Sou curitibano. Nasci no dia 18 de janeiro de 1939. Sou filho de Antônio Hipólito Grillo e de Josefina Paladino Grillo. Meu pai, quando eu nasci, trabalhava no Consulado Italiano, era o secretário-geral. Vejam bem, nasci em pleno tempo de guerra do Brasil contra Itália razão pela qual nós tivemos que sair de Curitiba. A minha mãe, Josefina Paladino Grillo, de tradicional família curitibana e de italianos, era uma pessoa batalhadora.
Na minha infância, tive que me transferir de cidade. Meus pais me levaram e também o meu irmão Fernando Renato Grillo. Fomos para Florianópolis, onde lá passei a minha infância. Meu pai faleceu em 1948 quando eu tinha um pouco mais de 8 anos. Fiquei órfão lá em Florianópolis. Tempos difíceis surgiram e retornamos a Curitiba e aí começou uma nova fase em nossas vidas. A minha mãe tendo que trabalhar, montou um atelier de costura na própria casa e eu, por outro lado, com pouca idade fui trabalhar com um tio meu que foi um verdadeiro pai: Henrique Schumacher.
Ele me colocou como funcionário da sua grande empresa em 1948. Eu nunca deixei de estudar. Eu sempre tive algumas pessoas que me protegeram. Tinha uma avó chamada Madalena Riva, que estabeleceu o compromisso de sustentar os meus estudos. Estudei no Colégio Santa Maria. Um estudo de primeiríssima linha e sempre correspondi com todas as demandas da escola, que a escolaridade exigia na época.
O Colégio Santa Maria nos proporcionava aprender diversas línguas inclusive, francês, latim e, também, o espanhol, que tanto me serviram posteriormente. Lá aprendi esses idiomas de uma forma primária, claro, depois desenvolvidos em minha vida com a prática.
Eu fui desenvolvendo a questão dos idiomas. O espanhol foi de grande valia na minha pós-graduação da Universidade Federal do Paraná. Sempre tive especial predileção pela medicina profissão, que abracei e abraço até agora em minha vida. Realizei o vestibular, fui aprovado com distinção em primeiro lugar na Universidade Federal do Paraná no curso de medicina.
O meu tio Henrique Schumacher financiou todos meus estudos até o dia de sair da universidade, para que eu pudesse enfrentar as pós-graduações. Os prêmios que eu recebi, durante o meu curso de medicina, me ajudaram muito. Eu recebi um prêmio e também fui agraciado por outro de grande importância, o “Erasto Gaertner”, que era vinculado com a Prefeitura Municipal de Curitiba. Era muito importante para todos. O prêmio era vinculado quando o médico voltava à cidade de origem e ocupava um cargo de ingresso no serviço médico da Prefeitura Municipal do Paraná em Curitiba. O prêmio “Hildebrando de Araújo”, também teve um caráter importante no começo dessa minha vida. Era um prêmio em dinheiro, revelando que vale a pena a gente se dedicar muito ao estudo e procurar sempre ser distinguido no curso médico.
Nesse período surgiu a idade do serviço militar e eu fui para o CPOR. Hoje muita gente se esquiva do serviço militar, mas eu acho que o CPOR de Curitiba, na época, era uma verdadeira escola da vida e lá eu permaneci durante dois anos e mais um ano de estágio no serviço de Saúde do exército. Foi uma grande escola de vida. Eu me animei tanto, talvez eu tivesse pensado em conhecer o médico militar.
Recebi também o prêmio “Correia Lima” no CPOR. Era um prêmio destinado ao aluno que se distinguisse em todos os lugares e cursos do CPOR. Parece que a gente vive atrás de prêmios, mas era uma condição natural, era um desafio, que nós fazíamos para a própria pessoa. Era um auto desafio. Não, eu vou ser bom, vou melhorar, vou fazer isso, aquilo.
