Renato Valmassoni Pinho (2016) Medicina – Curitiba – Paraná

Nasci aqui em Curitiba, no dia três de fevereiro de 1944, na Casa de Saúde São Francisco, na Rua São Francisco. Os meus pais são, Anôr Pinho, que foi o primeiro farmacêutico de Curitiba e Catina Valmassoni Pinho.

O meu bisavô materno chamava-se Conde Hipólito Henrique Pinot de Mora e minha bisavó, Condessa Aime Elene. Eles vieram para Serro Azul nos anos de 1840 e 1860. Tiveram minha avó, Leontina Pinot de Mora Von Der Osten, a qual se casou com Francesco Valmassoni, que veio da Itália aos 16 anos de idade. Os meus antepassados paternos eram militares, o Marechal Aristides de Pinho, o meu avô, casado com Apolônia Kaminski Pinho, polonesa, juntos tiveram quatro filhos.

Meu pai formou-se muito jovem em farmácia e depois cursou medicina. Entrou para o exército brasileiro e foi então médico militar. Além disso, tinha como especialidade a dermatologia. Ele tratava de doenças muito graves, diferente dos dermatologistas de hoje, que se dedicam muito mais à estética do que às doenças da pele. Meu pai foi um exemplo muito importante para a minha formação e para minha vida.

A minha mãe, Catina, que era conhecida com  Cati, era uma mulher maravilhosa. Italiana de muita garra e inteligência, soube criar muito bem eu e as minhas duas irmãs, Eliana e Silvia.

Em 1951, ingressei no Colégio Santa Maria, no primeiro ano do ensino primário. Lá também cursei o ginásio e o científico. E quando estava no terceiro ano do científico, passei a frequentar um cursinho para medicina. Preparei-me de tal forma, que consegui ser aprovado nos dois vestibulares que prestei, na Católica e na Federal. Então, acabei cursando medicina na Universidade Federal do Paraná.

No Colégio Santa Maria, fiquei praticamente 11 anos. Obtive dos irmãos, que eram severos, uma educação primorosa em termos de respeito aos professores, coisa que, hoje talvez, a gente não tenha mais com tanta intensidade. Nós respeitávamos nossos professores, e admitíamos que, estudar e nos preparar para a vida futura, era a coisa mais importante que poderíamos ter.

Quando fiz 18 anos, eu estudava no Santa Maria e fazia o cursinho Bardal à noite. Consegui dessa forma, entrar no curso de medicina da Federal.

O curso de medicina nos propiciou a descoberta do corpo humano. Que é, sem dúvida nenhuma, a coisa mais fantástica e importante que existe na face da terra. Para se ter uma ideia, o nosso coração bate 80 vezes por minuto. Desde o primeiro momento do nosso nascimento, até o fim da nossa vida. Sem nós comandarmos, ou darmos qualquer tipo de ordem. Ele obedece a um reflexo comandado por nosso cérebro, que é, sem dúvida nenhuma, um computador de altíssima qualidade.

Não existe nenhum animal e nenhuma máquina inventada até agora, que possa ser comparada ao corpo humano. E logicamente, aprender a anatomia, a fisiologia, as doenças, etc., desse nosso corpo humano, para os jovens que gostam de medicina, é a coisa mais maravilhosa que pode existir.

São seis anos, que no início, abrangem aulas práticas e em seguida passam para as atividades junto aos pacientes. No curso existe um juramento hipocrático, que exige que nós tenhamos respeito, conduta moral e ética dentro da medicina. E que não possamos jamais sair dos nossos trilhos de honestidade.

A partir do terceiro ano de medicina, eu fiz um concurso para acadêmico interno no Hospital Nossa Senhora das Graças. Nesse curso, nós acompanhávamos pessoas magníficas, que eram os nossos professores.

