Sou brasileiro, nasci aqui em Curitiba. Nasci na Rua Carlos de Carvalho, 1470. A casa em que eu nasci ainda está no mesmo lugar, esquina com a Capitão Souza Franco. Ali era uma chácara da família De Mio, da qual eu tenho por parte de mãe o sobrenome de Mio, e por parte de pai o sobrenome Geara.
De Mio do meu avô, um imigrante italiano que veio para o Brasil ainda nos anos de 1886. Nasceu na Itália, veio como imigrante, veio em um navio. Aportaram em Santa Catarina. E meu avô, De Mio por parte de mãe, tem uma história muito interessante. Que meu avô foi um, de origem até pedreiro, e que por seu próprio esforço, veio a se constituir em um dos maiores arquitetos sacros aqui do Paraná, com diversas igrejas.
E por parte do meu pai, eu sou Geara, também de um imigrante libanês. E vejam como o Brasil é grande, porque um imigrante, meu pai, descendente de libaneses, casou com uma italiana. Talvez na Itália não tivesse essa oportunidade, de casar um libanês com uma italiana, e nem na Itália, uma italiana com libanês. E aqui no Brasil né, um país de todas as raças e credos, nós tivemos essa facilidade.
Eu estudei no Grupo Escolar Júlia Wanderley. Tenho uma característica bastante pitoresca, o colégio Júlia Wanderley fica ainda, está lá no mesmo lugar, na Rua Vicente Machado. E era uma divisão, entre o Batel, que era uma zona residencial, das pessoas de grande poder aquisitivo, e o Bigorrilho, Saldanha Marinho, onde moravam os imigrantes ucranianos, polacos. E ali nós convivemos, na escola Júlia Wanderley, nós convivemos ecleticamente né.
Durante quatro anos fiz o Grupo Escolar Júlia Wanderley, e depois, posteriormente, passei e fiz o colegial no Colégio Bom Jesus, que era um sonho meu. E no Colégio Bom Jesus eu tive uma grata alegria, uma satisfação de receber, por ser minha família muito católica, até do meu avô que trouxe isso, meu avô era arquiteto sacro, que construiu várias igrejas aqui no Paraná, várias igrejas em Santa Catarina. As principais delas eu até posso citar, que foi a Igreja de Santa Terezinha, o Colégio Santa Maria, a Igreja das Mercês, e tantas outras né.
Entre eu e meus irmãos, o Amadeu Geara, meu irmão, deputado federal, vereador por Curitiba, uma pessoa muito conhecida. Meu irmão mais velho, Hélio Geara, já falecido, foi ser empresário em São Paulo. E esse fundamento religioso que nós tivemos, me ajudou muito na formação do nosso caráter. E essa formação que a minha mãe nos deu, formou a nossa personalidade, nós sentimos isso durante toda a nossa vida, devemos muito a ela.
E o meu pai também, que era um comerciante da Rua XV de Novembro, o meu avô já, o meu avô paterno o Geara, quando veio para o Brasil, veio com algumas condições afinal, porque veio fugido de lá. O seu pai tinha uma condição boa lá, e o meu avô veio para cá e veio ser comerciante onde hoje é a Casa Edith. A minha origem no comércio.
Depois eu estudei no Bom Jesus, depois fiz o científico no Colégio Novo Ateneu, e posteriormente fiz o vestibular de Direito.Mas pouco exerci na advocacia, porque eu queria aprender alguma coisa na economia.
Essa foi uma parte da minha vida né, estudei, depois vim trabalhar. Fui trabalhar em uma empresa chamava-se Evaristo Comolatti, entrei como office boy, trabalhei muitos anos. E meu pai sempre dizia né “olha, o importante na vida da gente, você não sabe qual será sua profissão no futuro, mas o importante é você ter uma profissão, ter uma formação”, e foi o que eu fiz.
Meu pai, já falei, era um pequeno comerciante do centro da cidade, está lá ainda no mesmo local, chama-se Fábrica Paulista de Roupas Brancas, era uma daquelas lojas tradicionais de Curitiba. E eu, desde os meus seis, sete anos de idade, fui conviver dentro disso, foi aonde eu me interessei pelo comércio. O comércio que depois, posteriormente eu vim para Dipave Veículos e outras empresas que nós fundamos dentro de um grupo empresarial que nós criamos, e fui tocando a minha vida.
Casei com a Carmem Lúcia de família de Santa Catarina né, da família Fuganti por parte de mãe, e Pisani por parte de pai. Dessa união nós tivemos quatro filhas, duas gêmeas, a Maria Silva e a Maria Guida, depois veio a Maria Fernanda e a Maria Augusta, todas formadas. Fiz questão na minha vida de dar uma formação superior, uma formação no exterior para as minhas filhas com pós graduação inclusive. Isso muito me alegrou né.
