Sou Cidadã Honorária de Curitiba e oriúnda desta cidade, nascia em 8 de setembro de 1938. Filha da professora, pianista e trovadora Izélite Sardenberg Bassetti e do médico, professor de Medicina e de Física na Universidade Federal do Paraná e poeta Altivir Bassetti. Professora, escritora, tradutora, interprete e poeta, exerço atualmente o magistério na Oficina Parananense de Poesia, braço da Academia Paranaense da Poesia, que, em parceria com a Biblioteca Pública do Paraná- e nesta cidade sediada-, atende poetas e aficcionados de gênero. Sou 1ª ocupante da Cadeira nº 24 da referida academia, cujo Patrono é meu saudoso pai.
São meus progenitores: pelo lado materno, a gaúcha Etelvina Maria Monteiro da Silva e o Primeiro Tenente do Exército Brasileiro Olintho Nunes Sandenberg, natural de Cuiabá, M.T. Pelo lado paterno Maria Rosa Zanicotti e Francisco Bassetti, ambos naturais de Morretes- PR .
Com as mortes prematuras de meus avôs, ambas as viúvas com seis filhos menores, foram bravamente à luta e saíram vencedoras, mantendo a união e integração das respectivas familias. Da vó Etervina, herdei a personalidade cívica, a devoção religiosa e o respeito à diversidade. De nona Rosa, a suprema valorização do trabalho humano, o pendor às artes manuais e o fervor às raízes familiares.
De meu matrimônio com médico Régenis B. Prochmann, dei à luz quatro filhas: a jornalista Valéria, a médica Vanessa, a procuradora do Estado do Paraná Valquíria, e a médica Viviane. Seis netos abrilhantam meus dias e minhas esperanças: Daphne e William, Victória e Thiago, Henrique e Fernanda. Rogo a Deus que se confirgurem cidadãs e cidadãos livres, conscientes e participativos.
Nesta minha Profissão de Fé, lembro a priori a importância vital que minha família exerceu e exerce em todos o momentos de minha vida. Pais que se amavam, extremosos para com suas duas filhas, mestres em todas as ocasiões. Cultivavam princípios que têm sido pedras de toque para um desenvolvimento pessoal e uma convivência humana salutar. Cito algumas dessas preciosas fórmulas. A primeira delas, a Liberdade que, tal como a Caridade, há que se iniciar em casa. “Nada no mundo pode impedir o ser humano de se sentir nascido para a liberdade”, diz Simone Weil. E completa: “ Jamais, aconteça, o que acontecer, o ser humano não poderá aceitar a servidão. Porque ele PENSA. “A liberdade, tal como à vida, só faz jus quem se devote a conquistá-la diariamente. Para tanto, espera se um mundo sedimentado sobre quatro liberdades essenciais: 1. A liberdade da palavra e da expressão, por toda a parte do mundo. 2. A liberdade de reverenciar Deus, por toda a parte do mundo. 3. A liberdade de manter-se livre de qualquer necessidade absoluta, por toda a parte do mundo. 4. A liberdade de ser e agir livremente, sem temor, por toda a parte do mundo.”
Sem esses valores, que se fundem e se sedimentam, a liberadde não se enraíza. Em minha longa porém frutífera caminhada em prol da Liberdade e do Direito, tenho, praticado a liberdade de duvidar, de cometer enganos e corrigí-los, de procurar, ousar, provar experiências novas, de divergir de qualquer autoridade se preciso, seja ela literária, artística, filosófica, religiosa, social ou política. Pois, o uso da Liberdade é prática imprescindível para a formação, criação e renovação humanas. Infelizmente, existe certa ideologia que prega uma vida ilusória como sendo ideal, em que nada, absolutamente nada, tem a ver com a realidade. É só cantar, agradecer, louvar, sorrir, sem questionamento algum. A indignação- que sói ser reação das dignas, – é tida como desiquilíbrio! Na verdade, essa pregação tolhe o Direito e também a necessidade que é própria do ser humano, que resta decepado!
Outro postulado que conservo do lar que me abrigou e formulou é o amor à Pátria! Segundo Rui Barbosa, o torrão natal é formado com base nas cinzas de seus heróis, é a Família amplificada, divinamente constituída, que tem por elementos orgânicos a disciplina, a fidelidade, a bem-querença, o sacrifício, a honra! O estuário dessas premissas é o Estado Democrático. A Democracia é na essência um estado de espírito, o regime de convivência nunca de exclusão! No qual deve estar em vigência total empenho para apurar a verdade. Um apurado senso de busca, seja por entre as promessas e as dádivas dos bem-aquinhoados, seja por entre os soluços e as importunações daqueles mais carentes! Uma das célebres máximas de Montesquieu referente ao amor do gênero humano pela Pátria, serve de paradigma: “Se eu soubesse algo que me fosse útil mas prejudicial à minha família, rejeitá-lo-ia do meu espírito. Se soubesse algo útil à minha família mas não o fosse à minha pátria, procuraria de pronto esquecê-lo. E se soubesse algo útil à minha família e que fosse prejudiacial ao gênero humano, considerá-lo-ia como um crime.”
