Eduardo Lopes Pereira Guimarães (2019) Arquitetura – Rio de Janeiro – Rio de Janeiro

Em 25 de outubro de 1941, em plena segunda guerra mundial, na então capital do Brasil, Rio de Janeiro, fui retirado a forceps de minha mãe.  Por certo já sabia, que lá dentro era bem melhor do que aqui fora. Mas, já que nasci, e pulei nesse mundo, comecei a crescer e correr em busca de felicidade.

Meu pai, Agenor, advogado, era neto do almirante José Pereira Guimarães, médico herói da guerra do Paraguai (rua no Leblon e pavilhão no Hospital de Marinha do RJ) e minha mãe Lucia Milet Lopes, de tradicional família de Recife, neta do fundador da Universidade de Pernambuco.

Estudei o primário com os Barnabitas no Guido de Fontgaland em Santo Inácio. Escolhi arquitetura iniciando na Praia Vermelha no prédio do antigo hospício. Lá, no 1º ano presenciei a noite do amor, do sorriso e da flor, lançamento oficial da bossa nova.

Completamos o curso, pioneiros, no novo prédio do campus da Universidade do Brasil na Ilha do Fundão, onde me graduei em primeiro lugar. Graças, certamente, a ter passado um ano, entre o 2º e 3º ano, viajando pelos USA (Bolsa de viagem do State Department) e Europa (“pai trocínio”).

Trabalhei como estagiário, no escritório do Sergio Bernardes (amigo de família) desde o 1º ano (aprendia na construção de sua casa), e no 5º, fui designado para cuidar da casa de um diretor da Matte Leão, o Luiz Carlos, que me trouxe várias vezes a Curitiba. Em dezembro de 1965, tendo me formado no Dia de Reis, me mudei para esta capital.

Todos na família Leão me receberam com muito carinho, especialmente Nina e Newtinho que me deram abrigo. Fiz projetos com construções para quase todos eles: Nuno, Roberto, Ivo, Agílio e outros, além da casa do Luiz Carlos Leão.

No Reveillon de 1966 para 1967 comecei a namorar aquela, que meses antes, na pré-estreia de Dr. Jivago, arrebatou meu coração apenas com um olhar. Nos casamos em 1968 e, há mais de meio século, desfruto com Maria Consuelo Macedo Pereira Guimarães as alegrias de uma família. Partilhamos os muitos momentos de felicidade, e outros poucos nem tanto, que fazem parte da vida de todos nós.

Em janeiro de 1970, vivi a maior alegria que pode ter um homem em sua vida: assisti ao nascimento de minha primeira filha, Cristiana. Pouco depois, em novembro de 1971, Consuelo me presenteou com Daniela e anos mais tarde, na semana da neve em Curitiba, julho de 1975, nascia a caçulinha Fernanda.  Passara a possuir um harém de amor em casa.

Em 1967, o governador Paulo Pimentel distribuiu, entre os 7 ou 8 arquitetos de então, diversos projetos do Estado e iniciei na ocasião parceria com Edson Klotz e por 5 anos, fizemos vários projetos, o maior, o plenário da Assembleia Legislativa do Estado em execução pela CESBE.

Iniciei Pós-Graduação em Administração na FAE e, em 1971, comecei a trabalhar na empresa de meu sogro, a Hermes Macedo, como gerente de patrimônio.

Na ocasião, eram 33 lojas, mas no final de 1972, ao completar 40 anos, eram 40.   Aos 45 anos, 50 lojas e, no final da década de 80, mais de 250, fora inúmeros depósitos, matriz, num total de mais de 650.000 m² originados em nossa divisão técnica que chegou a possuir mais de 110 funcionários incluindo 15 engenheiros e arquitetos.

Sem dúvida, o mais importante entre todos os imóveis do grupo, foi o edifício Moreira Garcez, adquirido aos poucos pelo dr. Hermes e ao qual me dediquei totalmente, por 4 anos de trabalho apaixonado, para transformá-lo em um Magazine de 10.000 m².

Tendo sido sempre um grande admirador do estilo Art Decó, procurei com toda equipe, reproduzir em todos os seus detalhes, móveis, iluminação, merchandising, todos os fundamentos do estilo do próprio prédio. Após sua inauguração em 1989, o Magazine Garcez me rendeu o prêmio internacional: “Best Visual Merchandising” recebido em Atlanta, USA. Outorgados igualmente à Bloomingdale (USA) e David Jones (Austrália). Com o advento da recuperação judicial da HM, me retirei do grupo após 21 anos.

Durante essa época, recém-formado em administração, fui convocado para presidir a Associação Paranaense de Reabilitação – APR – que estava com muitos problemas, dívidas, funcionários não optantes ao FGTS, problemas de caixa, poucos associados colaboradores, relacionamentos oficiais com atritos etc.

Para botar a casa em ordem precisava capital. Então, organizei uma cruzada para salvar as crianças da APR. Elegemos uma criança símbolo, conseguimos campanha promocional, propaganda de jornal rádio e tv, tudo de graça. Organizamos o primeiro leilão de arte beneficente da cidade e um bazar, com apoio de inúmeras patronesses e vimos uma sociedade se mobilizar pela causa. Somente com o leilão, que aconteceu no Graciosa Country Clube, levantamos o dinheiro necessário,

Compramos o imóvel ao lado, fizemos uma oficina mecânica de prótese e órtese com técnicos próprios que mandamos treinar em São Paulo e conseguimos repactuar com organismos oficiais, ampliando atendimento até então restrito aos portadores de paralisia infantil, para portadores de paralisia cerebral.

