Meus pais, Ernesto Stumm e Rosa Tecla Stumm, se conheceram e casaram em Porto Vitória, na época pertencia à cidade de União da Vitória, hoje município próprio. Meu irmão mais velho, o primogênito Haroldo nasceu nessa vila. Em 1932, aproximadamente, viajaram para Venâncio Aires, Rio Grande do Sul, onde ficaram morando na casa de meus avós paternos João Stumm e Ludwina Mohr Stumm. Ali, em 29 de maio de 1933, foi quando nasci.
Meu pai era bisneto de alemães do lado paterno e minha avó, provavelmente também. Pelo meu lado materno, sou neto de Érico Kober nascido em Berlin, Alemanha e Ana Rockenbach Kober natural do Rio Grande do Sul.
Com meus quase dois anos de idade, meus pais resolveram retornar a Porto Vitória, comigo e meu irmão Haroldo. Nessa vila já residiam Alfredo e Hilda Werminghoff, meus tios, e também padrinhos de batismo. Este fato na minha vida é muito relevante, pois passaram a me tratar como se fosse filho deles. Recebi muito carinho, amor e apoio sob qualquer ângulo dos meus queridos tios.
Consequentemente, passei a ficar cada vez mais tempo com eles, inclusive dormindo noites seguidas na casa em que residiam, com total aquiescência dos meus pais, pois eram vizinhos próximos.
Durante o período da Segunda Guerra Mundial, houve escassez de sal, açúcar e farinha. Muitas famílias de agricultores da região, devido a suas origens, especialmente alemã, não falavam a língua portuguesa naquela época, consequentemente, tiveram enormes dificuldades para comunicarem-se, após decretada a proibição do uso das línguas alemã, italiana e japonesa. Foi uma fase difícil.
Outra realidade, não havia assistência médica, nem mesmo farmácia existia nessa vila, somente em União da Vitória. O transporte até essa cidade, era realizado por meio de lanchas pelo rio Iguaçu. Porto Vitória fica situada à margem esquerda desse rio. Nessa localidade, como criança, vivi momentos de muita felicidade, embora entristecia-me profundamente, ao saber do falecimento de alguém por falta de recurso médico.
Todos os meus irmãos, Haroldo, o mais velho, Milton, Ingrid e Érico nasceram em Porto Vitória. Ao terminar o quinto ano do curso primário, os meus tios perguntaram-me: “Você gostaria de fazer os cursos ginasial, colegial e o universitário?” Respondi rapidamente que sim. Então, comece fazendo o Exame de Admissão no Ginásio São José em Porto União, SC.
A partir do segundo ano, fui para o Ginásio Túlio de França, em União da Vitória e para cursar o colegial, viemos para Curitiba, todas as despesas dos meus estudos foram patrocinados pelos meus padrinhos, o que muito tenho a agradecer até hoje.
Cheguei em Curitiba em 1951 e no início de 1952 vieram meus tios com a mudança. Moramos juntos, até o falecimento deles, na rua Ermelino de Leão, 483 – Centro. Recomendavam-me sempre desenvolver a intelectualidade, a cultura e ser ético. Visitávamos os meus pais frequentemente em Porto Vitória e depois em União da Vitória, quando passaram a residir nessa cidade.
Matriculei-me no Colégio Estadual do Paraná, onde conclui o científico. Em seguida, fiz o vestibular na UFPR, para cursar Ciências Econômicas. Posteriormente, já como economista, obtive também o título de administrador. Ainda estudante, ingressei em 1954, na Prefeitura Municipal de Curitiba, como servidor. Depois de alguns concursos, passei para o Quadro de Economistas. Embora estável na Prefeitura, continuei a estudar, fazendo Pós-Graduação tanto no Brasil como no exterior.
O conjunto de novos conhecimentos, permitiu-me o avanço significativo na área teórica e técnica, no campo da Economia e Administração. Na Prefeitura de Curitiba, ocupei várias posições como, assessor do Prefeito, diretor do Instituto Municipal de Administração, secretário da Fazenda Municipal e também do Material e Transporte.
A minha primeira experiência como organizador de Seminário em nível nacional ocorreu na década de sessenta. O Prefeito Ivo Arzua, projetou o primeiro seminário de Produtividade e Desenvolvimento, incumbindo-me de organizá-lo. Posteriormente, participei de outros eventos como organizador ou presidente.
Em 1972, a convite do Governador Parigot de Sousa, assumi a direção do DESP – Departamento Estadual do Serviço Público, mais tarde transformado em Secretaria de Estado de Recursos Humanos, da qual fui o diretor geral.
Em 1976, aceitei o convite feito diretamente pelo então, presidente da Telepar, para ocupar um cargo naquela empresa, junto à Presidência. Durante os 23 anos de Telepar, estive colaborando com a Administração Municipal de Curitiba, bem como na Estadual. Sempre por solicitação do Prefeito ou Governador à direção da companhia. Dessa forma, assumi a presidência da Celepar, em um período governamental. Em um outro período, como diretor geral da Secretaria Estadual da Administração.
Comecei a atividade de professor titular em 1968 na Universidade Federal do Paraná nos cursos de Administração e Economia. Tive muita satisfação em ser um dos fundadores do Curso de Administração da UFPr, da mesma forma, ao liderar fundação da Assepas, da qual fui seu primeiro presidente. Hoje, com nova denominação, União Nacional das Instituições de Autogestão em Saúde.
Na minha trajetória profissional e passando por diferentes locais de trabalho, vivenciei fatos e casos inusitados, que permaneceram na memória. Cito na sequência um exemplo interessante, ocorrido na Telepar, que durante anos foi eleita a melhor empresa de telecomunicações do Brasil, conforme os relatórios mensais da Telebras. Na ocasião em que foram substituídos os velhos aparelhos telefônicos, pelos com discagem, alguns usuários reclamaram muito por não conseguirem completar uma ligação, pois não encontravam o mesmo algarismo por mais de uma vez. Se, eventualmente o número ao qual gostariam de efetuar a ligação fosse 24-4845, informavam ter encontrado o primeiro 4, mas, o segundo e o terceiro, não. Mesmo parecendo algo simples, a inovação tecnológica exigia bastante trabalho, de toda equipe, não raro era necessário o deslocamento de um técnico ou engenheiro até a residência do usuário para explicar, por mais de uma vez, o uso do telefone.
Não poderia deixar de enfatizar o ano de 1963, no qual vivi momentos de muita emoção e alegria, ao casar-me no dia 22 de novembro, com Silmara Bastos. A ela devo muito pelo fato de poder dedicar-me ao estudo e trabalho. São quase 56 anos de muita felicidade comum. Nossas filhas, Silvana, Cristina e Gisele, mais os netos Henrique e Maria Clara, são mais uma razão para nossa felicidade.
Vale ainda dizer a minha permanente disposição pelo esporte, seja assistindo ou praticando. Como sócio já remido do Clube Curitibano, sou privilegiado por poder frequentar as suas belas instalações, com possibilidade de praticar diferentes modalidades esportivas oferecidas pelo Clube e também participar de eventos sociais e culturais. Mais importante ainda, é proporcionar tudo isso à minha família.
Em termos de futebol, sou torcedor do melhor time do Paraná e quiçá do Brasil, o Athlético.
Concluo dizendo, como é bom e como faz bem ter amigos.