Hoje também sou avô de três netas e dois netos: Maria Luiza, Maria Eduarda, Maria Laura, Pedro Guilherme e Rafael. Enfim, nós fomos criando o nosso núcleo familiar, que sempre foi muito importante. Essa formação religiosa, formação católica, que procurei transmitir aos meus filhos. E hoje tenho também quatro genros né, temos uma convivência muito interessante, familiar né. Uma convivência quase que diária de respeito.
E fomos tocando, daí posteriormente, eu vim para a fundação do nosso grupo de empresas, que é o Grupo Dipave. Por lá, a Dipave completou 40 anos, e desse grupo de empresas nós constituímos outras também. Hoje eu já estou no conselho, tem uma holding que tem o controle financeiro de alguns negócios nossos familiares.
Fui Secretário da Fazenda do Estado do Paraná, no governo do Mário Pereira. O Mário Pereira me telefonou e disse “olha eu gostaria que você fosse Secretário da Fazenda”, eu disse “Governador, eu realmente de finanças entendo ainda muito pouco das minhas finanças né, das nossas empresas, para assumir uma responsabilidade tão grande.” Disse ele “não, vai para lá, e eu confio em você”. Acabei ficando como Secretário, depois também compulsoriamente presidente do Banco do Estado, do conselho de administração.
E dos meus setores de negócio, que é o meu de automobilismo né, eu fui presidente da Associação Brasileira dos Revendedores Chevrolet, depois fui vice-presidente da Fenabrave nacional. E ainda estou hoje, eu sou o mais longevo vice-presidente.Nunca quis até aceitar uma presidência pela distância de São Paulo, nossa sede é em São Paulo, mas eu já estou lá há cinco gestões como vice-presidente da Fenabrave nacional que reúne quase sete mil concessionários do Brasil inteiro, bastante importante.
E aqui no Paraná assumi algumas entidades, como a Federação das Indústrias, Federação do Comércio e Associação Comercial do Paraná, onde eu já estou há mais de 20 anos. E fui presidente do Clube Atlético Paranaense, do seu conselho de administração. Eu nasci atleticano, por minha mãe ser atleticana, por um tio avô meu, o Américo De Mio, foi goleiro do Atlético, e o meu irmão Hélio Geara jogou lá também.
E a vida foi andando né, a vida foi andando. Hoje eu tenho 71 anos de idade, eu nasci em 1945. Eu nunca vou me considerar um velho, jamais na minha vida. Porque eu acho que na vida a gente molda aquilo que queremos ser, eu não quero ser velho e eu não quero ser idoso. A minha mãe morreu com 102, talvez Deus me dê a glória de ultrapassar a minha mãe. Eu não tenho vício, posso dizer. Não bebo, nunca bebi na minha vida, eu não jogo, eu não fumo. Não desmereço quem o faça, absolutamente, mas é a minha condição de vida.
Nós temos que resgatar a história, a memória, se nós não fizermos isso, esta nova geração que está aí, que não sabe nem o nome da rua onde mora. Se nós não levarmos isso aqui para as escolas, para as faculdades, não tem mais interesse. Se não houver um resgate, aquela permanência, aquela vontade, porque um dia vai ter gente que vai querer saber. Essa é a verdade.
E eu tenho um pouco também para falar dos meus 40 anos da Dipave. A Dipave não morreu, a Dipave existe. Hoje a Dipave, é uma administradora dos seus bens da qual eu gosto muito de falar. E dentro da empresa nós tivemos vários casos. Uma ocasião chegou um cidadão, que era muito amigo do meu pai, um árabe também, chamava-se Miguel Baduy, um industrial aqui de Curitiba, que construía cozinhas industriais. Ele já com uma certa idade. Ele foi até a Dipave, e comprou um Opala de luxo lá conosco. Foi ele e o seu motorista. Combinamos a entrega, eu fui atende-lo pessoalmente, como era meu hábito inclusive, de atender todos que lá estavam.. Combinou a entrega para uma quarta-feira. Ele chegou lá e disse “não, eu venho amanhã”, e assim foi passando, um dia, dois dias, três dias. E ele todo dia, para buscar o carro, o carro no mesmo lugar, e ele não levava o carro. Daí um dia deu uma tempestade, um temporal danado, e chega ele com seu motorista “eu vou levar o carro”. E ele tinha que ir dirigindo o carro, porque estava com o motorista com outro carro, que lhe trouxe. Eu disse “Doutor Miguel o senhor não acha que ficaria um pouco temeroso o Sr sair na chuva?”, “Não, eu faço questão de levar o carro hoje”. Saiu naquela tempestade para levar o carro, passado uma semana o motorista dele foi lá, eu perguntei, “mas não foi um perigo levar?”. Não, ele só tiraria os carros, como sempre fazia, com chuva, porque ele achava que era uma benção. Uma chuva era o batismo do carro dele.