Por vários anos, a APR não precisou outra campanha. Tudo foi conseguido com o mutirão dos curitibanos e a generosidade dos artistas que doaram suas obras.

Quando Jaime Lerner tornou-se governador, me convidou para chefiar o cerimonial do Estado e as Relações Internacionais. E, na sua 2ª gestão, criamos a Secretaria de Relações Internacionais e protocolo do Paraná, que já não existe. Recebemos inúmeras autoridades de todo o mundo: Imperador do Japão Akihito e Imperatriz; rainha da Dinamarca com  os príncipes consorte e herdeiro; príncipe de Orange, atual rei da Holanda; príncipe Felipe de Bourbon, atual rei da Espanha; presidentes da Ucrânia, Uruguai,  Argentina (vários), Paraguai, Itália, Finlândia, Líbano, Romênia, República Tcheca, Angola, entre outros, Bill Clinton, Tony Blair, além de inúmeros  governadores , embaixadores e presidente do Brasil,mais França e China, em São Paulo.

Vários destes países me outorgaram diplomas e prêmios (Suíça, França, Ucrânia) e recebi também a Cruz da Ordem do Mérito da República da Polônia no grau de oficial e a ordem do mérito da Romênia no grau de Comendador.

Fui o responsável pela modernização e design da Ordem do Pinheiro no Estado do Paraná e secretário da mesma, por toda gestão Lerner.

Ao terminar o governo, voltei para arquitetura e construção de casa, para uma filha. Então, em 2006, ano do Cop8 Mop 3- Convenção da Biodiversidade, o prefeito Richa, me convidou para criar a Secretaria de Relações Internacionais de Curitiba. Aceitei o desafio com prazo de apenas 90 dias para o evento, que recebeu mais de 6.000 pessoas e 300 chefes de Estado, prefeitos e secretários de todo mundo. Creio que fizemos direito, pois nossa secretaria foi convidada, pelo secretário geral, para ajudar na organização do Cop 9 em Bonn, Alemanha, e cop10, em Nagoya.

Como sempre fui fascinado por ecologia, me tornei ferrenho defensor da biodiversidade e filiado a várias organizações de meio ambiente no mundo. Com diploma de arquiteto urbanista, os três temas chaves de Curitiba, consolidados pelas gestões Lerner são do meu ramo: meio ambiente, desenvolvimento urbano e mobilidade.

Fui convidado para a primeira palestra no exterior, para expor “transporte e valorização territorial” em Salt Lake City capital de Utah. Dali, surgiu outro convite para falar em Milão no Congresso da Union International Transports Publiques –UITP.

Talvez, por ser dos poucos a falar mais de 4 idiomas, na PMC, me tornei assíduo a fóruns, congressos, e seminários internacionais representando prefeito e, ou secretários : Vancouver (Canadá),  Nova Iorque, Atlanta e Flórida (USA), Puebla (Mexico), Durban, Johannesbourg e Capetown (USA), Stockholmo (Suécia), Dublin (Irlanda) Cergy Pontoise, Lyon e Paris (França) Buenos Aires, La Plata e Bahia Blanca (Argentina), Nova Dehli (India), Seoul e Sowong (Koreia ), Bonn (Alemanha) Kuala Lumpur (Malásia) etc…

Já fora dos governos, fui convidado para palestra na ONU em comemoração do Dia Mundial do Habitat 1/10/2011, o que foi uma grande honra para mim. Após isso, a universidade de Guadalajara me convidou para fazer a “palestra magistral” pela abertura da semana internacional de arquitetura e urbanismo no México.

Como sempre fui contra a esquerda, participei com Edson Ramón e outros na fundação do Instituto Democracia e Liberdade – IDL – onde buscamos valores liberais e democráticos combatendo a corrupção e fanatismos vermelhos.

Em 31 de março de 2016, criamos o Instituto de Relações Internacionais do Paraná pois verificamos o descaso de várias autoridades, por assuntos internacionais e quisemos buscar maior exposição de nosso Paraná no mundo, para seu maior desenvolvimento, e que fossemos um think tank neste setor.

Há mais de 10 anos fazendo parte do Conselho de Comércio Exterior e Relações Internacionais da ACP, sou seu atual coordenador.

Pertenço a 3 confrarias: de pescadores no Pantanal, fumadores de Habanos e grupo de apreciadores de vinhos (também maltes puros) e boa comida.

O mais importante, é que possuo convicções cristãs, sou católico e pertenço ao grupo “amigos da ética, um princípio que não pode ter fim (A. Araujo).

Externo de público um agradecimento a todas as equipes com quem trabalhei, pois sozinho nada teria feito. Em primeiro lugar, à Divisão Técnica (Ditec) da HM, meus amigos até hoje, aos do Cerimonial do Governo e Secretaria de RI, ao grupo dos amigos da SERIC, na Prefeitura de Curitiba, equipe da APR, do IDL e do IRIP. Se não fossem vocês a vida não teriam valido a pena ser vivida.

Como ser social, agradeço a meus pais pelos princípios que me deixaram, a minha mãe e irmã que possibilitaram, ao virem para Curitiba, muito do que pude fazer na vida. A minha adorada esposa por seu amor e paciência e filhas que me deram sempre muito orgulho, além dos cinco netos, Guilherme, Rodrigo, Pedro, Antonio e Henrique, pois posso enxergar neles a minha eternidade, e para os quais deixo minhas preces.

Sinto-me gratificado pelo que fiz na vida, e realizado como arquiteto urbanista, administrador de empresas, e paradiplomata, mas acima de tudo com a grande benção de sempre ter sido um homem de família.

 

 

 

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