Era proprietário do tradicional Restaurante Pasquale, localizado no Passeio Público. “
“Ele não era apenas dono daquele restaurante. Era dono da praia de Curitiba, onde todo mundo ia ali porque era ele, Pasquale, o catalizador de tudo, mesmo que a gente não conseguisse trocar um dedo de prosa nos sábados da feijoada mais famosa da cidade – e isso vai ser para sempre porque não surgiu mais nada parecido. Claro que falávamos de futebol, ele que viveu seu tempo de jogador, se não me engano, mas de técnico no templo sagrado da Baixada. João de Pasquale falava baixinho como os sábios, porque estes não precisam alterar um decibel o tom para demonstrar conhecimento ou poder. Não sei por que sempre reparei nos sapatos que usava, finos. Fiquei espantado com essa idade, mas sei que ele foi embora criança. Quando saiu daquela ilha da nossa fantasia, o restaurante afundou. Porque ele era a sua alma. Houve uma reforma que não precisava ser feita. Depois, o reinado acabou em nome de uma modernidade que não existe, porque a história, ah, a história é feita de gente que viveu os tempos e soube captar o que interessa. João de Pasquale tinha esse dom. E toda vez que eu levava um boleiro para entrevistar ali, no meio da semana, sob as árvores perto do lago, ele passava, era reverenciado pelo escolhido da vez e saía discreto como chegou, para não atrapalhar. Depois, nos encontramos algumas vezes nas arquibancadas do Atlético, ele sempre demonstrando sabedoria futebolística, uma de suas grandes paixões. E sorria, mostrando que na vida as coisas ruins são necessárias para valorizarmos as boas. E ele tinha essas de sobra. Com sua partida, Curitiba perde parte viva da história. Mas ele fica para sempre. Amém!” (Zé Beto).