E outra ocasião, chegou um cidadão lá também, e comprou um carro, ele pediu para tirar a meia noite o carro. “Como tirar, a loja está fechada”, “Não, tem que ser à meia noite”. Eu curioso perguntei “quais são as razões?”, ele “não tem razões a lhe dar, eu comprei o carro, paguei o carro, tem que sair daqui à meia noite”. Respeitei. E eu fui lá, porque tinha que autorizar os seguranças. Então disse “vocês deixam em um lugar especial, e eu venho aqui a meia noite”. O mistério. O cidadão era de um terreiro de umbanda, e ele tinha que tirar o carro a meia noite, fazendo uma seção de saravá em volta do carro
Aníbal Khury, deputado famoso ele tinha uma característica, quando ele tinha muita pressão do pessoal na Assembleia, ele aparecia na minha sala as sete horas da manhã, já com minha autorização aos seguranças, pois eu chegava bem depois. Ele ia se esconder lá, o esconderijo dele era lá na Dipave, lendo jornal, fumando, cheio de cinzas de cigarro, mais a bagunça que ele fazia. Não era só nesse horário, tinha bronca lá na assembleia, o Aníbal corria para a Dipave.
Eu disse recentemente isso, na vida da gente, a gente tem o “meu tipo inesquecível”, que era o título de uma matéria da revista Seleções Reader’s Digest. Meu tipo inesquecível eu tive um, chama-se doutor Francisco Cunha Pereira Filho. E ele era uma pessoa que também ia às vezes,na Dipave, quando tinha problema na sua empresa, ou queria dar uma fugida, ele ia lá para a minha sala. E ele era muito curioso, ele me questionava muito, “Como é que vai o seu negócio?”, “Como é que está isso aqui?”, “Como é que está o seu comércio?”.
Eu me recordo uma ocasião quando fazíamos anúncio na Gazeta do Povo. Nessa ocasião eu era o presidente da Fenabrave regional, aqui do Paraná. E os concessionários reclamavam muito do preço do anúncio do jornal, e o diretor comercial, Rogério Florenzano, meu amigo até hoje, fazia a parte dele, o papel dele. Enfiava a faca na gente. E o Rogério Florenzano tinha a tabela de preço dele, tinha que ser aquilo, e nós pagávamos. Um dia eu disse “Eu vou perder a amizade com você, mas vou contar para o doutor Francisco que você está enfiando a faca nos concessionários”.
“Doutor Francisco, nós não temos mais condições, os concessionários aqui do Paraná, de fazer anuncio no seu jornal, o preço do centímetro está muito caro”. Diz ele “o que que vocês querem pagar?”, nunca vou me esquecer disso, “como o que vocês querem pagar?”, “fala o que você quer pagar, e me mande”. Eu fiquei desarmado, como é que eu vou fazer preço, em uma mercadoria que era dele, que era o seu jornal.
“Me diga o que você quer pagar”, realmente ele era muito inteligente, e ele me pôs em uma sinuca.
Digo “não vou falar quanto nós queremos pagar”.
Meia hora depois eu liguei, “doutor Francisco, para ficar bom para os dois lados, o senhor pode dar 40% de desconto na sua tabela de negócio?”.
Ele disse “é muito para mim, mas você está pedindo, eu vou te dar”.
Então isso me marcou muito né, dos negócios que a gente tinha, são pessoas na vida da gente que não se esquece, né?. Lamentei muito evidentemente, seu falecimento, porque era uma pessoa que eu gostava muito mesmo, gostava muito.
E ele é o meu tipo inesquecível.
Sou brasileiro, nasci aqui em Curitiba. Nasci na Rua Carlos de Carvalho, 1470. A casa em que eu nasci ainda está no mesmo lugar, esquina com a Capitão Souza Franco. Ali era uma chácara da família De Mio, da qual eu tenho por parte de mãe o sobrenome de Mio, e por parte de pai o sobrenome Geara.
De Mio do meu avô, um imigrante italiano que veio para o Brasil ainda nos anos de 1886. Nasceu na Itália, veio como imigrante, veio em um navio. Aportaram em Santa Catarina. E meu avô, De Mio por parte de mãe, tem uma história muito interessante. Que meu avô foi um, de origem até pedreiro, e que por seu próprio esforço, veio a se constituir em um dos maiores arquitetos sacros aqui do Paraná, com diversas igrejas.
E por parte do meu pai, eu sou Geara, também de um imigrante libanês. E vejam como o Brasil é grande, porque um imigrante, meu pai, descendente de libaneses, casou com uma italiana. Talvez na Itália não tivesse essa oportunidade, de casar um libanês com uma italiana, e nem na Itália, uma italiana com libanês. E aqui no Brasil né, um país de todas as raças e credos, nós tivemos essa facilidade.
Eu estudei no Grupo Escolar Júlia Wanderley. Tenho uma característica bastante pitoresca, o colégio Júlia Wanderley fica ainda, está lá no mesmo lugar, na Rua Vicente Machado. E era uma divisão, entre o Batel, que era uma zona residencial, das pessoas de grande poder aquisitivo, e o Bigorrilho, Saldanha Marinho, onde moravam os imigrantes ucranianos, polacos. E ali nós convivemos, na escola Júlia Wanderley, nós convivemos ecleticamente né.