Na clínica médica, o professor Lisandro Santos Lima, que era talvez, o clínico mais excelente que eu conheci, com seus ensinamentos maravilhosos. E, na parte cirúrgica, o doutor Giocondo Villanova Artigas, que fazia cirurgias maravilhosas. Ele nos transmitia essa vontade de poder operar e poder trabalhar junto com o paciente. Eu acabei me tornando cirurgião, talvez, pela influência desse grande mestre.

O doutor Lisandro dizia uma frase sensacional, que eu repito para os meus alunos, e para os nossos residentes hoje. Quando nós tínhamos casos muito complicados, e perguntávamos a ele, “doutor Lisandro, mas pode isso? ”, ele nos dizia “meu filho, dever não deve, mas poder pode. Em medicina tudo pode”.

Muitas vezes, os pacientes que têm um resultado não muito satisfatório com uma cirurgia, ou com um tratamento, culpam eventualmente o seu médico. Mas existem doenças que têm as suas complicações. Independentemente da qualidade do médico, há resultados que não são aqueles esperados.

Prestei um exame muito difícil naquela época, que se chamava Board. É um “qualification” para que se possa ir aos Estados Unidos. Eu fui aprovado com uma nota adequada. E participando de um programa chamado National Matching, o hospital indicava quem desejava, e o estudante indicava quais os hospitais preferia. Nisso, é feito um cruzamento e o estudante é escolhido para um dos hospitais. Então, passei três anos no Washington Hospital Center, na cidade de Washington.

Ainda estava nos Estados Unidos, fazendo a minha residência. Quando voltei, entrei para a universidade, onde fui professor colaborador, na fase inicial. E comecei a operar em vários hospitais de Curitiba.

Eu operava, principalmente, no Nossa Senhora das Graças, e no São Vicente. Mas também trabalhava na Maternidade de Curitiba, na Maternidade Nossa Senhora de Fátima, Hospital de Clínicas e Hospital São Lucas. Enfim, praticamente em todos os hospitais da cidade. Hoje eu restrinjo a minha atividade médica ao Hospital Nossa Senhora das Graças.

De 1974, quando retornei da minha residência, até hoje continuo realizando cirurgias do aparelho digestivo e coloproctologia. E até hoje eu operei 17 mil pessoas, desde coisas mais simples até câncer e situações extremamente graves. Tenho realmente um relacionamento muito importante com meus pacientes. Nunca tive nenhum tipo de discussão à cerca da minha conduta, qualquer ação criminal, ou pesquisa junto ao CRM.

Eu acho que o médico tem que se dedicar à família, especialmente quando os casos são graves, ou quando há algum tipo de complicação. Você tem que se dedicar de corpo e alma àquele paciente, porque aí, existe então, um reconhecimento da família. Se você abandona os pacientes, será questionado judicialmente ou de alguma outra forma.

Nós temos oito residentes no Hospital Nossa Senhora das Graças, na clínica cirúrgica. Que nós ensinamos, desde o primeiro até o quarto ano, a operar. Eles saem operando praticamente tudo, em termos de aparelho digestivo. Na realidade, nós somos uma comunidade que oferece um tratamento bastante adequado para a patologia do aparelho digestivo do ponto de vista cirúrgico.

Durante a minha carreira, nós tivemos vários itens. Por exemplo, do ponto de vista da participação nas sociedades médicas, eu fui presidente da Sociedade Paranaense de Gastroenterologia, da Sociedade Paranaense de Coloproctologia. Fui mestre do Capítulo Brasileiro do Colégio Brasileiro de Cirurgiões Capítulo do Paraná. Fui presidente da Sociedade Brasileira de Coloproctologia, fazendo aqui, em 2007, um congresso extremamente lindo.

Entre os reconhecimentos que tivemos aqui, estão várias menções honrosas, da Câmara de Vereadores, da Assembleia dos Deputados. Fomos agraciados com título de vulto emérito da cidade de Curitiba e de cirurgião emérito do Colégio Brasileiro de Cirurgiões. São poucos aqueles que alcançam isso e só alcançam depois de certa idade.

