Nascido em Curitiba, no dia 9 de novembro de 1931, filho de pais alemães, José Kalkbrenner e Ida Maria Biber Kalbrenner. Fui alfabetizado no idioma germânico e somente aprendi português aos 6 anos de idade.
Quase em toda minha vida, como profissional, meu foco foi a fotografia. No período de 1945 a 1952, comecei com o Carlos Boutin, num aprendizado em laboratório de fotos amadoras: revelação de negativos, provas contato, cópias, ampliações.
Em 1952, fiz fotografia jornalística para os jornais Paraná Esportivo e Gazeta do Povo.
Como funcionário do Instituto Brasileiro do Café, em 1954, dediquei-me à fotografia documentária. Com a chegada, em 1955 do novo jornal Diário do Paraná, dos Diários Associados, fui convidado pelo jornalista Adherbal Stresser para a editoria de fotografia. Na época, começaram a surgir os primeiros flashes eletrônicos alimentados por lâmpadas de magnésio, uma cada foto. Ele mesmo comprou o flash e as lâmpadas.
“Mas fiz um acordo com o jornal. Para cada chapa que batesse pegava uma lâmpada para mim e a vendia. Com isso paguei meu flash só com a venda das lâmpadas”
Numa ocasião, quando jantava me deliciando um belo fricassê de frango e vinho tinto no restaurante Zacarias, aconteceu o histórico incêndio do Cine Luz, na praça Zacarias que registrei fotograficamente todos os seus instantes publicados no DP.
Cobri também vários concursos de Miss Paraná e Miss Brasil. Em 1957, foi contratado pelo Foto Paris, para fotografias sociais: festas, casamentos, debutantes e eventos.
“Numa dessas ocasiões, num baile de dubutantes, todo de smoking, corri para me posicionar no meio do salão, que muito liso, me levou de bunda ao chão, com as lâmpadas espatifadas se espalhando por todos os cantos e os convidados olhando para mim e rindo. Não tive outra saída. Fui embora, sem o dever cumprido.”
Meu primeiro grande futuro fotográfico aconteceu em 1958, quando da conquista do título mundial de futebol pela Seleção Brasileira na Suécia. Estava no Rio, com o jornalista Vinicius Coelho, à noite no Galeão, quando chegaram os jogadores. Uma aglomeração infernal e nenhuma condução que nos levasse até o Palácio do Catete, onde presidente Juscelino Kubitschek aguardava a seleção. Foi quando vimos um ônibus com as esposas, noivas, namoradas, mães dos jogadores e, para nossa surpresa, fomos gentilmente convidados a entrar naquele ônibus, integrando a animada caravana feminina. E lá, no Palácio do Catete, entramos pela cozinha, pelos fundos e a imprensa, do lado de fora. E demos de cara justamente com a Taça Jules Rumet, num estojo aveludado. E ali mesmo, fiz em primeira mão no Brasil, a foto da famosa taça, prestes a ser encaminhada ao JK e autoridades, publicada com exclusividade nos jornais paranaenses, o Diário do Paraná e o Paraná Esportiva, seus ninhos de trabalhos profissionais.
Em 1962, me tornei empresário, fundando a Fototécnica, o primeiro estúdio para atender a incipiente publicidade da província, de clientes como Incepa, Eliane Revestimentos Cerâmicos, Móveis Rudnick, Electrolux, Indústrias Condor, Renar Móveis e agência publicitárias.
“A gente não sabia nada.As empresas chegavam a montar um banheiro, com azulejo, pia vaso sanitário e banheira. E o mais surpreendente: com água saindo de todas as torneiras.Não era um faz de conta, toda essa estrutura para um par de fotos, que demorava praticamente um dia ou até mais. Minha escola foi o jornalismo. Sem ele não conseguiria manter uma empresa como essa!”
Pela Fototécnica, lá, passaram grandes nomes da fotografia paranaense notadamente como o meu sócio Helmuth Wagner e João Urban.
Dos meus esportes preferidos, foram a pesca e principalmente o ciclismo, quando em 1950, me tornei vice-campeão brasileiro de Resistência e em 1951 campeão paranaense. Nesse mesmo ano, fui campeão paranaense do Kilômetro Contra Relógio e em 1953 e 1955, campeão paranaense de Velocidade. Estive na Seleção Brasileira de Ciclismo, em Montevideo, São Paulo, Caracas. Depois das pistas, fui dirigente, em 1981 da Equipe Brasileira no Campeonato Mundial de Júniors na cidade de Leipzig, na Alemanha. Em 1954, na Prova de Seis Dias, realizada no Maracanizinho um ciclista chileno atravessou a minha frente e do Mário Guela, italiano campeão do mundo, nos alijando da prova com consequências graves: eu, com luxação na clavícula e o Mário, com perfuração da barriga, onde levou vinte pontos.
Ainda sobre meu mundo fotográfico, mantenho um pequeno museu no antigo estúdio, com a preservação de quase todas as máquinas e lentes que usei na profissão. Até as lâmpadas que faziam a função de flash estão lá, como milhares de negativos que serviram a compor a história de muitos jornais e da mais famosa revista especializada da época, a TV Programas, do jornalista Luiz Renato Ribas, o mesmo que está editando este livro, preservando à posteridade na internet a memória de profissionais de todos os ramos da humanidade.
Em 7 de maio de 1962 me casei com Maria Luiza Reihzin, que foi minha sócia na Fototécnica. Tivemos duas filhas Ingrid e Karin, que nos deram dois netos, Fernanda e Luiza.
Hoje aos 87 anos, tenho uma companheira, parceira há 20 anos, a Elizabeth Rodrigues.