Foi muito interessante esse meu desiderato, minha maneira de pensar, porque sempre procurei fazer o meu melhor. Logo em seguida a minha formatura na Universidade Federal do Paraná, depois que permaneci usufruindo da bolsa Wilson Wen na Argentina, voltei e aí começou a minha luta como médico e professor universitário. Então eu falava que tinha feito e ganhado a bolsa Wilson Wen, e essa bolsa tinha um vinculo universitário. Essa bolsa fazia com que o indivíduo que a utilizasse voltaria para a Universidade na carreira docente e essa carreira começava como auxiliar de ensino superior e dando o impulso oficial para toda ela. E culminou com a minha aposentadoria de 35 anos depois de ter exercido todas as funções dentro da universidade, do Hospital de Clinicas, principalmente, pois a minha turma de medicina foi a segunda que aproveitou o Hospital de Clinicas desde sua inauguração.
Ingressei no serviço médico da Prefeitura Municipal de Curitiba e eu me lembro muito bem, da minha especialização na Argentina em ginecologia e obstetrícia. Eu, graças a uma indicação também do meu grande amigo Motta, ingressei na Prefeitura através dele e dos prêmios conquistados. Um dia o grande prefeito Ivo Arzua, ao me chamar em seu gabinete, ele disse assim: “Doutor Bruno, o senhor não pense que vai fazer só ginecologia e obstetrícia. Nós precisamos de médico aqui e o senhor vai fazer tudo que for preciso dentro da medicina. ”
Então, eu ingressei na Prefeitura e fui trabalhar em um modesto consultório, que não tinha a mesa de exame ginecológico. Era ocupada para entulhos, ali eu comecei a exercer não só a medicina geral, mas a ginecologia e obstetrícia.
O que eu fazia? Eu tinha um fusquinha e enchia esse carro de pacientes e ia fazer os exames e os levava ao Hospital São Lucas, onde o diretor do hospital me dizia: “Doutor Bruno venha operar essas pacientes aqui, que eu dou a sala que o doutor quiser, para fazer exames nos seus pacientes”. E levava, enchia o fusquinha de pacientes, durante dois ou três anos, que isso acontecia. Só que a prefeitura, lá pelas tantas, me forneceu depois uma Kombi, um tipo ambulância, para levar as pacientes, porque o volume deles era muito grande e não cabia mais no meu fusquinha e assim começou a minha vida como cirurgião.
No Hospital de Clinicas, na minha vida universitária, não poderia deixar de citar um segundo pai que tive que foi Vitor do Amaral Filho. Cito também o Nilton Ferreira do Amaral, são pessoas que guardo no meu coração, não porque eu tenha sido agraciado com algum favor, mas eles me deram todo apoio que necessitava para o procedimento da minha vida universitária. Não poderia deixar de citar, já que falei em ginecologia, o dr. Domicio Pereira da Costa que foi professor de ginecologia que me deu também bastante apoio à essa minha vida universitária.
E o tempo foi passando, as minhas carreiras foram crescendo e fui me submetendo a concursos universitários, mesmo dentro da carreira de médico e da prefeitura de Curitiba. Também me submeti a concursos. Aconteceu um fato na minha vida muito interessante. Um dia eu recebo uma ligação de uma médico, de um professor, o José Maria Munhoz da Rocha. Era um imunologista em Curitiba, mas tinha grande importância, nos meios católicos. E a Maternidade Nossa Senhora de Fátima estava sendo inaugurada e veja só que interessante: eles acharam por bem me convidar como organizador, diretor clínico dessa entidade e eu aceitei. Pode parecer, como eu já havia feito na universidade, prefeitura e ainda mais ser diretor clinico da Maternidade Nossa Senhora de Fatima e organizar essa maternidade, olha eu aceitei, achei tempo para tudo. Eu olhava a minha profissão, assim como se fosse uma coisa sempre em ascensão, que estava subindo na minha carreira e organizei a maternidade, introduzi uma filosofia nova de atendimento, claro alguma coisa que eu trouxe de fora, da experiência que eu tive na Argentina.
E fiz os plantões de obstetrícia e lá estava, não só o Doutor José Maria Munhoz da Rocha, como seu diretor geral, eu como diretor clinico e, como diretora técnica representando as Irmãs que eram as mantenedoras da maternidade, a Irmã Eunice Benato de saudosa lembrança.
Por outro lado, eu também fui convidado para trabalhar no hospital Nossa Senhora das Graças, grande escola de Medicina, porque lá estavam os principais médicos de Curitiba. Ensinavam, não só a conduta médica como a conduta moral, a conduta ética, aos médicos que lá trabalhavam.