Antes de me formar, conheci minha futura esposa, Marcia de Oliveira Fatuch. Mas quando estava ainda no quinto ano de medicina, fomos à Europa com a turma de medicina, visitamos nove países, durante 60 dias. Na volta fiquei noivo da Marcia, antes de me formar e depois casamos.

Minha esposa me acompanha desde 1968. Fomos aos Estados Unidos, quando ela tinha 19 anos. Ultrapassando as dificuldades iniciais da vida, fomos morar em uma região de risco, próximo ao hospital. Depois nos mudamos para uma região mais distante, a 10 milhas do hospital, quando consegui comprar meu primeiro carro, um Mustang. Aos finais de semana prestava serviços de exames para uma seguradora. Passamos lá três anos de muita alegria.

Sobre as minhas filhas. Alessandra nasceu primeiro, em 1973, é arquiteta e nos deu dois netos, o Bernardo e o Felipe. A segunda filha é a Giovana, no deu uma neta chamada Eduarda. Na terceira gravidez da Márcia, veio a Maria, que tem Síndrome de Down. Ela foi a oportunidade que Deus nos deu, de viver com um anjo em vida.

As minhas três filhas, com suas famílias, completam, sem dúvida nenhuma, a nossa alegria, a nossa felicidade. A vida é composta por um kit, não adianta ser somente rico, somente inteligente ou ser só um bom profissional. A vida precisa de uma pitada de cada coisa, para que então se possa dizer, “eu sou uma pessoa feliz e completa, porque tenho todos os itens que representam a felicidade no meu entender”.

A minha irmã Silvia teve dois filhos e dois netos, os quais todos atualmente são médicos, havendo assim uma progressão da medicina na família. Minha outra irmã, Eliana, infelizmente teve uma vida curta e faleceu vítima das consequências de um diabete muito precoce e praticamente intratável.

A vida é muito rápida. Como dizia um grande pensador, o ponteiro dos segundos nunca para. Eu tenho 72 anos, ainda me encontro em uma forma física relativamente boa. Não tomo nenhum remédio, mas os anos vão passando.

Sem dúvida nenhuma, existe uma frase muito interessante que diz: não tenha pressa, mas não perca tempo. Então, nós não precisamos agir com muita pressa nas coisas que procuramos. Mas não podemos perder tempo, porque a cada dia que passa é um dia a menos do nosso futuro.

Dedicamos-nos a ter um prazer na vida, não só o trabalho. Acho que o trabalho é muito importante, eu ainda estou em uma fase muito ativa, mas os prazeres da vida devem ser recompensados.

Eu, sem dúvida nenhuma, tenho a agradecer muito mais por tudo aquilo que me ocorreu, porque consegui ter o kit da felicidade. Que inclui a minha família maravilhosa.

Nasci aqui em Curitiba, no dia três de fevereiro de 1944, na Casa de Saúde São Francisco, na Rua São Francisco. Os meus pais são, Anôr Pinho, que foi o primeiro farmacêutico de Curitiba e Catina Valmassoni Pinho.

O meu bisavô materno chamava-se Conde Hipólito Henrique Pinot de Mora e minha bisavó, Condessa Aime Elene. Eles vieram para Serro Azul nos anos de 1840 e 1860. Tiveram minha avó, Leontina Pinot de Mora Von Der Osten, a qual se casou com Francesco Valmassoni, que veio da Itália aos 16 anos de idade. Os meus antepassados paternos eram militares, o Marechal Aristides de Pinho, o meu avô, casado com Apolônia Kaminski Pinho, polonesa, juntos tiveram quatro filhos.

Meu pai formou-se muito jovem em farmácia e depois cursou medicina. Entrou para o exército brasileiro e foi então médico militar. Além disso, tinha como especialidade a dermatologia. Ele tratava de doenças muito graves, diferente dos dermatologistas de hoje, que se dedicam muito mais à estética do que às doenças da pele. Meu pai foi um exemplo muito importante para a minha formação e para minha vida.

