Nasceu em Curitiba em 07 de outubro de 1930, filho de Paulo Francisco Schmidlin e de Luzia Agathe Juliane Barz. Descendente de alemães, desde muito cedo se habituou as salutares caminhadas e passeios, tão comuns na maioria dos países europeus. Recordando-se, quando menino, residia no “longínquo” bairro de Santa Felicidade onde empreendia longos passeios em companhia da mãe. Do gosto pelos passeios e caminhadas para o montanhismo, foi um passo. Assim, ao completar 10 anos de idade, resolveu fazer uma caminhada pelas montanhas, e foi conhecer, o já famoso Olimpo. Decididamente apaixonou-se pelo local, e tratou de travar conhecimento com os alpinistas locais, na maioria alemães, ou descendentes de alemães e em pouco tempo já estava com quase todos os montanhistas que freqüentavam o Marumby. Como a vida não se resume só em escalar, Vitamina, paralelamente as atividades de montanha, cursava o ginásio no Colégio Santa Maria e posteriormente concluiu o científico no Internato Paranaense. Fez vestibular para o Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA) um dos mais difíceis do país, alimentando um velho sonho de ingressar na aviação, não obtendo classificação. Entesado com o insucesso, e com os brios feridos, voltou para Curitiba, e inscreveu-se em três vestibulares numa só vez engenharia, química e direito. Passou nos três, decidiu-se pelo curso de Ciências Jurídicas pela Universidade Federal do Paraná. Após concluir o curso superior ingressou no Banco de Minas Gerais e mais recentemente, a convite do Governador do Estado, ingressou na Secretaria de Educação, no gabinete de assessoramento jurídico daquela pasta, onde permaneceu até hoje. Aliás, Vitamina, sempre soube transitar com desenvoltura, por quase todos os órgãos de governo, principalmente os ligados à problemática ecológica ambiental, como o ITC, Surehma. Graças aos seus profundos conhecimentos sobre a Serra do Mar: Qualquer projeto relacionado as nossas montanhas, só se tornavam viáveis com um aval, um parecer, de Vitamina.Por muitas vezes assessorou órgãos de governos em projetos na Serra. A Copel solicitou seus préstimos, em certa ocasião, para coordenar a operação de colocação de refletores de microondas, que atualmente são visíveis no Ciririca, de qualquer canto da Serra. Neste pico, Vitamina, inaugurou a primeira escalada técnica do local, uma vez que a conquista havia sido feita muitos anos antes pelo trio Vespa, Arame e Lanterna. Os trabalhos solicitados pela Copel iam desde a abertura de clareiras até o balizamento de helicópteros que levavam os materiais para a montagem dos refletores. Muita gente imagina, que aqueles refletores se prestam para a transmissão de imagem de TV, quando na verdade é apenas um recurso usado pela Copel, para acionar a longa distância, as chaves das comportas da represa do Capivari-Cachoeira, através da emissão de sinais de Curitiba. Posteriormente Vitamina fez parte da Comissão da Paranatur, que preparava projeto para viabilizar formas de exploração turística do Parque Marumby. Vitamina foi ainda, sócio-fundador da Associação de Defesa Ecológica e Ambiental (ADEA), sócio-fundador do Círculo Marumbinista de Curitiba (CMC), sócio-fundador do Clube de Montanha (CM) e atualmente é sócio-benemérito do Clube Paranaense de Montanhismo. Nestas quatro décadas de montanhismo, reuniu um precioso acervo histórico, através de relatos minuciosos de todas suas excursões e Serra do Mar, somada a centenas de fotografias, retratando diversos ângulos e aspectos da Serra do Mar. Gostaria de algum dia fazer público todos esses documentos e fotos, através de um “Museu de Montanhismo”, porém não vinculado a nenhum Clube, pois experiências anteriores lhe deixaram experiências pouco agradáveis, já que os Clubes podem sofrer ingerências políticas e administrativas, que podem colocar tudo a perder. Sonha com um local na própria Serra do Mar, aberto a todos, longe das ingerências políticas. O material colecionado foi suficiente bastante para que Vitamina escrevesse um livro de mais de 500 páginas, que está totalmente acabado, esperando apenas uma oportunidade, ou patrocínio para ir ao prelo. É absolutamente impossível arcar com o orçamento de publicação, que segundo informações recentes, chegam a uma pequena fortuna. Porém, esta não é a primeira obra de Vitamina, anteriormente já havia editado, esta sim, por sua própria conta, um livreto que é o “Guia Turístico do Marumby”, onde constam informações genéricas para quem procura visitar o Marumby. Neste livreto constam informações desde a altitude dos Picos que compõem o Conjunto Marumby, até sugestões do que levar, ou o que se comer na Serra. O livreto pode parecer modesto nas suas 12 folhas, mas é o único trabalho do gênero que se tem conhecimento na Serra. Quem quiser saber algo sobre o Marumby, tem que lançar mão deste manual confeccionado quase que artesanalmente, e com recursos do próprio Vitamina, que distribui gratuitamente, a quem lhe peça. Atualmente está elaborando uma nova edição do Guia Turístico do Marumby, mais completo, corrigindo as omissões do primeiro. Vitamina também foi o idealizador da placa com o roteiro turístico que se encontra encravado em frente à Estação do Marumby, que é de fundamental importância, principalmente aos jovens que vão ao Marumby pela primeira vez. As placas somadas as fitas coloridas colocadas nas picadas, permitem que os jovens subam e desçam do Marumby na mais perfeita segurança, sem risco de se perderem nas incontáveis picadas que cortam o Conjunto. Mesmo assim, Vitamina recomenda aos jovens, que nunca tenham ido ao Marumby, não subirem sozinhos, procurem pessoas vinculadas a Clubes de Montanhas, que conhecem o local como a palma da mão. A Polícia Florestal, ou mesmo qualquer outra pessoa que já tenha estado lá, e conheça o local. Vitamina se recorda, que por muitos anos levou jovens para a montanha, iniciando-os no montanhismo, e até hoje quando lhe pedem, não se furta de acompanhar quem quer que seja. Em 1981, Vitamina, e seu colega Dálio Zippin Filho, realizaram um programa para crianças no Parque Bariguí, que visava exatamente iniciar as crianças no montanhismo. O Programa chamava-se Semana de iniciação à montanha, e funcionava como uma espécie de colônia de férias, onde as crianças tinham a oportunidade de aprender noções básicas de montanhismo, através de projeção de slides, caminhadas através do “Caminho da Vida” (Trilha existente no Parque Bariguí) descida de rappel num pequeno baranco, noções básicas de navegação na selva, etc…Quanto ao alpinismo técnico, Vitamina acha que pode ser praticado indistintamente por qualquer pessoa, já que se trata de um esporte sério com regras e técnicas bem definidas, e não uma aventura. Galgar uma montanha é como saltar de pára-quedas, como fazer um vôo com asa-delta, como esquiar, basta técnica e prática.