Durante quatro anos fiz o Grupo Escolar Júlia Wanderley, e depois, posteriormente, passei e fiz o colegial no Colégio Bom Jesus, que era um sonho meu. E no Colégio Bom Jesus eu tive uma grata alegria, uma satisfação de receber, por ser minha família muito católica, até do meu avô que trouxe isso, meu avô era arquiteto sacro, que construiu várias igrejas aqui no Paraná, várias igrejas em Santa Catarina. As principais delas eu até posso citar, que foi a Igreja de Santa Terezinha, o Colégio Santa Maria, a Igreja das Mercês, e tantas outras né.
Entre eu e meus irmãos, o Amadeu Geara, meu irmão, deputado federal, vereador por Curitiba, uma pessoa muito conhecida. Meu irmão mais velho, Hélio Geara, já falecido, foi ser empresário em São Paulo. E esse fundamento religioso que nós tivemos, me ajudou muito na formação do nosso caráter. E essa formação que a minha mãe nos deu, formou a nossa personalidade, nós sentimos isso durante toda a nossa vida, devemos muito a ela.
E o meu pai também, que era um comerciante da Rua XV de Novembro, o meu avô já, o meu avô paterno o Geara, quando veio para o Brasil, veio com algumas condições afinal, porque veio fugido de lá. O seu pai tinha uma condição boa lá, e o meu avô veio para cá e veio ser comerciante onde hoje é a Casa Edith. A minha origem no comércio.
Depois eu estudei no Bom Jesus, depois fiz o científico no Colégio Novo Ateneu, e posteriormente fiz o vestibular de Direito.Mas pouco exerci na advocacia, porque eu queria aprender alguma coisa na economia.
Essa foi uma parte da minha vida né, estudei, depois vim trabalhar. Fui trabalhar em uma empresa chamava-se Evaristo Comolatti, entrei como office boy, trabalhei muitos anos. E meu pai sempre dizia né “olha, o importante na vida da gente, você não sabe qual será sua profissão no futuro, mas o importante é você ter uma profissão, ter uma formação”, e foi o que eu fiz.
Meu pai, já falei, era um pequeno comerciante do centro da cidade, está lá ainda no mesmo local, chama-se Fábrica Paulista de Roupas Brancas, era uma daquelas lojas tradicionais de Curitiba. E eu, desde os meus seis, sete anos de idade, fui conviver dentro disso, foi aonde eu me interessei pelo comércio. O comércio que depois, posteriormente eu vim para Dipave Veículos e outras empresas que nós fundamos dentro de um grupo empresarial que nós criamos, e fui tocando a minha vida.
Casei com a Carmem Lúcia de família de Santa Catarina né, da família Fuganti por parte de mãe, e Pisani por parte de pai. Dessa união nós tivemos quatro filhas, duas gêmeas, a Maria Silva e a Maria Guida, depois veio a Maria Fernanda e a Maria Augusta, todas formadas. Fiz questão na minha vida de dar uma formação superior, uma formação no exterior para as minhas filhas com pós graduação inclusive. Isso muito me alegrou né.
Hoje também sou avô de três netas e dois netos: Maria Luiza, Maria Eduarda, Maria Laura, Pedro Guilherme e Rafael. Enfim, nós fomos criando o nosso núcleo familiar, que sempre foi muito importante. Essa formação religiosa, formação católica, que procurei transmitir aos meus filhos. E hoje tenho também quatro genros né, temos uma convivência muito interessante, familiar né. Uma convivência quase que diária de respeito.
E fomos tocando, daí posteriormente, eu vim para a fundação do nosso grupo de empresas, que é o Grupo Dipave. Por lá, a Dipave completou 40 anos, e desse grupo de empresas nós constituímos outras também. Hoje eu já estou no conselho, tem uma holding que tem o controle financeiro de alguns negócios nossos familiares.
Fui Secretário da Fazenda do Estado do Paraná, no governo do Mário Pereira. O Mário Pereira me telefonou e disse “olha eu gostaria que você fosse Secretário da Fazenda”, eu disse “Governador, eu realmente de finanças entendo ainda muito pouco das minhas finanças né, das nossas empresas, para assumir uma responsabilidade tão grande.” Disse ele “não, vai para lá, e eu confio em você”. Acabei ficando como Secretário, depois também compulsoriamente presidente do Banco do Estado, do conselho de administração.
E dos meus setores de negócio, que é o meu de automobilismo né, eu fui presidente da Associação Brasileira dos Revendedores Chevrolet, depois fui vice-presidente da Fenabrave nacional. E ainda estou hoje, eu sou o mais longevo vice-presidente.Nunca quis até aceitar uma presidência pela distância de São Paulo, nossa sede é em São Paulo, mas eu já estou lá há cinco gestões como vice-presidente da Fenabrave nacional que reúne quase sete mil concessionários do Brasil inteiro, bastante importante.
