Sou nascido em Curitiba, em 19 de maio de 1934, já se vai mais de 82 anos, faz tempo. Meu pai chamava-se Jorge Kosop e minha mãe Marina Martins Kosop. Meu pai era filho de Alberto Kosop, que era imigrante da Áustria, e no século anterior veio ao Brasil para trabalhar, era seleiro. Conheceu a minha avó, Suzana Wolf em São Bento do Sul, Santa Catarina. Ela também era filha de imigrantes, alemães, porém nascida em São Bento.
A minha mãe, Marina Martins Kosop, era gaúcha; meus avós eram Pedro Virginio Martins e Francisca Bina Martins. O Pedro Virginia Martins era descendente de portugueses, porém nasceu em Santana do Livramento, lá no sul do Rio Grande do Sul, divisa com o Uruguai. A minha avó era filha de imigrantes italianos, a família Bina morava em Porto Alegre. Então, essas são as minhas origens.
Tenho origem austríaca e alemã do lado paterno, portuguesa e italiana do lado materno. Não conheci o meu avô paterno porque faleceu moço, quando meu pai ainda era solteiro. O meu avô Alberto morreu aos 52 anos.
Depois do casamento de Alberto e Suzana, meus avós acabaram vindo a Curitiba, onde abriram uma loja de couro, posteriormente um curtume. A firma era Kosop & Wolf, que ficava ali na Rua Comendador Araújo, esquina com Visconde do Rio Branco, onde hoje é o edifício Paraná. Posteriormente, a empresa ficou somente Kosop & Cia.
O meu pai, Jorge, com o irmão dele, o Roberto, saíram daquela loja e abriram um curtume no Seminário. Na época da guerra, eles fabricavam artigos de couro para montaria, selas, arreios, importavam pelego da Argentina, que serviam para montaria, vendiam muita coisa para o Interior do Estado. Naquela época, era feita quase toda através de cavalos. O meu avô materno, Pedro, era engenheiro. Nascido em Santana do Livramento. foi estudar engenharia em Ouro Preto, em Minas Gerais. Como disse, eu nasci ali no Batel, a minha casa ficava na Rua Bispo Dom José, 2186, prolongamento da Avenida Batel. Um pouco acima da Pracinha, era uma chácara, o terreno tinha 35,00 mts de frente por 170m de fundo. Então, no meu tempo de garoto, minha avó tinha vaca de leite e cavalos de corridas, que levávamos ao Guabirotuba para correr. Fui estudar no Colégio Dom Pedro II, os meus primeiros estudos foram lá. A minha primeira professora foi dona Eulina. Formado no Grupo Escolar Dom Pedro II, fui para o Internato Paranaense, hoje Colégio Marista. Isso foi em função do meu tio Roberto, que morava bem em frente ao Internato e era muito amigo dos Irmãos Maristas. Ele, então, conseguiu que meu primo, eu e meu irmão estudássemos lá como externos. Depois de completado o científico, acabei fazendo vestibular e ingressei no curso de Direito. Foi também uma bela época da minha vida, quando, durante cinco anos, estudei Direito na Universidade Federal. Naquele tempo só havia uma Faculdade de Direito em Curitiba, a da Universidade do Paraná. Posteriormente, surgiu a Faculdade Curitiba e a Faculdade Católica.
Desde os tempos de criança, convivi com cavalo de corrida.. Duas ou três vezes por semana, esses cavalos eram levados até o Guabirotuba trabalhando os cavalos ainda no escuro, na madrugada. Lá no Guabirotuba, havia uma revista de turfe chamada “Turfe em Marcha”, do Douglas Godoy, o“Boca”, e do Fernando Guimarães. Eles me convidaram para trabalhar com eles, e acabei me tornando cronista de turfe. O Raphael Munhoz da Rocha, saudoso amigo, trabalhava no jornal “O Estado do Paraná” e me convidou para ajudar na página de turfe, que ele fazia diariamente. Então, trabalhei alguns anos com o Raphael.
Posteriormente, “O Estado” passou para as mãos do ex-governador Paulo Pimentel e foi criada a “Tribuna do Paraná”, um jornal que saía à tarde. Na “Tribuna”, fui convidado para fazer a página de turfe. A gente escrevia sobre turfe todos os dias e havia público para isso, tanto que os outros jornais também tratavam do turfe.
A “Tribuna” mudou-se, depois, lá para a Rua Barão do Rio Branco, próximo de onde está hoje a Câmara de Vereadores. E para lá fui eu também. A gente datilografava a matéria, passava para o linotipista, este para o paginador, que montava a página, e aquilo era impresso para ser publicado no dia seguinte.
Nesse tempo, fui convidado pela Rádio Emissora Paranaense, que era do Nagibe Chede, para irradiar as corridas de turfe. Então eu narrava as corridas como locutor no sábado e no domingo pela Emissora Paranaense e trabalhava no jornal.
Além da Emissora Paranaense tinha a Rádio Guairacá, onde o Luiz Renato Ribas era o narrador de turfe na época. O meu irmão Luiz Fernando era locutor interno e narrava as corridas do interior do hipódromo para o público. As cabines estavam instaladas em cima das arquibancadas do Guabirotuba. Havia uns trilhos para equilibrar as cabines e cada cabine pertencia a uma emissora diferente.
Eu irradiei a última corrida de encerramento do Hipódromo do Guabirotuba, em novembro de 1955. O último páreo corrido foi ganho pela Humorada, uma égua de Pedro Alipio Alves de Camargo, que posteriormente foi presidente do Jockey Clube. Dias depois, em dezembro do mesmo ano, foi inaugurado o Hipódromo do Tarumã, uma coisa maravilhosa, majestosa. Saímos do Guabirotuba e fomos para o Tarumã. Lá continuei irradiando as corridas, em instalações superconfortáveis, na arquibancada dos profissionais; também irradiei a corrida inaugural do Tarumã, que foi em um sábado, e o cavalo ganhador chamava-se Michelangelo.
