João José Bigarella Grã-Cruz da Ordem Nacional do Mérito Científico (Curitiba, 23 de setembro de 1923 — Curitiba, 5 de maio de 2016) foi um geólogo, geógrafo, geomorfólogo, engenheiro químico e professor universitário brasileiro.
Nos mais de 70 anos de carreira, publicou mais de 200 artigos técnicos e científicos em diversos países, sobre os mais variados temas das Ciências da Terra, principalmente no campo da Geologia. Além disto fez parte de inúmeras entidades e sociedades científicas, tanto como membro quanto dirigente e foi extensivamente premiado e condecorado [2]. Foi um dos primeiros defensores da proteção do meio-ambiente, muito antes de a ecologia tornar-se um assunto importante . Bigarella foi professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR) de 1949 até 1980, quando se aposentou como Professor Titular , tornando-se professor visitante na Universidade Federal de Santa Catarina. As principais áreas de atuação do Professor Bigarella eram o estudo sobre a movimentação dos continentes, a revisão global dos depósitos eólicos ou dunas, tanto recentes como antigos, na Bacia do Paraná, e a geologia e geomorfologia do quaternário brasileiro .
João José Bigarella é natural de Curitiba, capital do estado do Paraná, sendo filho de José João Bigarella e Ottilia Schaffer Bigarella. Era casado com a artista plástica curitibana Íris Koehler Bigarella, com quem teve três filhos, cinco netos e quatro bisnetos . O Professor Bigarella formou-se sucessivamente em Química, em 1943, Química Industrial, em 1945 e Engenharia Química em 1953, sendo que todos os cursos foram realizados na Universidade Federal do Paraná (UFPR). Posteriormente, tornou-se doutor em Ciências Físicas e Químicas, pela UFPR. Finalmente, em 1953 tornou-se Professor catedrático em Mineralogia e Geologia econômica, também pela UFPR .
Como químico, começou a trabalhar para a indústria do cimento, na prospecção e análise de matéria-prima mineral. Em 1944 ingressou no Museu Paranaense: “O museu foi minha escola de vida, onde eu desenvolvi capacidade de pesquisa”, relembra o professor. Em 1945 foi contratado pelo Instituto de Biologia e Pesquisas Tecnológicas, atual Instituto de Tecnologia do Paraná, para trabalhar na divisão de Mineralogia e Geologia. “Nesse momento, eu me envolvi muito com a geologia e decidi que minha carreira seguiria esse caminho” . Iniciou sua carreira no magistério em 1949, como professor das disciplinas de Mineralogia e Petrologia, na Universidade Federal do Paraná. Até sua aposentadoria, em 1980, ministrou diversas outras disciplinas, principalmente Sedimentologia, tanto na UFPR quanto em outras universidades. Com a criação do Departamento de Geologia, na UFPR, foi o primeiro chefe do departamento, entre os anos de 1975 e 1976. Além de professor, ele colaborou na implantação de diversos cursos de Pós-Graduação em universidades espalhadas pelo Brasil .
Desenvolveu um equipamento chamado estereohelioplanímetro e que serve para medir a direção e o ângulo de mergulho das paleocorrentes, ou seja, que existiam durante a deposição dos sedimentos. Este aparelho ficou conhecido como “bigarelômetro” . A utilização deste aparelho nos estudos da Formação Botucatu, de idade jurássica a cretácica e formada por arenitos eólicos, ajudou na determinação da direção dos ventos que ocorriam durante aquela época [7].
Bigarella é autor de mais de 200 trabalhos publicados em vários países, como Estados Unidos, Canadá, Inglaterra, Holanda, Alemanha, Rússia e África do Sul, além do Brasil. Entre eles, destacam-se o estudo sobre a movimentação dos continentes, a revisão global dos depósitos eólicos ou dunas e da geologia e geomorfologia do quaternário brasileiro . Realizou pesquisas geológicas e geográficas em vários países da América do Sul e da África, interessado principalmente nos problemas relacionados com a deriva continental . O seu trabalho sobre dunas recentes no litoral paranaense até hoje é referenciado nos mais importantes livros e artigos sobre ambientes eólicos.
Foi membro da Academia Brasileira de Ciências e da Academia Latino-Americana de Ciências. Participou da Sociedade Brasileira de Geologia, da Geological Society of America, da Associação dos Geógrafos Brasileiros e da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência . Foi membro do International Geological Correlation Program da UNESCO entre 1973 e 1976 e seu vice-presidente de 1975 a 1976 . Fez parte do corpo editorial de diversas revistas científicas européias .