É curitibana, nasceu nos anos 50, com a comunicação sempre em sua vida. Laís Mann nasceu loira de papel passado na Água Verde. O avô era um inglês que veio trabalhar no porto de Antonina, a avó tinha a pele negra das mais belas do litoral. Do seu avô herdou os cabelos, da avó recebeu voz e gingado, que fizeram da menina de apenas 16 anos uma das manecas mais requisitadas naquela Curitiba que Sylvio Back filmou para o cinema no Lance Maior, em 1968.
Quis o destino, a menina que aprendeu a ler sozinha estava desfilando com as cores das Lojas Mazer quando foi colhida para o sucesso. Assim, do dia para a noite, e sem nunca ter percebido que tinha mel na voz, foi apresentar o telejornal do Canal 12, na Rua Emiliano Perneta. Um ano depois, um estranho bateu em sua porta: era o notável diretor de televisão Osni Bermudes, com uma proposta irrecusável: pelo triplo do salário (uma fortuna para quem morava numa casinha com galinheiro no quintal), a garota de 17 anos se tornou a apresentadora do Show de Jornal – TV Iguaçu, Canal 4 -, o telejornal que parava as noites de Curitiba.
Era um fenômeno, o Show de Jornal. Com Laís Mann, uma delícia ao lado de Jamur Junior, João José de Arruda Neto (JJ) e Haroldo Lopes.
Sem estar filiada a nenhuma grande rede nacional, a TV Iguaçu fazia do jornalismo âncora de uma programação campeã absoluta de audiência. Não podia menos, com aquele time de craques: Ducastel Nicz, Renato Schaitza, Adherbal Fortes de Sá Junior, Paulo Vítola, e tantos outros que não deixavam a bola cair nos pés dos adversários. Justificam-se os termos do futebol: pouco depois seríamos campeões no México e a TV Iguaçu passaria a transmitir a programação da Rede Globo. Se já era um Show de Jornal, com Roberto Marinho na grande área Paulo Pimentel dava show de bola.
Em 1973, depois de a TV Iguaçu ter derrubado o governador nomeado Leon Peres, Laís Mann se casou com o empresário José Campos Hidalgo. Juquinha, já falecido, fazia escolta à bela no Country Club, contornando saias justas que a presença da loira causava, e nas ruas segurava fãs afoitos em busca de autógrafos. O casamento se foi, como se foi o casamento com o Show de Jornal, enlace este rompido por motivos de força maior, quando os sabujos da ditadura sufocaram a TV Iguaçu.
Quem canta seus males espanta e Laís Mann foi cantar em outras freguesias: atuou como cantora e atriz na peça Cidade sem Portas, no Teatro do Paiol; comandou um vitorioso programa na Rádio Independência; num segundo casamento conheceu os bastidores de Brasília; no Rio de Janeiro fez parceria com Billy Blanco no Chico´s Bar; e saiu por aí: livre, leve e feliz na medida do possível.
Hoje com quatro filhos, três netos, Laís Mann só guarda uma pontinha de arrependimento: convidada para ser apresentadora na Globo do Rio, a menina da Água Verde não se imaginou longe de Curitiba.