Não fui apenas plantonista do Hospital Nossa Senhora das Graças, como também, fui médico de cortesia e ainda sou médico desse grande hospital. Outro hospital que eu também participo, desde o início da sua fundação, é o Hospital Santa Cruz que continuo trabalhando lá e estarei trabalhando até os últimos dias da minha vida.
Casei com Marilia Nísia, minha esposa. Da nossa união nasceram quatro filhos, Mauricio, médico e ginecologista que nem o pai e obstetra também. Marcos também médico, cirurgião plástico com uma formação completa em cirurgia plástica que exige uma formação muito intensa, muito complexa por gerar a profissionalização de um artista praticamente. Já Ângela, única filha mulher, é farmacêutica e bioquímica e Fábio é advogado, o único que saiu da linha biológica.
Dentro da vida associativa na medicina eu já participei de inúmeras entidades e participo, ainda, de inúmeras delas. Sou um dos fundadores de um ambulatório e de um consultório no Hospital de Clínicas que atendem pacientes com um determinado tumor chamado omeoplasia, isto é tumores clausoblasticos e gestacionais. É um centro de referências que eu fundei exatamente 50 anos atrás e até hoje eu participo dele com minha frequência e chefia. Esse ambulatório funciona toda sexta-feira atendendo pessoas necessitadas portadoras dessa doença tão grave que é um câncer incurável.
Participo da Associação Médica do Paraná e nunca deixei de estar presente nessa entidade médica e fruto dessa minha dedicação, em toda essa minha vida, eu fui indicado e aprovado como seu membro isso já há onze anos, como membro titular.
Eu tive o prazer, também, de exercer o cargo de presidente da Academia Paranaense de Medicina o que muito me engrandeceu e me envolveu com o espírito acadêmico, oportunidade de aperfeiçoar a amizade deles e a sua cultura, cuja experiência me foi muito prazerosa.
A Academia Paranaense de Medicina é uma entidade importantíssima dentro da medicina e o ingresso se faz por uma indicação ou apresentação de currículo, que é analisado por uma comissão de ilustres médicos e acadêmicos. A vida de um acadêmico, de um candidato é vasculhada, numa análise importantíssima do currículo.
Eu poderia ressaltar o seguinte: tudo isso que nós fizemos nessa vida tem esse presente momento e pretendo ir muito mais adiante pois continuo com disposição e saúde para poder enfrentar a vida que eu acho que uma pessoa, enquanto com saúde e sua mentalidade e seu cérebro funcionando, deve continuar trabalhando, exercendo a sua profissão. Eu gostaria de dizer que tudo isso valeu a pena e eu não tenho absolutamente nenhuma observação negativa da profissão que eu exerci até agora.
Sou curitibano. Nasci no dia 18 de janeiro de 1939. Sou filho de Antônio Hipólito Grillo e de Josefina Paladino Grillo. Meu pai, quando eu nasci, trabalhava no Consulado Italiano, era o secretário-geral. Vejam bem, nasci em pleno tempo de guerra do Brasil contra Itália razão pela qual nós tivemos que sair de Curitiba. A minha mãe, Josefina Paladino Grillo, de tradicional família curitibana e de italianos, era uma pessoa batalhadora.
Na minha infância, tive que me transferir de cidade. Meus pais me levaram e também o meu irmão Fernando Renato Grillo. Fomos para Florianópolis, onde lá passei a minha infância. Meu pai faleceu em 1948 quando eu tinha um pouco mais de 8 anos. Fiquei órfão lá em Florianópolis. Tempos difíceis surgiram e retornamos a Curitiba e aí começou uma nova fase em nossas vidas. A minha mãe tendo que trabalhar, montou um atelier de costura na própria casa e eu, por outro lado, com pouca idade fui trabalhar com um tio meu que foi um verdadeiro pai: Henrique Schumacher.
Ele me colocou como funcionário da sua grande empresa em 1948. Eu nunca deixei de estudar. Eu sempre tive algumas pessoas que me protegeram. Tinha uma avó chamada Madalena Riva, que estabeleceu o compromisso de sustentar os meus estudos. Estudei no Colégio Santa Maria. Um estudo de primeiríssima linha e sempre correspondi com todas as demandas da escola, que a escolaridade exigia na época.
