perfeitamente lúcido, o catarinense de Tijucas, César Gomes. A empresa atualmente é presidida por seu filho, Cesar Gomes Junior, tem na presidência do conselho de administração o querido jovem, que é quase um filho, Cláudio Ávila da Silva, ex-deputado federal, ex-presidente da Eletrobrás e representante do Brasil por cinco anos na Organização dos Estados Americanos.
Política – Sempre gostei de participar da vida política brasileira, mas não exerci cargos eletivos. Fui, por duas vezes, chamado para funções governamentais, por Tancredo Neves, na campanha, e por Sarney, após indicação do meu querido Jorge Bornhausen, um dos maiores articuladores da política brasileira.
Atualmente discute-se muito a privatização de instituições como o próprio Banco do Brasil, que acho difícil pelo papel relevante da instituição no desenvolvimento nacional, principalmente na área agrícola, cujo quadro funcional é da melhor qualidade. O governo Jango Goulart, quando caiu, o Brasil tinha cerca de 30 ou 35 empresas estatais. O governo Geisel estatizou até bondinho do Rio de Janeiro. O então Ministro Reis Velloso achava que cada empresa que fosse mal era dever do governo “encampar”.
Paulo Guedes na realidade quer e faz muito bem em privatizar, cuja política de privatização começou indiscutivelmente no governo Fernando Henrique, quando acabou o monopólio das teles estaduais. Sou um admirador da privatização e acho que cabe ao governo uma função fundamental, cuidar da educação, segurança e saúde para não se repetirem lamentáveis escândalos, como o da Petrobrás.
Hoje, o Brasil precisa confiar nos seus mandatários, acreditar e dar crédito total ao governo da república, um grupo de grande valor, com grandes ministros e que indiscutivelmente, não posso deixar de citar a Ministra da Agricultura pela sua visão de mundo que tem e conhecimento e a figura exponencial de Paulo Guedes.
Um ministro paranaense excepcional que eu chamo e continuarei a chamar sempre de juiz é Sérgio Moro, quando fez a CPI do Banestado e quando teve a vitória na Lava-Jato
passou a ser uma referência nacional e internacional.
Cito ainda o eterno e querido amigo Reinhold Stephanes que já foi deputado federal, ex-presidente INSS, Ministro da Previdência, onde se consagrou como um dos maiores conhecedores da matéria.
Amigos – Não posso deixar de citar alguns amigos especiais que tive e tenho no Paraná. Ruy Ferraz de Carvalho foi, sem dúvida alguma, um exemplo de pessoa. O João Ferraz de Campos, bem mais velho que eu, que exerceu a diretoria e a presidência interina da Junta Administrativa do IBC. Eram os anos áureos da produção. Seu filho, vice-governador e governador do Paraná, João Elísio Ferraz de Campos, dizia para mim sempre: “Mário você tem que ser político””. Eu respondia: “Eu gosto de política, eu participo da política, mas na realidade, não estou pensando em exercer cargos políticos, porém políticos deveriam ser todos, para exercermos a cidadania”.
Depois, eu falava ao João que ele tinha que ser um homem do mercado de seguros, que o mercado precisa ter na presidência da Fenaseg (Federação de Seguros) uma pessoa que Brasília conheça. O João aceitou, foi presidente da Fenaseg em 1992 até 2004, quando cansou-se de presidir a entidade, hoje, segue a vida particular com vários empreendimentos e empresas.
Euclides Scalco é um símbolo de correção, figura marcante na vida paranaense nas funções que ocupou como deputado e líder do MDB, como ministro de estado e presidente de Itaipu. Ele caracterizou sua vida pela ética, correção, desprendimento, inteligência e habilidade.
Não posso deixar de citar o Saul Raiz, que perdeu o governo do Paraná para o Richa, Saul não quis ser ministro no governo Fernando Henrique porque não desejava sair daqui e assim como o Cassio Taniguchi, que não quis ser ministro quando convidado pelo então articulador do governo Jorge Bornhausen.
Tem ainda a figura notável para o Paraná e Brasil, do professor e intelectual Renê Dotti.
O querido professor do tempo do quadro negro e do pó de giz, hoje senador da República Oriovisto Guimarães criou com um grupo de colegas o Curso Positivo, a maior gráfica da América e teve a satisfação de montar a TV Vanguarda em Cornélio Procópio. Esta TV viemos adquirir mais tarde e Leonardo, meu filho, tornou-se presidente, tendo no início o companheiro e amigo como sócio, pouco depois desligou-se, começamos a formar o que é hoje o Grupo RIC Paraná e Santa Catarina.
Quero fazer referência também ao Aroldo Murá, velho jornalista na idade e cabeça privilegiada no que faz e escreve, autor de obras especiais, como Vozes do Paraná, já na 12ª edição, produtor de um newsletter diário de grande penetração e altamente informativa.
Lembro aqui de amigos, que já se foram e deixaram saudade, como Norton Macedo, companheiro de faculdade, grande orador e deputado federal por várias legislaturas, maior confidente de Ney Braga. Karlos Rischbieter, o grande catarinense e paranaense que presidiu o Badep, foi diretor do Instituto Brasileiro do Café (IBC), presidente da Caixa Econômica, do Banco do Brasil, Ministro da Fazenda, escritor e irmão de alma.