E aqui no Paraná assumi algumas entidades, como a Federação das Indústrias, Federação do Comércio e Associação Comercial do Paraná, onde eu já estou há mais de 20 anos. E fui presidente do Clube Atlético Paranaense, do seu conselho de administração. Eu nasci atleticano, por minha mãe ser atleticana, por um tio avô meu, o Américo De Mio, foi goleiro do Atlético, e o meu irmão Hélio Geara jogou lá também.
E a vida foi andando né, a vida foi andando. Hoje eu tenho 71 anos de idade, eu nasci em 1945. Eu nunca vou me considerar um velho, jamais na minha vida. Porque eu acho que na vida a gente molda aquilo que queremos ser, eu não quero ser velho e eu não quero ser idoso. A minha mãe morreu com 102, talvez Deus me dê a glória de ultrapassar a minha mãe. Eu não tenho vício, posso dizer. Não bebo, nunca bebi na minha vida, eu não jogo, eu não fumo. Não desmereço quem o faça, absolutamente, mas é a minha condição de vida.
Nós temos que resgatar a história, a memória, se nós não fizermos isso, esta nova geração que está aí, que não sabe nem o nome da rua onde mora. Se nós não levarmos isso aqui para as escolas, para as faculdades, não tem mais interesse. Se não houver um resgate, aquela permanência, aquela vontade, porque um dia vai ter gente que vai querer saber. Essa é a verdade.
E eu tenho um pouco também para falar dos meus 40 anos da Dipave. A Dipave não morreu, a Dipave existe. Hoje a Dipave, é uma administradora dos seus bens da qual eu gosto muito de falar. E dentro da empresa nós tivemos vários casos. Uma ocasião chegou um cidadão, que era muito amigo do meu pai, um árabe também, chamava-se Miguel Baduy, um industrial aqui de Curitiba, que construía cozinhas industriais. Ele já com uma certa idade. Ele foi até a Dipave, e comprou um Opala de luxo lá conosco. Foi ele e o seu motorista. Combinamos a entrega, eu fui atende-lo pessoalmente, como era meu hábito inclusive, de atender todos que lá estavam.. Combinou a entrega para uma quarta-feira. Ele chegou lá e disse “não, eu venho amanhã”, e assim foi passando, um dia, dois dias, três dias. E ele todo dia, para buscar o carro, o carro no mesmo lugar, e ele não levava o carro. Daí um dia deu uma tempestade, um temporal danado, e chega ele com seu motorista “eu vou levar o carro”. E ele tinha que ir dirigindo o carro, porque estava com o motorista com outro carro, que lhe trouxe. Eu disse “Doutor Miguel o senhor não acha que ficaria um pouco temeroso o Sr sair na chuva?”, “Não, eu faço questão de levar o carro hoje”. Saiu naquela tempestade para levar o carro, passado uma semana o motorista dele foi lá, eu perguntei, “mas não foi um perigo levar?”. Não, ele só tiraria os carros, como sempre fazia, com chuva, porque ele achava que era uma benção. Uma chuva era o batismo do carro dele.
E outra ocasião, chegou um cidadão lá também, e comprou um carro, ele pediu para tirar a meia noite o carro. “Como tirar, a loja está fechada”, “Não, tem que ser à meia noite”. Eu curioso perguntei “quais são as razões?”, ele “não tem razões a lhe dar, eu comprei o carro, paguei o carro, tem que sair daqui à meia noite”. Respeitei. E eu fui lá, porque tinha que autorizar os seguranças. Então disse “vocês deixam em um lugar especial, e eu venho aqui a meia noite”. O mistério. O cidadão era de um terreiro de umbanda, e ele tinha que tirar o carro a meia noite, fazendo uma seção de saravá em volta do carro
Aníbal Khury, deputado famoso ele tinha uma característica, quando ele tinha muita pressão do pessoal na Assembleia, ele aparecia na minha sala as sete horas da manhã, já com minha autorização aos seguranças, pois eu chegava bem depois. Ele ia se esconder lá, o esconderijo dele era lá na Dipave, lendo jornal, fumando, cheio de cinzas de cigarro, mais a bagunça que ele fazia. Não era só nesse horário, tinha bronca lá na assembleia, o Aníbal corria para a Dipave.
Eu disse recentemente isso, na vida da gente, a gente tem o “meu tipo inesquecível”, que era o título de uma matéria da revista Seleções Reader’s Digest. Meu tipo inesquecível eu tive um, chama-se doutor Francisco Cunha Pereira Filho. E ele era uma pessoa que também ia às vezes,na Dipave, quando tinha problema na sua empresa, ou queria dar uma fugida, ele ia lá para a minha sala. E ele era muito curioso, ele me questionava muito, “Como é que vai o seu negócio?”, “Como é que está isso aqui?”, “Como é que está o seu comércio?”.