O Colégio Santa Maria nos proporcionava aprender diversas línguas inclusive, francês, latim e, também, o espanhol, que tanto me serviram posteriormente. Lá aprendi esses idiomas de uma forma primária, claro, depois desenvolvidos em minha vida com a prática.
Eu fui desenvolvendo a questão dos idiomas. O espanhol foi de grande valia na minha pós-graduação da Universidade Federal do Paraná. Sempre tive especial predileção pela medicina profissão, que abracei e abraço até agora em minha vida. Realizei o vestibular, fui aprovado com distinção em primeiro lugar na Universidade Federal do Paraná no curso de medicina.
O meu tio Henrique Schumacher financiou todos meus estudos até o dia de sair da universidade, para que eu pudesse enfrentar as pós-graduações. Os prêmios que eu recebi, durante o meu curso de medicina, me ajudaram muito. Eu recebi um prêmio e também fui agraciado por outro de grande importância, o “Erasto Gaertner”, que era vinculado com a Prefeitura Municipal de Curitiba. Era muito importante para todos. O prêmio era vinculado quando o médico voltava à cidade de origem e ocupava um cargo de ingresso no serviço médico da Prefeitura Municipal do Paraná em Curitiba. O prêmio “Hildebrando de Araújo”, também teve um caráter importante no começo dessa minha vida. Era um prêmio em dinheiro, revelando que vale a pena a gente se dedicar muito ao estudo e procurar sempre ser distinguido no curso médico.
Nesse período surgiu a idade do serviço militar e eu fui para o CPOR. Hoje muita gente se esquiva do serviço militar, mas eu acho que o CPOR de Curitiba, na época, era uma verdadeira escola da vida e lá eu permaneci durante dois anos e mais um ano de estágio no serviço de Saúde do exército. Foi uma grande escola de vida. Eu me animei tanto, talvez eu tivesse pensado em conhecer o médico militar.
Recebi também o prêmio “Correia Lima” no CPOR. Era um prêmio destinado ao aluno que se distinguisse em todos os lugares e cursos do CPOR. Parece que a gente vive atrás de prêmios, mas era uma condição natural, era um desafio, que nós fazíamos para a própria pessoa. Era um auto desafio. Não, eu vou ser bom, vou melhorar, vou fazer isso, aquilo.
Foi muito interessante esse meu desiderato, minha maneira de pensar, porque sempre procurei fazer o meu melhor. Logo em seguida a minha formatura na Universidade Federal do Paraná, depois que permaneci usufruindo da bolsa Wilson Wen na Argentina, voltei e aí começou a minha luta como médico e professor universitário. Então eu falava que tinha feito e ganhado a bolsa Wilson Wen, e essa bolsa tinha um vinculo universitário. Essa bolsa fazia com que o indivíduo que a utilizasse voltaria para a Universidade na carreira docente e essa carreira começava como auxiliar de ensino superior e dando o impulso oficial para toda ela. E culminou com a minha aposentadoria de 35 anos depois de ter exercido todas as funções dentro da universidade, do Hospital de Clinicas, principalmente, pois a minha turma de medicina foi a segunda que aproveitou o Hospital de Clinicas desde sua inauguração.
Ingressei no serviço médico da Prefeitura Municipal de Curitiba e eu me lembro muito bem, da minha especialização na Argentina em ginecologia e obstetrícia. Eu, graças a uma indicação também do meu grande amigo Motta, ingressei na Prefeitura através dele e dos prêmios conquistados. Um dia o grande prefeito Ivo Arzua, ao me chamar em seu gabinete, ele disse assim: “Doutor Bruno, o senhor não pense que vai fazer só ginecologia e obstetrícia. Nós precisamos de médico aqui e o senhor vai fazer tudo que for preciso dentro da medicina. ”
Então, eu ingressei na Prefeitura e fui trabalhar em um modesto consultório, que não tinha a mesa de exame ginecológico. Era ocupada para entulhos, ali eu comecei a exercer não só a medicina geral, mas a ginecologia e obstetrícia.