A minha mãe, Catina, que era conhecida com  Cati, era uma mulher maravilhosa. Italiana de muita garra e inteligência, soube criar muito bem eu e as minhas duas irmãs, Eliana e Silvia.

Em 1951, ingressei no Colégio Santa Maria, no primeiro ano do ensino primário. Lá também cursei o ginásio e o científico. E quando estava no terceiro ano do científico, passei a frequentar um cursinho para medicina. Preparei-me de tal forma, que consegui ser aprovado nos dois vestibulares que prestei, na Católica e na Federal. Então, acabei cursando medicina na Universidade Federal do Paraná.

No Colégio Santa Maria, fiquei praticamente 11 anos. Obtive dos irmãos, que eram severos, uma educação primorosa em termos de respeito aos professores, coisa que, hoje talvez, a gente não tenha mais com tanta intensidade. Nós respeitávamos nossos professores, e admitíamos que, estudar e nos preparar para a vida futura, era a coisa mais importante que poderíamos ter.

Quando fiz 18 anos, eu estudava no Santa Maria e fazia o cursinho Bardal à noite. Consegui dessa forma, entrar no curso de medicina da Federal.

O curso de medicina nos propiciou a descoberta do corpo humano. Que é, sem dúvida nenhuma, a coisa mais fantástica e importante que existe na face da terra. Para se ter uma ideia, o nosso coração bate 80 vezes por minuto. Desde o primeiro momento do nosso nascimento, até o fim da nossa vida. Sem nós comandarmos, ou darmos qualquer tipo de ordem. Ele obedece a um reflexo comandado por nosso cérebro, que é, sem dúvida nenhuma, um computador de altíssima qualidade.

Não existe nenhum animal e nenhuma máquina inventada até agora, que possa ser comparada ao corpo humano. E logicamente, aprender a anatomia, a fisiologia, as doenças, etc., desse nosso corpo humano, para os jovens que gostam de medicina, é a coisa mais maravilhosa que pode existir.

São seis anos, que no início, abrangem aulas práticas e em seguida passam para as atividades junto aos pacientes. No curso existe um juramento hipocrático, que exige que nós tenhamos respeito, conduta moral e ética dentro da medicina. E que não possamos jamais sair dos nossos trilhos de honestidade.

A partir do terceiro ano de medicina, eu fiz um concurso para acadêmico interno no Hospital Nossa Senhora das Graças. Nesse curso, nós acompanhávamos pessoas magníficas, que eram os nossos professores.

Na clínica médica, o professor Lisandro Santos Lima, que era talvez, o clínico mais excelente que eu conheci, com seus ensinamentos maravilhosos. E, na parte cirúrgica, o doutor Giocondo Villanova Artigas, que fazia cirurgias maravilhosas. Ele nos transmitia essa vontade de poder operar e poder trabalhar junto com o paciente. Eu acabei me tornando cirurgião, talvez, pela influência desse grande mestre.

O doutor Lisandro dizia uma frase sensacional, que eu repito para os meus alunos, e para os nossos residentes hoje. Quando nós tínhamos casos muito complicados, e perguntávamos a ele, “doutor Lisandro, mas pode isso? ”, ele nos dizia “meu filho, dever não deve, mas poder pode. Em medicina tudo pode”.

Muitas vezes, os pacientes que têm um resultado não muito satisfatório com uma cirurgia, ou com um tratamento, culpam eventualmente o seu médico. Mas existem doenças que têm as suas complicações. Independentemente da qualidade do médico, há resultados que não são aqueles esperados.

Prestei um exame muito difícil naquela época, que se chamava Board. É um “qualification” para que se possa ir aos Estados Unidos. Eu fui aprovado com uma nota adequada. E participando de um programa chamado National Matching, o hospital indicava quem desejava, e o estudante indicava quais os hospitais preferia. Nisso, é feito um cruzamento e o estudante é escolhido para um dos hospitais. Então, passei três anos no Washington Hospital Center, na cidade de Washington.