Eu me recordo uma ocasião quando fazíamos anúncio na Gazeta do Povo. Nessa ocasião eu era o presidente da Fenabrave regional, aqui do Paraná. E os concessionários reclamavam muito do preço do anúncio do jornal, e o diretor comercial, Rogério Florenzano, meu amigo até hoje, fazia a parte dele, o papel dele. Enfiava a faca na gente. E o Rogério Florenzano tinha a tabela de preço dele, tinha que ser aquilo, e nós pagávamos. Um dia eu disse “Eu vou perder a amizade com você, mas vou contar para o doutor Francisco que você está enfiando a faca nos concessionários”.
“Doutor Francisco, nós não temos mais condições, os concessionários aqui do Paraná, de fazer anuncio no seu jornal, o preço do centímetro está muito caro”. Diz ele “o que que vocês querem pagar?”, nunca vou me esquecer disso, “como o que vocês querem pagar?”, “fala o que você quer pagar, e me mande”. Eu fiquei desarmado, como é que eu vou fazer preço, em uma mercadoria que era dele, que era o seu jornal.
“Me diga o que você quer pagar”, realmente ele era muito inteligente, e ele me pôs em uma sinuca.
Digo “não vou falar quanto nós queremos pagar”.
Meia hora depois eu liguei, “doutor Francisco, para ficar bom para os dois lados, o senhor pode dar 40% de desconto na sua tabela de negócio?”.
Ele disse “é muito para mim, mas você está pedindo, eu vou te dar”.
Então isso me marcou muito né, dos negócios que a gente tinha, são pessoas na vida da gente que não se esquece, né?. Lamentei muito evidentemente, seu falecimento, porque era uma pessoa que eu gostava muito mesmo, gostava muito.
E ele é o meu tipo inesquecível.
Sou brasileiro, nasci aqui em Curitiba. Nasci na Rua Carlos de Carvalho, 1470. A casa em que eu nasci ainda está no mesmo lugar, esquina com a Capitão Souza Franco. Ali era uma chácara da família De Mio, da qual eu tenho por parte de mãe o sobrenome de Mio, e por parte de pai o sobrenome Geara.
De Mio do meu avô, um imigrante italiano que veio para o Brasil ainda nos anos de 1886. Nasceu na Itália, veio como imigrante, veio em um navio. Aportaram em Santa Catarina. E meu avô, De Mio por parte de mãe, tem uma história muito interessante. Que meu avô foi um, de origem até pedreiro, e que por seu próprio esforço, veio a se constituir em um dos maiores arquitetos sacros aqui do Paraná, com diversas igrejas.
E por parte do meu pai, eu sou Geara, também de um imigrante libanês. E vejam como o Brasil é grande, porque um imigrante, meu pai, descendente de libaneses, casou com uma italiana. Talvez na Itália não tivesse essa oportunidade, de casar um libanês com uma italiana, e nem na Itália, uma italiana com libanês. E aqui no Brasil né, um país de todas as raças e credos, nós tivemos essa facilidade.
Eu estudei no Grupo Escolar Júlia Wanderley. Tenho uma característica bastante pitoresca, o colégio Júlia Wanderley fica ainda, está lá no mesmo lugar, na Rua Vicente Machado. E era uma divisão, entre o Batel, que era uma zona residencial, das pessoas de grande poder aquisitivo, e o Bigorrilho, Saldanha Marinho, onde moravam os imigrantes ucranianos, polacos. E ali nós convivemos, na escola Júlia Wanderley, nós convivemos ecleticamente né.
Durante quatro anos fiz o Grupo Escolar Júlia Wanderley, e depois, posteriormente, passei e fiz o colegial no Colégio Bom Jesus, que era um sonho meu. E no Colégio Bom Jesus eu tive uma grata alegria, uma satisfação de receber, por ser minha família muito católica, até do meu avô que trouxe isso, meu avô era arquiteto sacro, que construiu várias igrejas aqui no Paraná, várias igrejas em Santa Catarina. As principais delas eu até posso citar, que foi a Igreja de Santa Terezinha, o Colégio Santa Maria, a Igreja das Mercês, e tantas outras né.
Entre eu e meus irmãos, o Amadeu Geara, meu irmão, deputado federal, vereador por Curitiba, uma pessoa muito conhecida. Meu irmão mais velho, Hélio Geara, já falecido, foi ser empresário em São Paulo. E esse fundamento religioso que nós tivemos, me ajudou muito na formação do nosso caráter. E essa formação que a minha mãe nos deu, formou a nossa personalidade, nós sentimos isso durante toda a nossa vida, devemos muito a ela.
E o meu pai também, que era um comerciante da Rua XV de Novembro, o meu avô já, o meu avô paterno o Geara, quando veio para o Brasil, veio com algumas condições afinal, porque veio fugido de lá. O seu pai tinha uma condição boa lá, e o meu avô veio para cá e veio ser comerciante onde hoje é a Casa Edith. A minha origem no comércio.