O que eu fazia? Eu tinha um fusquinha e enchia esse carro de pacientes e ia fazer os exames e os levava ao Hospital São Lucas, onde o diretor do hospital me dizia: “Doutor Bruno venha operar essas pacientes aqui, que eu dou a sala que o doutor quiser, para fazer exames nos seus pacientes”. E levava, enchia o fusquinha de pacientes, durante dois ou três anos, que isso acontecia. Só que a prefeitura, lá pelas tantas, me forneceu depois uma Kombi, um tipo ambulância, para levar as pacientes, porque o volume deles era muito grande e não cabia mais no meu fusquinha e assim começou a minha vida como cirurgião.
No Hospital de Clinicas, na minha vida universitária, não poderia deixar de citar um segundo pai que tive que foi Vitor do Amaral Filho. Cito também o Nilton Ferreira do Amaral, são pessoas que guardo no meu coração, não porque eu tenha sido agraciado com algum favor, mas eles me deram todo apoio que necessitava para o procedimento da minha vida universitária. Não poderia deixar de citar, já que falei em ginecologia, o dr. Domicio Pereira da Costa que foi professor de ginecologia que me deu também bastante apoio à essa minha vida universitária.
E o tempo foi passando, as minhas carreiras foram crescendo e fui me submetendo a concursos universitários, mesmo dentro da carreira de médico e da prefeitura de Curitiba. Também me submeti a concursos. Aconteceu um fato na minha vida muito interessante. Um dia eu recebo uma ligação de uma médico, de um professor, o José Maria Munhoz da Rocha. Era um imunologista em Curitiba, mas tinha grande importância, nos meios católicos. E a Maternidade Nossa Senhora de Fátima estava sendo inaugurada e veja só que interessante: eles acharam por bem me convidar como organizador, diretor clínico dessa entidade e eu aceitei. Pode parecer, como eu já havia feito na universidade, prefeitura e ainda mais ser diretor clinico da Maternidade Nossa Senhora de Fatima e organizar essa maternidade, olha eu aceitei, achei tempo para tudo. Eu olhava a minha profissão, assim como se fosse uma coisa sempre em ascensão, que estava subindo na minha carreira e organizei a maternidade, introduzi uma filosofia nova de atendimento, claro alguma coisa que eu trouxe de fora, da experiência que eu tive na Argentina.
E fiz os plantões de obstetrícia e lá estava, não só o Doutor José Maria Munhoz da Rocha, como seu diretor geral, eu como diretor clinico e, como diretora técnica representando as Irmãs que eram as mantenedoras da maternidade, a Irmã Eunice Benato de saudosa lembrança.
Por outro lado, eu também fui convidado para trabalhar no hospital Nossa Senhora das Graças, grande escola de Medicina, porque lá estavam os principais médicos de Curitiba. Ensinavam, não só a conduta médica como a conduta moral, a conduta ética, aos médicos que lá trabalhavam.
Não fui apenas plantonista do Hospital Nossa Senhora das Graças, como também, fui médico de cortesia e ainda sou médico desse grande hospital. Outro hospital que eu também participo, desde o início da sua fundação, é o Hospital Santa Cruz que continuo trabalhando lá e estarei trabalhando até os últimos dias da minha vida.
Casei com Marilia Nísia, minha esposa. Da nossa união nasceram quatro filhos, Mauricio, médico e ginecologista que nem o pai e obstetra também. Marcos também médico, cirurgião plástico com uma formação completa em cirurgia plástica que exige uma formação muito intensa, muito complexa por gerar a profissionalização de um artista praticamente. Já Ângela, única filha mulher, é farmacêutica e bioquímica e Fábio é advogado, o único que saiu da linha biológica.
Dentro da vida associativa na medicina eu já participei de inúmeras entidades e participo, ainda, de inúmeras delas. Sou um dos fundadores de um ambulatório e de um consultório no Hospital de Clínicas que atendem pacientes com um determinado tumor chamado omeoplasia, isto é tumores clausoblasticos e gestacionais. É um centro de referências que eu fundei exatamente 50 anos atrás e até hoje eu participo dele com minha frequência e chefia. Esse ambulatório funciona toda sexta-feira atendendo pessoas necessitadas portadoras dessa doença tão grave que é um câncer incurável.