Vitamina não gosta muito de falar de política, mas acha que política faz parte do jogo, porém não deve ser tomado como uma bandeira por um clube, o principal para um montanhista é a montanha. A política aliás já causou muitas surpresas, e recorda-se de fatos pitorescos, como o ocorrido em 1945, quando o poder Constituído prendeu seu amigo Reinhard Maack, geólogo mundialmente conhecido, e autor da primeira obra traçando o perfil geológico da Serra do Mar. Foi Maack, que descobriu através de cálculos, Que o Pico Paraná era o mais alto do sul do Brasil, superando inclusive o próprio Marumby, até então conhecido como o Pico mais alto do Paraná. Reinhard Maack, foi preso, sobre a alegação que era alemão e subia as montanhas com o propósito de sinalizar os submarinos alemães, para entrarem na Baía de Paranaguá.
Mais tarde em 1963, quando a revolução lutava para desarticular os últimos focos de subversão ao regime, muitos montanhistas acabaram sendo presos de roldão, sob o pretexto de apoiarem e darem cobertura ao guerrilheiro Capitão Lamarca, que com seu grupo, escondia-se no Vale da Ribeira, na divisa do Estado do Paraná e de São Paulo, e nas imediações do Pico Paraná, que era freqüentado pelos montanhistas, como sempre fora, com Lamarca, ou sem ele.Os montanhistas simplesmente não conseguiram convencer as autoridades, que estavam por mero lazer, e na falta de uma explicação mais convincente do “que estavam fazendo no mato” eram detidos para averiguações. Na época existia um abrigo de pedra, rústico, quase no cume do Pico Paraná, que havia sido edificado com muito esforço pelos montanhistas, para servir de base para futuras expedições de conquistas as paredes do Pico Paraná, União e Ibitirati. O abrigo foi destruído, misteriosamente. Falando em Pico Paraná, vitamina esclarece, que existe um mal entendido quanto à conquista do Pico Paraná. Quem conquistou o Pico Paraná foi Rudolfo Stamm, e não Reinhard Maack, que nas primeiras expedições ao PP se limitou ir até o Caratuva. Somente na 3ª ou 4ª Expedição ao PP, que Maack, atingiu o cume. Portanto, a conquista do PP cabe ao Stamm, e a descoberta que o PP era o Pico mais alto do Paraná e do Sul do Brasil, cabe a Reinhard Maack.
Solicitamos ao Vita, antes de encerrar a entrevista, que nos explicasse a origem do seu apelido, e esclareceu, que quando jovem, gostava de legumes e verduras cruas (Cenoura, nabo branco, etc.) e muitas vezes, propositalmente, levava seu “Lanche” ao cinema e, no meio da seção começava a roê-los, com o ruído que lembrava um liquidificador triturando alguma coisa. Daí alguém lembrou que o sujeito barulhento estava fazendo Vitaminas. Como Vitamina é um apelido por demais complicado para o gosto brasileiro, somado a mania nacional de se abreviar tudo, passaram a lhe chamar Vita, que é o apelido que tem até hoje. Sua esposa Dulcinéia de Souza Schmidlin, é conhecida somente pelo seu nome abreviado “Dulce”. A soma dos dois apelidos, acaba formando uma conhecida expressão italiana, DULCE VITA. O casal DulceVita, possui dois filhos, Lucia Agathe Juliana Schmidlin e Paulo Henrique Schmidlin. Se for mantida a tradição da família, em breve serão inveterados montanhistas, tal qual os pais. Para encerrar a matéria, como é de praxe, lhe perguntamos, se não gostaria de transmitir alguma mensagem aos jovens montanhistas, que estão se iniciando no esporte, disse: – “No ano em que se comemora “O Ano Internacional da Juventude”, devemos, mais do que nunca, valorizar e ter fé nos jovens, e aprender com os jovens, pois o mundo é dinâmico e se transforma dia a dia, temos que se transformar com ele, sendo um eterno aprendiz, para não correr o risco de parar no tempo “ACREDITAR NO JOVEM, É ACREDITAR NO FUTURO.”
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Excelente oportunidade de ouvir um pouco a história de vida do Vitamina. Eu o conheci através da Montanha, mas ele é muito mais que um montanhista!
Um gr ab PH