Depois eu estudei no Bom Jesus, depois fiz o científico no Colégio Novo Ateneu, e posteriormente fiz o vestibular de Direito.Mas pouco exerci na advocacia, porque eu queria aprender alguma coisa na economia.
Essa foi uma parte da minha vida né, estudei, depois vim trabalhar. Fui trabalhar em uma empresa chamava-se Evaristo Comolatti, entrei como office boy, trabalhei muitos anos. E meu pai sempre dizia né “olha, o importante na vida da gente, você não sabe qual será sua profissão no futuro, mas o importante é você ter uma profissão, ter uma formação”, e foi o que eu fiz.
Meu pai, já falei, era um pequeno comerciante do centro da cidade, está lá ainda no mesmo local, chama-se Fábrica Paulista de Roupas Brancas, era uma daquelas lojas tradicionais de Curitiba. E eu, desde os meus seis, sete anos de idade, fui conviver dentro disso, foi aonde eu me interessei pelo comércio. O comércio que depois, posteriormente eu vim para Dipave Veículos e outras empresas que nós fundamos dentro de um grupo empresarial que nós criamos, e fui tocando a minha vida.
Casei com a Carmem Lúcia de família de Santa Catarina né, da família Fuganti por parte de mãe, e Pisani por parte de pai. Dessa união nós tivemos quatro filhas, duas gêmeas, a Maria Silva e a Maria Guida, depois veio a Maria Fernanda e a Maria Augusta, todas formadas. Fiz questão na minha vida de dar uma formação superior, uma formação no exterior para as minhas filhas com pós graduação inclusive. Isso muito me alegrou né.
Hoje também sou avô de três netas e dois netos: Maria Luiza, Maria Eduarda, Maria Laura, Pedro Guilherme e Rafael. Enfim, nós fomos criando o nosso núcleo familiar, que sempre foi muito importante. Essa formação religiosa, formação católica, que procurei transmitir aos meus filhos. E hoje tenho também quatro genros né, temos uma convivência muito interessante, familiar né. Uma convivência quase que diária de respeito.
E fomos tocando, daí posteriormente, eu vim para a fundação do nosso grupo de empresas, que é o Grupo Dipave. Por lá, a Dipave completou 40 anos, e desse grupo de empresas nós constituímos outras também. Hoje eu já estou no conselho, tem uma holding que tem o controle financeiro de alguns negócios nossos familiares.
Fui Secretário da Fazenda do Estado do Paraná, no governo do Mário Pereira. O Mário Pereira me telefonou e disse “olha eu gostaria que você fosse Secretário da Fazenda”, eu disse “Governador, eu realmente de finanças entendo ainda muito pouco das minhas finanças né, das nossas empresas, para assumir uma responsabilidade tão grande.” Disse ele “não, vai para lá, e eu confio em você”. Acabei ficando como Secretário, depois também compulsoriamente presidente do Banco do Estado, do conselho de administração.
E dos meus setores de negócio, que é o meu de automobilismo né, eu fui presidente da Associação Brasileira dos Revendedores Chevrolet, depois fui vice-presidente da Fenabrave nacional. E ainda estou hoje, eu sou o mais longevo vice-presidente.Nunca quis até aceitar uma presidência pela distância de São Paulo, nossa sede é em São Paulo, mas eu já estou lá há cinco gestões como vice-presidente da Fenabrave nacional que reúne quase sete mil concessionários do Brasil inteiro, bastante importante.
E aqui no Paraná assumi algumas entidades, como a Federação das Indústrias, Federação do Comércio e Associação Comercial do Paraná, onde eu já estou há mais de 20 anos. E fui presidente do Clube Atlético Paranaense, do seu conselho de administração. Eu nasci atleticano, por minha mãe ser atleticana, por um tio avô meu, o Américo De Mio, foi goleiro do Atlético, e o meu irmão Hélio Geara jogou lá também.
E a vida foi andando né, a vida foi andando. Hoje eu tenho 71 anos de idade, eu nasci em 1945. Eu nunca vou me considerar um velho, jamais na minha vida. Porque eu acho que na vida a gente molda aquilo que queremos ser, eu não quero ser velho e eu não quero ser idoso. A minha mãe morreu com 102, talvez Deus me dê a glória de ultrapassar a minha mãe. Eu não tenho vício, posso dizer. Não bebo, nunca bebi na minha vida, eu não jogo, eu não fumo. Não desmereço quem o faça, absolutamente, mas é a minha condição de vida.
Nós temos que resgatar a história, a memória, se nós não fizermos isso, esta nova geração que está aí, que não sabe nem o nome da rua onde mora. Se nós não levarmos isso aqui para as escolas, para as faculdades, não tem mais interesse. Se não houver um resgate, aquela permanência, aquela vontade, porque um dia vai ter gente que vai querer saber. Essa é a verdade.