Ainda estava nos Estados Unidos, fazendo a minha residência. Quando voltei, entrei para a universidade, onde fui professor colaborador, na fase inicial. E comecei a operar em vários hospitais de Curitiba.

Eu operava, principalmente, no Nossa Senhora das Graças, e no São Vicente. Mas também trabalhava na Maternidade de Curitiba, na Maternidade Nossa Senhora de Fátima, Hospital de Clínicas e Hospital São Lucas. Enfim, praticamente em todos os hospitais da cidade. Hoje eu restrinjo a minha atividade médica ao Hospital Nossa Senhora das Graças.

De 1974, quando retornei da minha residência, até hoje continuo realizando cirurgias do aparelho digestivo e coloproctologia. E até hoje eu operei 17 mil pessoas, desde coisas mais simples até câncer e situações extremamente graves. Tenho realmente um relacionamento muito importante com meus pacientes. Nunca tive nenhum tipo de discussão à cerca da minha conduta, qualquer ação criminal, ou pesquisa junto ao CRM.

Eu acho que o médico tem que se dedicar à família, especialmente quando os casos são graves, ou quando há algum tipo de complicação. Você tem que se dedicar de corpo e alma àquele paciente, porque aí, existe então, um reconhecimento da família. Se você abandona os pacientes, será questionado judicialmente ou de alguma outra forma.

Nós temos oito residentes no Hospital Nossa Senhora das Graças, na clínica cirúrgica. Que nós ensinamos, desde o primeiro até o quarto ano, a operar. Eles saem operando praticamente tudo, em termos de aparelho digestivo. Na realidade, nós somos uma comunidade que oferece um tratamento bastante adequado para a patologia do aparelho digestivo do ponto de vista cirúrgico.

Durante a minha carreira, nós tivemos vários itens. Por exemplo, do ponto de vista da participação nas sociedades médicas, eu fui presidente da Sociedade Paranaense de Gastroenterologia, da Sociedade Paranaense de Coloproctologia. Fui mestre do Capítulo Brasileiro do Colégio Brasileiro de Cirurgiões Capítulo do Paraná. Fui presidente da Sociedade Brasileira de Coloproctologia, fazendo aqui, em 2007, um congresso extremamente lindo.

Entre os reconhecimentos que tivemos aqui, estão várias menções honrosas, da Câmara de Vereadores, da Assembleia dos Deputados. Fomos agraciados com título de vulto emérito da cidade de Curitiba e de cirurgião emérito do Colégio Brasileiro de Cirurgiões. São poucos aqueles que alcançam isso e só alcançam depois de certa idade.

Antes de me formar, conheci minha futura esposa, Marcia de Oliveira Fatuch. Mas quando estava ainda no quinto ano de medicina, fomos à Europa com a turma de medicina, visitamos nove países, durante 60 dias. Na volta fiquei noivo da Marcia, antes de me formar e depois casamos.

Minha esposa me acompanha desde 1968. Fomos aos Estados Unidos, quando ela tinha 19 anos. Ultrapassando as dificuldades iniciais da vida, fomos morar em uma região de risco, próximo ao hospital. Depois nos mudamos para uma região mais distante, a 10 milhas do hospital, quando consegui comprar meu primeiro carro, um Mustang. Aos finais de semana prestava serviços de exames para uma seguradora. Passamos lá três anos de muita alegria.

Sobre as minhas filhas. Alessandra nasceu primeiro, em 1973, é arquiteta e nos deu dois netos, o Bernardo e o Felipe. A segunda filha é a Giovana, no deu uma neta chamada Eduarda. Na terceira gravidez da Márcia, veio a Maria, que tem Síndrome de Down. Ela foi a oportunidade que Deus nos deu, de viver com um anjo em vida.

As minhas três filhas, com suas famílias, completam, sem dúvida nenhuma, a nossa alegria, a nossa felicidade. A vida é composta por um kit, não adianta ser somente rico, somente inteligente ou ser só um bom profissional. A vida precisa de uma pitada de cada coisa, para que então se possa dizer, “eu sou uma pessoa feliz e completa, porque tenho todos os itens que representam a felicidade no meu entender”.

