Colecionador inveterado de objetos e histórias. Max Conradt Jr. é um senhor de 81 anos de idade que coleciona quadros, revistas, livros, conduz a narrativa e recheia seus depoimentos de frases pomposas. “Todas as vezes em que a gente chegava lá, ele nos recebia com uma reverência. Fazia um grande teatro e repetia as frases, sempre de maneira diferente do dia anterior. Por isso, a gente podia ter vários títulos para o filme”, contou o diretor Rafael Urban. Segundo ele, que é autor também de Ovos de Dinossauro, outro filme sobre personagem singular, a intenção é promover também uma discussão sobre a identidade do seu estado: “O Paraná é um lugar que não lida muito com sua própria memória”, diz. Terence Keller, o outro diretor do curta, acrescenta: “O Paraná busca uma identidade até hoje”.
De acordo com Keller, a ligação com Max Conradt Jr. teve início no ano de 2007, ao término do festival Recine-Paraná. Ele conta: “De repente eu vi aquele senhor que carregava dezenas de cartazes de filmes da década de 1960 e fui conversar. Ele me contou que tinha outras dezenas de cartazes como aqueles em casa. A partir daí, fizemos vários visitas e vimos que ali havia o tema para um filme”. Segundo Urban, Conradt Jr. é apaixonado por cinema e encontrou uma forma peculiar de se aproximar da linguagem: “Ele era dono de uma loja de roupas para crianças, chamada Maison Blanche. Comprou o Cine Curitiba pra fazer lá dentro a loja e disse que estava realizando desta forma o sonho de estar no mundo do cinema”.
Max Conradt Jr. é um contador de histórias impagável. “A coisa mais forte nesse homem é a energia inesgotável. Uma vez, passamos um dia inteiro procurando, com ele, a Playboy número 1, que ele tinha guardado. E ele tirava e abria 150 caixas. Isso para um homem de 81 anos de idade é impressionante”, relatou Rafael Urban, contando que semanalmente o personagem muda os quadros de lugar, a posição dos livros e cataloga tudo numa máquina de escrever. A certa altura, contam os diretores, o personagem tomou o filme para ele. “Ele não respeitava os nossos limites. Pedíamos um plano de 5 minutos e ele fazia com 10. A gente teve que contornar a eloqüência dele”, revelou Terence Keller.