Participo da Associação Médica do Paraná e nunca deixei de estar presente nessa entidade médica e fruto dessa minha dedicação, em toda essa minha vida, eu fui indicado e aprovado como seu membro isso já há onze anos, como membro titular.
Eu tive o prazer, também, de exercer o cargo de presidente da Academia Paranaense de Medicina o que muito me engrandeceu e me envolveu com o espírito acadêmico, oportunidade de aperfeiçoar a amizade deles e a sua cultura, cuja experiência me foi muito prazerosa.
A Academia Paranaense de Medicina é uma entidade importantíssima dentro da medicina e o ingresso se faz por uma indicação ou apresentação de currículo, que é analisado por uma comissão de ilustres médicos e acadêmicos. A vida de um acadêmico, de um candidato é vasculhada, numa análise importantíssima do currículo.
Eu poderia ressaltar o seguinte: tudo isso que nós fizemos nessa vida tem esse presente momento e pretendo ir muito mais adiante pois continuo com disposição e saúde para poder enfrentar a vida que eu acho que uma pessoa, enquanto com saúde e sua mentalidade e seu cérebro funcionando, deve continuar trabalhando, exercendo a sua profissão. Eu gostaria de dizer que tudo isso valeu a pena e eu não tenho absolutamente nenhuma observação negativa da profissão que eu exerci até agora.
Sou curitibano. Nasci no dia 18 de janeiro de 1939. Sou filho de Antônio Hipólito Grillo e de Josefina Paladino Grillo. Meu pai, quando eu nasci, trabalhava no Consulado Italiano, era o secretário-geral. Vejam bem, nasci em pleno tempo de guerra do Brasil contra Itália razão pela qual nós tivemos que sair de Curitiba. A minha mãe, Josefina Paladino Grillo, de tradicional família curitibana e de italianos, era uma pessoa batalhadora.
Na minha infância, tive que me transferir de cidade. Meus pais me levaram e também o meu irmão Fernando Renato Grillo. Fomos para Florianópolis, onde lá passei a minha infância. Meu pai faleceu em 1948 quando eu tinha um pouco mais de 8 anos. Fiquei órfão lá em Florianópolis. Tempos difíceis surgiram e retornamos a Curitiba e aí começou uma nova fase em nossas vidas. A minha mãe tendo que trabalhar, montou um atelier de costura na própria casa e eu, por outro lado, com pouca idade fui trabalhar com um tio meu que foi um verdadeiro pai: Henrique Schumacher.
Ele me colocou como funcionário da sua grande empresa em 1948. Eu nunca deixei de estudar. Eu sempre tive algumas pessoas que me protegeram. Tinha uma avó chamada Madalena Riva, que estabeleceu o compromisso de sustentar os meus estudos. Estudei no Colégio Santa Maria. Um estudo de primeiríssima linha e sempre correspondi com todas as demandas da escola, que a escolaridade exigia na época.
O Colégio Santa Maria nos proporcionava aprender diversas línguas inclusive, francês, latim e, também, o espanhol, que tanto me serviram posteriormente. Lá aprendi esses idiomas de uma forma primária, claro, depois desenvolvidos em minha vida com a prática.
Eu fui desenvolvendo a questão dos idiomas. O espanhol foi de grande valia na minha pós-graduação da Universidade Federal do Paraná. Sempre tive especial predileção pela medicina profissão, que abracei e abraço até agora em minha vida. Realizei o vestibular, fui aprovado com distinção em primeiro lugar na Universidade Federal do Paraná no curso de medicina.
O meu tio Henrique Schumacher financiou todos meus estudos até o dia de sair da universidade, para que eu pudesse enfrentar as pós-graduações. Os prêmios que eu recebi, durante o meu curso de medicina, me ajudaram muito. Eu recebi um prêmio e também fui agraciado por outro de grande importância, o “Erasto Gaertner”, que era vinculado com a Prefeitura Municipal de Curitiba. Era muito importante para todos. O prêmio era vinculado quando o médico voltava à cidade de origem e ocupava um cargo de ingresso no serviço médico da Prefeitura Municipal do Paraná em Curitiba. O prêmio “Hildebrando de Araújo”, também teve um caráter importante no começo dessa minha vida. Era um prêmio em dinheiro, revelando que vale a pena a gente se dedicar muito ao estudo e procurar sempre ser distinguido no curso médico.