E eu tenho um pouco também para falar dos meus 40 anos da Dipave. A Dipave não morreu, a Dipave existe. Hoje a Dipave, é uma administradora dos seus bens da qual eu gosto muito de falar. E dentro da empresa nós tivemos vários casos. Uma ocasião chegou um cidadão, que era muito amigo do meu pai, um árabe também, chamava-se Miguel Baduy, um industrial aqui de Curitiba, que construía cozinhas industriais. Ele já com uma certa idade. Ele foi até a Dipave, e comprou um Opala de luxo lá conosco. Foi ele e o seu motorista. Combinamos a entrega, eu fui atende-lo pessoalmente, como era meu hábito inclusive, de atender todos que lá estavam.. Combinou a entrega para uma quarta-feira. Ele chegou lá e disse “não, eu venho amanhã”, e assim foi passando, um dia, dois dias, três dias. E ele todo dia, para buscar o carro, o carro no mesmo lugar, e ele não levava o carro. Daí um dia deu uma tempestade, um temporal danado, e chega ele com seu motorista “eu vou levar o carro”. E ele tinha que ir dirigindo o carro, porque estava com o motorista com outro carro, que lhe trouxe. Eu disse “Doutor Miguel o senhor não acha que ficaria um pouco temeroso o Sr sair na chuva?”, “Não, eu faço questão de levar o carro hoje”. Saiu naquela tempestade para levar o carro, passado uma semana o motorista dele foi lá, eu perguntei, “mas não foi um perigo levar?”. Não, ele só tiraria os carros, como sempre fazia, com chuva, porque ele achava que era uma benção. Uma chuva era o batismo do carro dele.
E outra ocasião, chegou um cidadão lá também, e comprou um carro, ele pediu para tirar a meia noite o carro. “Como tirar, a loja está fechada”, “Não, tem que ser à meia noite”. Eu curioso perguntei “quais são as razões?”, ele “não tem razões a lhe dar, eu comprei o carro, paguei o carro, tem que sair daqui à meia noite”. Respeitei. E eu fui lá, porque tinha que autorizar os seguranças. Então disse “vocês deixam em um lugar especial, e eu venho aqui a meia noite”. O mistério. O cidadão era de um terreiro de umbanda, e ele tinha que tirar o carro a meia noite, fazendo uma seção de saravá em volta do carro
Aníbal Khury, deputado famoso ele tinha uma característica, quando ele tinha muita pressão do pessoal na Assembleia, ele aparecia na minha sala as sete horas da manhã, já com minha autorização aos seguranças, pois eu chegava bem depois. Ele ia se esconder lá, o esconderijo dele era lá na Dipave, lendo jornal, fumando, cheio de cinzas de cigarro, mais a bagunça que ele fazia. Não era só nesse horário, tinha bronca lá na assembleia, o Aníbal corria para a Dipave.
Eu disse recentemente isso, na vida da gente, a gente tem o “meu tipo inesquecível”, que era o título de uma matéria da revista Seleções Reader’s Digest. Meu tipo inesquecível eu tive um, chama-se doutor Francisco Cunha Pereira Filho. E ele era uma pessoa que também ia às vezes,na Dipave, quando tinha problema na sua empresa, ou queria dar uma fugida, ele ia lá para a minha sala. E ele era muito curioso, ele me questionava muito, “Como é que vai o seu negócio?”, “Como é que está isso aqui?”, “Como é que está o seu comércio?”.
Eu me recordo uma ocasião quando fazíamos anúncio na Gazeta do Povo. Nessa ocasião eu era o presidente da Fenabrave regional, aqui do Paraná. E os concessionários reclamavam muito do preço do anúncio do jornal, e o diretor comercial, Rogério Florenzano, meu amigo até hoje, fazia a parte dele, o papel dele. Enfiava a faca na gente. E o Rogério Florenzano tinha a tabela de preço dele, tinha que ser aquilo, e nós pagávamos. Um dia eu disse “Eu vou perder a amizade com você, mas vou contar para o doutor Francisco que você está enfiando a faca nos concessionários”.
“Doutor Francisco, nós não temos mais condições, os concessionários aqui do Paraná, de fazer anuncio no seu jornal, o preço do centímetro está muito caro”. Diz ele “o que que vocês querem pagar?”, nunca vou me esquecer disso, “como o que vocês querem pagar?”, “fala o que você quer pagar, e me mande”. Eu fiquei desarmado, como é que eu vou fazer preço, em uma mercadoria que era dele, que era o seu jornal.
“Me diga o que você quer pagar”, realmente ele era muito inteligente, e ele me pôs em uma sinuca.
Digo “não vou falar quanto nós queremos pagar”.
Meia hora depois eu liguei, “doutor Francisco, para ficar bom para os dois lados, o senhor pode dar 40% de desconto na sua tabela de negócio?”.
Ele disse “é muito para mim, mas você está pedindo, eu vou te dar”.
Então isso me marcou muito né, dos negócios que a gente tinha, são pessoas na vida da gente que não se esquece, né?. Lamentei muito evidentemente, seu falecimento, porque era uma pessoa que eu gostava muito mesmo, gostava muito.
E ele é o meu tipo inesquecível.