Joaquim Santos Filho, deputado federal e diretor do IBC, chegou a ser sócio, inclusive em alguns empreendimentos. Cecílio Almeida, por muitos criticado, mas um grande empreendedor, mantinha em sua empresa, a grande CR Almeida, a época uma das maiores construtoras do Brasil, com cerca de 400 a 500 funcionários que, com coração especial, contratava trabalhadores, atendendo pedidos de sua mãe e que só recebiam por serem pessoas sem condição financeira.
Ney Braga, o grande governador do Paraná e amigo fraterno. Augusto Prolik, um dos maiores advogados tributaristas do Brasil, cujo escritório já passou dos 85 anos, sendo dirigido hoje, brilhantemente pelo Doutor Machado, que coordenou um grande empreendimento nosso em Governador Celso Ramos, Santa Catarina, com a colaboração de Eduardo Schulman.
Hoje, o empreendimento é administrado pelas suas filhas e minha filha Luciana, sob com o comando administrativo geral do jovem Eduardo Schulman descendente da família Schulman, que brilhou e brilha na área habitacional e energética do Brasil. Quero saudar também o querido amigo Maurício Schulman, Secretário da Fazenda, que praticamente governou o Paraná no período de doença do inesquecível governador Parigot de Souza e Emílio Gomes. Mais tarde, foi presidente da Eletrobrás e Presidente do Banco Nacional de Habitação.
Hélio Setti, sem dúvida foi uma das pessoas mais importantes na minha vida no Paraná, após meu irmão Armando. Ele deu a oportunidade do meu excepcional relacionamento no mundo político e social. Hélio foi deputado estadual por várias vezes e idealizador do Estádio do Morumbi em meados de 1970.
O grande artista brasileiro e querido amigo Paulo Goulart, que tive a satisfação de conhecer quando morou em Curitiba. Teve uma pequena empresa de eventos, inclusive com a minha participação, chamada Paulart. Foi morar em São Paulo, brilhou até morrer nas telas da Globo e deixou brilhante filha, atriz Beth Goulart e sua mulher, artista ainda aos 90 anos, Nicette Bruno.
Lembro ainda de Renato Pimazoni, um lutador que partiu muito moço. Glover Raimundo Duarte, diretor do Banco Nacional de Minas Gerais, sem dúvida meu primeiro financiador para os empreendimentos iniciais. Além de outros grandes e queridos amigos que, relacioná-los seria muito longo, mas que nas orações noturnas rezo por eles e integram o elenco saudoso da minha memória.
Futebol – No futebol do Paraná, eu fui grande amigo do Jofre Cabral e Silva, grande presidente do Atlético Paranaense nos idos de 1968 e que morreu assistindo o Atlético em Londrina ainda quando ganhava de 2 a 1 e não chegou a ver a derrota do time naquele dia.
Um fato inusitado na minha vida. Um grupo de amigos meus foi à minha casa em Curitiba e mostraram aos meus filhos Leonardo, Marcelo e Mario José, que seria muito bom o pai ser presidente do Atlético. Foi o que bastou para, por alguns dias, a imprensa inteira me colocar como futuro presidente do Atlético. Realmente, numa reunião eu aceitei ser presidente, pedi que me dessem o endividamento.
Quando duas horas depois, eu realmente vi o endividamento me tornei o presidente que não tomou posse. Não tinha capacidade para conciliar os trabalhos que eu já vinha executando. Mas a minha paixão regional continua sendo o Atlético, o Fluminense, o Santos e o Palmeiras em São Paulo, em Santa Catarina o Avaí e homenageio a Chapecoense, tragicamente sucumbida pelo maior desastre esportivo do mundo, fundado pelo Frigorífico de Chapecó do qual fui membro do conselho administrativo.
Agradecimentos – Gostaria de prestar uma homenagem a um velho e querido amigo: Luiz Renato Ribas, pioneiro em comunicação no Paraná. Ele criou veículos na época em que só a dedicação e o espírito de jornalista fariam o que foi feito de graça, como Revista da Televisão (TV Programas), Revista do Turfe e outros veículos. Hoje se dedica, sem interesse comercial, a publicar histórias de pessoas do Paraná, de todas as categorias sociais.
Tenho muita satisfação em poder fazer parte desse trabalho. Ribas é um divulgador do que acha justo falar, de pessoas do Paraná independente da categoria social e econômica. Costuma valorizar, desde os mais simples, que fizeram história. Agora, por deferência especial, tenho a honra de prestar este depoimento longo sobre a minha vida, então os meus agradecimentos a toda equipe. Este é um trabalho salutar, espero que ele continue trazendo figuras novas, inclusive pegando a juventude útil e competente, que lê e entende a história. E que, continue trazendo figuras novas para conhecimento dos presentes e dos futuros paranaenses.
Não posso deixar de agradecer aos funcionários, colaboradores, as agências, anunciante e público ao êxito da RIC no Paraná e Santa Catarina, que desponta como maior grupo regional de comunicação do Brasil dirigido por Leonardo e Marcello, mas com centenas de brilhantes funcionários dedicados para a boa imprensa e para a boa comunicação.