Nesse período surgiu a idade do serviço militar e eu fui para o CPOR. Hoje muita gente se esquiva do serviço militar, mas eu acho que o CPOR de Curitiba, na época, era uma verdadeira escola da vida e lá eu permaneci durante dois anos e mais um ano de estágio no serviço de Saúde do exército. Foi uma grande escola de vida. Eu me animei tanto, talvez eu tivesse pensado em conhecer o médico militar.
Recebi também o prêmio “Correia Lima” no CPOR. Era um prêmio destinado ao aluno que se distinguisse em todos os lugares e cursos do CPOR. Parece que a gente vive atrás de prêmios, mas era uma condição natural, era um desafio, que nós fazíamos para a própria pessoa. Era um auto desafio. Não, eu vou ser bom, vou melhorar, vou fazer isso, aquilo.
Foi muito interessante esse meu desiderato, minha maneira de pensar, porque sempre procurei fazer o meu melhor. Logo em seguida a minha formatura na Universidade Federal do Paraná, depois que permaneci usufruindo da bolsa Wilson Wen na Argentina, voltei e aí começou a minha luta como médico e professor universitário. Então eu falava que tinha feito e ganhado a bolsa Wilson Wen, e essa bolsa tinha um vinculo universitário. Essa bolsa fazia com que o indivíduo que a utilizasse voltaria para a Universidade na carreira docente e essa carreira começava como auxiliar de ensino superior e dando o impulso oficial para toda ela. E culminou com a minha aposentadoria de 35 anos depois de ter exercido todas as funções dentro da universidade, do Hospital de Clinicas, principalmente, pois a minha turma de medicina foi a segunda que aproveitou o Hospital de Clinicas desde sua inauguração.
Ingressei no serviço médico da Prefeitura Municipal de Curitiba e eu me lembro muito bem, da minha especialização na Argentina em ginecologia e obstetrícia. Eu, graças a uma indicação também do meu grande amigo Motta, ingressei na Prefeitura através dele e dos prêmios conquistados. Um dia o grande prefeito Ivo Arzua, ao me chamar em seu gabinete, ele disse assim: “Doutor Bruno, o senhor não pense que vai fazer só ginecologia e obstetrícia. Nós precisamos de médico aqui e o senhor vai fazer tudo que for preciso dentro da medicina. ”
Então, eu ingressei na Prefeitura e fui trabalhar em um modesto consultório, que não tinha a mesa de exame ginecológico. Era ocupada para entulhos, ali eu comecei a exercer não só a medicina geral, mas a ginecologia e obstetrícia.
O que eu fazia? Eu tinha um fusquinha e enchia esse carro de pacientes e ia fazer os exames e os levava ao Hospital São Lucas, onde o diretor do hospital me dizia: “Doutor Bruno venha operar essas pacientes aqui, que eu dou a sala que o doutor quiser, para fazer exames nos seus pacientes”. E levava, enchia o fusquinha de pacientes, durante dois ou três anos, que isso acontecia. Só que a prefeitura, lá pelas tantas, me forneceu depois uma Kombi, um tipo ambulância, para levar as pacientes, porque o volume deles era muito grande e não cabia mais no meu fusquinha e assim começou a minha vida como cirurgião.
No Hospital de Clinicas, na minha vida universitária, não poderia deixar de citar um segundo pai que tive que foi Vitor do Amaral Filho. Cito também o Nilton Ferreira do Amaral, são pessoas que guardo no meu coração, não porque eu tenha sido agraciado com algum favor, mas eles me deram todo apoio que necessitava para o procedimento da minha vida universitária. Não poderia deixar de citar, já que falei em ginecologia, o dr. Domicio Pereira da Costa que foi professor de ginecologia que me deu também bastante apoio à essa minha vida universitária.