Na sequência, formei-me advogado. Então, deixei de ser locutor de turfe e de narrar corridas e passei a ser advogado. Na ocasião, fui convidado para trabalhar em um escritório de advocacia de um primo do meu pai, chamado Alfredo Wolf, sobrinho da minha avó, da família Wolf. Iniciei como estagiário e depois de formado continuei trabalhando com ele. O escritório ficava na Avenida Luiz Xavier, onde aprendi muito sobre Direito. Depois de formado, conheci aquela que viria a ser a minha esposa, Luci Rocha Pires. Casamo-nos em 1965, há 51 anos.
O doutor Henrique Nogueira Dorfmund era um juiz de Campo Largo, que havia sido colega do Wolf no Aeroclube do Paraná. Parece que eles voavam juntos e quando o doutor Henrique vinha de Campo Largo a Curitiba passava no escritório do Wolf, para tomar chimarrão e bater papo. Certo dia, ele indagou se eu não tinha interesse em ingressar na carreira da magistratura, virar juiz como ele. Mas eu nunca me interessei, era jovem, morava com os meus pais, tinha casa, comida, roupa lavada, ganhava no escritório, era jornalista e locutor, morava em Curitiba no asfalto e não queria enfrentar o Interior. Porque, naquele tempo, o Interior do Paraná era terrível, não havia asfalto, era só estrada de barro. Então, não tinha interesse nenhum em enfrentar o Interior. Além disso, naquela época o juiz começava no Interior e a remuneração era baixa.
Um cliente do escritório do Wolf, chamado Murilo Camargo, era oficial de registro de imóveis em Loanda, uma cidade que fica no noroeste do Paraná, próximo ao Rio Paraná, no fim do mundo. Ele ia até lá uma vez no mês buscar o dinheiro provavelmente, e passava o resto do tempo em Curitiba. Na ocasião, ele chegou no escritório e me convocou para entrar com uma ação lá em Loanda pra cobrar um crédito. Assim, eu precisei pegar um avião aqui em Curitiba e ir até Londrina, onde peguei um taxi aéreo até Loanda, pois pelo chão demoraria dois dias. Desci na pista de terra e fui até o Fórum pra entrar com a ação.
Perguntei qual era o juiz daquela comarca. Era o doutor Haroldo Wolf. Eu o conhecia desde o meu tempo de Jockey Club, fora meu companheiro de turfe no Guabirotuba. Ele me convidou para jantar em sua casa e me contou de todas as dificuldades de trabalhar naquele local, além de receber uma remuneração baixa. No dia seguinte, voltei para Curitiba e afastei qualquer ideia de ingressar na magistratura. Preferi continuar advogando em Curitiba.
Fui, então, nomeado para a Assembleia Legislativa do Estado. Quando fui tomar posse no início de carreira, o diretor-geral era um turfista, o Carlos Eduardo Valente, mais conhecido como Carlinhos Valente.
No tempo de estudante, tirei CPOR (Centro de Preparação de Oficiais da Reserva), que se localizava onde hoje é o Shopping Curitiba. Fiz curso de Cavalaria. Depois de me formar no CPOR, fui fazer estágio e escolhi Santana do Livramento, a terra onde meu avô havia nascido, fui ao final do ano de 1957 e lá fiquei três meses. Morava no quartel. Daqui de Curitiba foi um grupo de seis amigos.
A prática da área criminal não me serviu; tive algumas experiências na área trabalhista, mas permaneci na área civil e de comércio. No Direito Imobiliário, modéstia à parte, fui advogado de empresas grandes. Comecei com a Comissária Galvão; depois, a PARANÁ INCORPORAÇÕES S/A. Fui também advogado da ENCOL S/A, na época com 26 filiais no país.
Casei-me aos 31 anos com a Luci, e depois de casados fomos morar no Edifício Caxias, um edifício incorporado por militares, em frente à Reitoria da Universidade Federal. Meu sogro era militar, General Amilcar da Silva Pires. Ali nasceram meus três primeiros filhos, o Jorge, formado em Direito, que trabalha comigo, casou-se com a Vanessa e tem dois filhos; o Hugo e o Danton. Depois, nasceu o Eduardo, formado em Administração. Então nasceu a Vanessa, que é a terceira filha, fotógrafa profissional, que tem dois filhos, o Gustavo e o Guilherme.
Mais tarde, construí a minha casa, onde moro até hoje, no Batel, na Rua Hermes Fontes, esquina com Gabriel de Lara, atrás do Colégio Rio Branco. Na época, a rua ainda era de barro. Nessa casa nasceu a minha última filha, a Viviane, formada em Engenharia de Alimentos, casada com o advogado Bruno Cavallin e que agora está grávida.
Em uma viagem aos Estados Unidos, comprei tacos de golfe em Nova York. Cinco anos depois, o meu amigo Tilico me convidou para fazer aula golfe no Graciosa, e assim fui gostando do esporte, me tornei um golfista militante, adoro golfe. Todos os campos de golfe são lindos, não existe campo de golfe feio, são maravilhosos, gramado, jardim, lagos, passarinhos cantando.
Acabei deixando de ser turfista, comecei a me afastar do turfe e ir jogar golfe. Até hoje não consigo entender como deixei de ser turfista, abandonar os cavalos, para ser golfista. Porém, continuo advogando, diminuí a minha atividade, mas os clientes antigos sempre aparecem e as causas pendentes continuam. Sigo atendendo à velha guarda.
Leonardo, seu quinto neto, nasceu em 2017, filho de Viviane e Bruno.