No escaninho deste meu confessionário, chego à Palavra e o relevante significado que ela sempre exerceu em minha vida. Se, ao Hamlet de Shakespeare, a Palavra tem sido tormento- “Words, words, words”- a mim ela tem sido benévola amiga e fiel companheira. “A palavra em seu ventre me modela”, extravasa Nogueira Moutinho, definindo a forma com que a linguagem aperfeiçoa toda e qualquer expressão humana. Comigo, de mãos dadas, às vezes abraçadas, temos palmilhado caminhos serenos e tormentosos, inócuos e frutíferos! Desde o dedilhar das rimas dos pais poetas, das músicas de uma infância e juventude tocada e cantada em família, do primeiro filme que me vem à lembrança- ah Charlie Chaplin!-, da primeira peça teatral com Procópio Ferreira, das aulas do primeiro colégio- a Divina Providência, ao outro Nossa Senhora de Sion, que aperfeiçoou todas as arestas da puberdade à adolescência e desta para a maioridade, que impulsionou com latim e o francês ministrados desde o 2º ano primário, e me despertou para o inebriante mundo dos idiomas, os quais, somados ao italiano, espanhol e alemão, serviram e servem a esta pretensa poliglota, exercer uma profissão digna – a de tradutora e intérprete – nos mais variados cantos do mundo.
Mas também em redações borbulhantes de jornais,- Jornal do Comércio, Correio de Notícias,- da Assembléia Legislativa do Estado, um micro universo da Política, ao vivo e em cores! A Palavra das aulas universitárias, com brilho do magnifico linguista Professor Rogério Farani Mansur Guérios, dos discursos e palestras em prol dos Direitos da Mulher, do brado em Brasilia pelas Diretas/Já seja nas regiões paranaenses, seja nas praças as mais resistentes, constribuição de corpo e alma a meu amado país.
Palavras que levam às lágrimas no canto do Hino Nacional, nos livros que li, reli, leio e lerei, nos livros que publiquei, nas lídimas e gratificantes ocasiões como esta que vivenciamos agora, em que tomo emprestados seus ouvidos e seus olhos. A Palavra, que é monólogo, diálogo, mensagem, idioma, verbo, que sedimenta a cultura, que encerra em si toda a construção e a sabedoria da raça humana! Há quem, inadvertivamente, alegue antagonismo entre as relações da linguagem popular e a linguagem escrita, crudita. Engano ledo. Ambas são exatamente corpo e espírito, uma não pode prescindir da outra.
No ensejo, agradeço às academias e centros culturais e cívicos que me honraram com convite de integração e que, continuam me oferecendo exemplos de decoro dignidade e valiosa contribuição às Letras do Paraná. A saber: Academia Feminina de Letras do Paraná/ Academia Pananense da Poesia/ Academia Letras José de Alencar/ Academia de Cultura de Curitiba/ Centro de Letras do Paraná/ União Brasileira de Trovadores Unidade Parananense/ Oficina Parananense de Poesia/ Associação Paranaense de Imprensa.
Chego ao fim deste relato profícuo citando meus livros: “ Demanto e Bordão”: compilação de 37 anos presentes na Gazeta do Povo- registro de uma era curitibana, paranaense e internacional;“A alma que me habita”: Sonetos, poemas, poesias;“Pífaros e Pandeiros”: 150 trovas das madrugadas;“Totalmente Mulher”: Monografia premiada nacionalmente com 4º lugar unânime em São Paulo;“O grande Encontro”: Monografia sobre Ética Humana, concurso promovido pelo Conselho Regional de Medicina/PR 1º lugar unânime;“ Duas Cartilhas à Constuinte 88: Distribuição nacional;“Contribuição da Mulher Paranaense à Constituite 88”- nacional;
“Memórias da Curitiba Urbana”: Tomos 1 e 2 – versão para o Inglês distribuição internacional.
Premiações:Medalha de Ouro “Jornalista D’Almeida Vitor”, Brasilia- Serviços ao País monografia premiada, 1º Lugar, Prêmio pelo Conselho Estadual de Medicina, Curitiba/PR; Placa de Prata pela Defesa dos Direitos da Mulher- Governo do Paraná/Gestão Jaime lerner;Placa de Prata pelo pioneirismo: 1ª Mulher no Paraná a ser eleita para compor a Executiva regional do PMDB/PR;
Medalha de Prata- Conselho de Ministros de Roma/Itália e Titulo Cultural Italiano pela luta em Prol da Paridade;Bloch Editores- 1º Lugar Nacional com unanimidade dos jurados, entre 5000 concorrentes- São Paulo/SP;Medalha de Ouro- Conselho da Mulher Executiva do PR- Luta pelos Direitos da Mulher;Título de Lions Clube – Cultural;Livro “Os Poetas” – 1º Concurso de Poesias” Helena Kolody”- Secretaria da Cultura/PR- Gestão Alvaro Dias;Inúmeras presenças nos Anais da Assembléia Legislativa/PR;Votos de Aplausos-Anais da Câmara Municipal de Curitiba; 7 Antologias Poéticas e Prosa- Distrito Federal; 2 Prêmio “ Cultura Curitibana” – Câmara de Vereadores/ Curitiba/PR.
Ao término de minha alocução: Agradeço aos poderes divinos me terem dado Boca para sentir sabor… Pele para gostar de água e acarinhar… Olhos para admirar o sol, a lua, as estrelas, a perfeita modelagem do homem e da mulher… Mãos para pegar o dorso do livro e afagar o rosto de criança… Nariz para fungar o bom perfume e fugir do mau…Ouvidos para escutar o trinar dos pássaros e a melodia do cantar do povo… Pernas para muito caminhar noite adentro e manhã gloriosa, e, ainda que muda, conversar com as árvores, com os animais, com as casas, enfim, o dom inefável de viver com simplicidade, de encontrar em torno de mim mesma, no maior deserto moral, na solidão do espírito, o bastante para me fartar. Obrigada!