E o tempo foi passando, as minhas carreiras foram crescendo e fui me submetendo a concursos universitários, mesmo dentro da carreira de médico e da prefeitura de Curitiba. Também me submeti a concursos. Aconteceu um fato na minha vida muito interessante. Um dia eu recebo uma ligação de uma médico, de um professor, o José Maria Munhoz da Rocha. Era um imunologista em Curitiba, mas tinha grande importância, nos meios católicos. E a Maternidade Nossa Senhora de Fátima estava sendo inaugurada e veja só que interessante: eles acharam por bem me convidar como organizador, diretor clínico dessa entidade e eu aceitei. Pode parecer, como eu já havia feito na universidade, prefeitura e ainda mais ser diretor clinico da Maternidade Nossa Senhora de Fatima e organizar essa maternidade, olha eu aceitei, achei tempo para tudo. Eu olhava a minha profissão, assim como se fosse uma coisa sempre em ascensão, que estava subindo na minha carreira e organizei a maternidade, introduzi uma filosofia nova de atendimento, claro alguma coisa que eu trouxe de fora, da experiência que eu tive na Argentina.
E fiz os plantões de obstetrícia e lá estava, não só o Doutor José Maria Munhoz da Rocha, como seu diretor geral, eu como diretor clinico e, como diretora técnica representando as Irmãs que eram as mantenedoras da maternidade, a Irmã Eunice Benato de saudosa lembrança.
Por outro lado, eu também fui convidado para trabalhar no hospital Nossa Senhora das Graças, grande escola de Medicina, porque lá estavam os principais médicos de Curitiba. Ensinavam, não só a conduta médica como a conduta moral, a conduta ética, aos médicos que lá trabalhavam.
Não fui apenas plantonista do Hospital Nossa Senhora das Graças, como também, fui médico de cortesia e ainda sou médico desse grande hospital. Outro hospital que eu também participo, desde o início da sua fundação, é o Hospital Santa Cruz que continuo trabalhando lá e estarei trabalhando até os últimos dias da minha vida.
Casei com Marilia Nísia, minha esposa. Da nossa união nasceram quatro filhos, Mauricio, médico e ginecologista que nem o pai e obstetra também. Marcos também médico, cirurgião plástico com uma formação completa em cirurgia plástica que exige uma formação muito intensa, muito complexa por gerar a profissionalização de um artista praticamente. Já Ângela, única filha mulher, é farmacêutica e bioquímica e Fábio é advogado, o único que saiu da linha biológica.
Dentro da vida associativa na medicina eu já participei de inúmeras entidades e participo, ainda, de inúmeras delas. Sou um dos fundadores de um ambulatório e de um consultório no Hospital de Clínicas que atendem pacientes com um determinado tumor chamado omeoplasia, isto é tumores clausoblasticos e gestacionais. É um centro de referências que eu fundei exatamente 50 anos atrás e até hoje eu participo dele com minha frequência e chefia. Esse ambulatório funciona toda sexta-feira atendendo pessoas necessitadas portadoras dessa doença tão grave que é um câncer incurável.
Participo da Associação Médica do Paraná e nunca deixei de estar presente nessa entidade médica e fruto dessa minha dedicação, em toda essa minha vida, eu fui indicado e aprovado como seu membro isso já há onze anos, como membro titular.
Eu tive o prazer, também, de exercer o cargo de presidente da Academia Paranaense de Medicina o que muito me engrandeceu e me envolveu com o espírito acadêmico, oportunidade de aperfeiçoar a amizade deles e a sua cultura, cuja experiência me foi muito prazerosa.
A Academia Paranaense de Medicina é uma entidade importantíssima dentro da medicina e o ingresso se faz por uma indicação ou apresentação de currículo, que é analisado por uma comissão de ilustres médicos e acadêmicos. A vida de um acadêmico, de um candidato é vasculhada, numa análise importantíssima do currículo.
Eu poderia ressaltar o seguinte: tudo isso que nós fizemos nessa vida tem esse presente momento e pretendo ir muito mais adiante pois continuo com disposição e saúde para poder enfrentar a vida que eu acho que uma pessoa, enquanto com saúde e sua mentalidade e seu cérebro funcionando, deve continuar trabalhando, exercendo a sua profissão. Eu gostaria de dizer que tudo isso valeu a pena e eu não tenho absolutamente nenhuma observação negativa da profissão que eu exerci até agora.