Sou paranaense de Jacarezinho, meus avós maternos eram Joaquim e Dorcelina, e os avós paternos Godofredo e Messias. Meus pais Amélia e José. Meu pai era barbeiro, e tinha a melhor barbearia de Jacarezinho com o que sempre manteve a família. Tenho três irmãos, Zé Vitor, publicitário, a Maria Tereza, professora, e o José Eugênio, advogado em São Paulo. Quando tinha 8 anos, propus a meu pai ser engraxate de seus clientes. Por ser um barbeiro popular, por lá passavam clientes importantes, inclusive o prefeito da cidade. Fiz uns trocadinhos.
Tive uma infância muito gostosa em Jacarezinho, onde tenho muitos amigos com os quais até hoje preservo a amizade. Fazemos uma reunião de dois em dois anos, onde vão para lá os amigos de infância. Dentre esses amigos tive um muito especial, Fernandinho Rocha, que faleceu em 1986 prematuramente. Ele era o cara que cuidava da vida do Roberto Carlos. A mãe do Roberto, Lady Laura, foi ao enterro dele. Cidade de interior proporciona solidas amizades, e entre elas estão Pedro Martini e Eduardo Quintanilha com quem acabamos morando juntos em Curitiba. Em Jacarezinho, era uma vida muito solta, onde todos andavam descalços na rua. O nosso equipamento diário era calção e uma bola embaixo do braço para jogar futebol. Bola de futebol era o presente que meu pai me dava todo Natal. Com certeza, ganhava uma bola e um par de chuteiras, e ficava muito feliz, era muito gratificante, nem dormia nas noites anteriores, pois sabia que ia ganhar aquele presente.
Fiz o ginásio inteiro em Jacarezinho e Escola Técnica de Comércio também e tive professores fantásticos. Com 16 anos de idade, fui para São Paulo morar com meu irmão mais velho que já estava casado. Fui para lá, contra a vontade da minha mãe. Acabei arrumando emprego na “Aços Vilares” e sendo um tipo de office boy, secretário de confiança do Paulo Vilares, que na época ainda era um engenheiro jovem. O pai dele era presidente do grupo, Dr. Luiz Dumont Vilares.
Vim para Curitiba, após passar num concurso do Banco do Estado do Paraná. Fiz o concurso em Cornélio Procópio e, aprovado, fiquei aguardando minha nomeação. O projeto de vida estava focado naquilo. Era vir pra Curitiba, o que aconteceu em 1968, e fazer Faculdade. Assumi minha posição no Banco e em 1971, comprei meu primeiro automóvel, um Gordini vermelho, lindo carro. Esse carro eu comprei de uma senhora, cujo marido era o Dr. Cícero Arruda, que era advogado e chefe da casa civil do governador Leon Perez. Fui lá no Palácio, para fechar negócio e ele gostou de mim. Algum tempo depois de ter adquirido esse carro, eu fui convidado pelo Ronaldo que era o gerente do BMG (Banco de Minas Gerais), para ser subgerente. Fui apresentado ao Ronaldo por um amigo de futebol. Ele insistiu bastante para eu trabalhar com ele. Nesta situação, eu ganharia bem mais do que ganhava no Banco do Estado. Para tomar a decisão, telefonei para o Dr. Cícero e fui conversar com ele pessoalmente no palácio. Expliquei a ele que recebera este convite, e na mesma hora ele disse para aceitar, pois já havia ganhado um cliente. Quanto a minha preocupação em sair do Banco renunciando aos meus direitos, ele resolveu ligando ao Presidente do Banestado na época, Celso Saboia, e lhe disse o seguinte: “Celso, vou fazer um pedido estranho para você, quero que demita um funcionário”. E assim foi feito.
No banco BMG eu fui muito bem, fiz muito sucesso. Eu jogava bem futebol, modéstia à parte, o que me levava a vários lugares, onde fiz muitos amigos e isso me ajudou na atração de clientes para o banco, tanto que comecei a me destacar como gerente do banco em Curitiba e fui assediado pelo Banco Safra, que na época era dirigido pelo Dr. Percy Isaacson. Ele acabou me levando pra lá, com um convite irresistível. De lá, também migrei para o banco auxiliar de São Paulo, para novo desafio.
Em 1976 ,recebi convite para abrir uma filial da financeira ADEMPAR, controlada pelo grupo Scarpa de São Paulo. Após 2 meses da instalação e aberta a filial em Curitiba, fui chamado a São Paulo para participar com outros gerentes contratados de outras capitais, para reunião com o Conselho de Administração da Empresa, que era presidido pelo Presidente Juscelino Kubitschek. E lá estava ele, na cabeceira da mesa com os demais conselheiros, para ouvir os planos de cada gerente para suas respectivas regiões. Ele era uma pessoa fantástica. Terminada a reunião me aproximei e lhe disse que a família do meu pai era toda de Minas Gerais e que minha avó paterna era prima de Don José Lafayette, Bispo de Diamantina. Ele deu uma gargalhada e disse ser muito amigo dele. Combinamos de visitá-lo juntos em Diamantina o que infelizmente não aconteceu, pois Juscelino faleceu em um acidente na via Dutra dois meses depois.
Fui diretor do Banestado no governo de José Richa, o que me levou a tomar gosto pela área de mercado de capitais. A Banestado Corretora era a 2ª Corretora de Valores do Brasil o que me proporcionou formar uma rede fantástica de relacionamento com profissionais da área do Brasil inteiro.
Mais tarde, comprei a Corretora de Valores que era do Dr. Perci Isaacson, meu antigo chefe e me tornei membro da Bolsa de Valores do Paraná, instituição que presidi em duas gestões.
Com a evolução dos mercados, montamos um projeto audacioso de fazer uma Bolsa Nacional Eletrônica, nos moldes da Nasdaq dos Estados Unidos. A Bolsa de São Paulo não se interessou na época, e acabamos montando uma empresa que se chamou SOMA (Sociedade Operadora do Mercado de Ativos) com o apoio da Bolsa de Valores do Rio de Janeiro. Foi um projeto fantástico, uma Bolsa Nacional com sede no Rio de Janeiro, onde os sócios eram as instituições de mercado de todo o Brasil. Fui eleito presidente em 1997 e permaneci até 2001, quando em uma Assembleia Geral a Bovespa acabou comprando todo o sistema.
Hoje, meus negócios estão centralizados na Dukaz Holding. Essa empresa congrega uma Incorporadora de Imóveis, uma Administradora de Bens, e uma Indústria de Plásticos. São os negócios aos quais me dedico junto com meu filho, Zé Eduardo, que faz a gestão da Indústria de Plásticos, que fica na cidade de Pinhais, região metropolitana de Curitiba.
Fica aqui uma homenagem a minha esposa, Terezinha Vieira que tem me acompanhado esse tempo todo nessa jornada, ela sempre foi parceira nas vitórias e nas derrotas também, junto com seus filhos Letícia e Raul que foram praticamente criados por mim.