A minha irmã Silvia teve dois filhos e dois netos, os quais todos atualmente são médicos, havendo assim uma progressão da medicina na família. Minha outra irmã, Eliana, infelizmente teve uma vida curta e faleceu vítima das consequências de um diabete muito precoce e praticamente intratável.

A vida é muito rápida. Como dizia um grande pensador, o ponteiro dos segundos nunca para. Eu tenho 72 anos, ainda me encontro em uma forma física relativamente boa. Não tomo nenhum remédio, mas os anos vão passando.

Sem dúvida nenhuma, existe uma frase muito interessante que diz: não tenha pressa, mas não perca tempo. Então, nós não precisamos agir com muita pressa nas coisas que procuramos. Mas não podemos perder tempo, porque a cada dia que passa é um dia a menos do nosso futuro.

Dedicamos-nos a ter um prazer na vida, não só o trabalho. Acho que o trabalho é muito importante, eu ainda estou em uma fase muito ativa, mas os prazeres da vida devem ser recompensados.

Eu, sem dúvida nenhuma, tenho a agradecer muito mais por tudo aquilo que me ocorreu, porque consegui ter o kit da felicidade. Que inclui a minha família maravilhosa.

Nasci aqui em Curitiba, no dia três de fevereiro de 1944, na Casa de Saúde São Francisco, na Rua São Francisco. Os meus pais são, Anôr Pinho, que foi o primeiro farmacêutico de Curitiba e Catina Valmassoni Pinho.

O meu bisavô materno chamava-se Conde Hipólito Henrique Pinot de Mora e minha bisavó, Condessa Aime Elene. Eles vieram para Serro Azul nos anos de 1840 e 1860. Tiveram minha avó, Leontina Pinot de Mora Von Der Osten, a qual se casou com Francesco Valmassoni, que veio da Itália aos 16 anos de idade. Os meus antepassados paternos eram militares, o Marechal Aristides de Pinho, o meu avô, casado com Apolônia Kaminski Pinho, polonesa, juntos tiveram quatro filhos.

Meu pai formou-se muito jovem em farmácia e depois cursou medicina. Entrou para o exército brasileiro e foi então médico militar. Além disso, tinha como especialidade a dermatologia. Ele tratava de doenças muito graves, diferente dos dermatologistas de hoje, que se dedicam muito mais à estética do que às doenças da pele. Meu pai foi um exemplo muito importante para a minha formação e para minha vida.

A minha mãe, Catina, que era conhecida com  Cati, era uma mulher maravilhosa. Italiana de muita garra e inteligência, soube criar muito bem eu e as minhas duas irmãs, Eliana e Silvia.

Em 1951, ingressei no Colégio Santa Maria, no primeiro ano do ensino primário. Lá também cursei o ginásio e o científico. E quando estava no terceiro ano do científico, passei a frequentar um cursinho para medicina. Preparei-me de tal forma, que consegui ser aprovado nos dois vestibulares que prestei, na Católica e na Federal. Então, acabei cursando medicina na Universidade Federal do Paraná.

No Colégio Santa Maria, fiquei praticamente 11 anos. Obtive dos irmãos, que eram severos, uma educação primorosa em termos de respeito aos professores, coisa que, hoje talvez, a gente não tenha mais com tanta intensidade. Nós respeitávamos nossos professores, e admitíamos que, estudar e nos preparar para a vida futura, era a coisa mais importante que poderíamos ter.

Quando fiz 18 anos, eu estudava no Santa Maria e fazia o cursinho Bardal à noite. Consegui dessa forma, entrar no curso de medicina da Federal.

O curso de medicina nos propiciou a descoberta do corpo humano. Que é, sem dúvida nenhuma, a coisa mais fantástica e importante que existe na face da terra. Para se ter uma ideia, o nosso coração bate 80 vezes por minuto. Desde o primeiro momento do nosso nascimento, até o fim da nossa vida. Sem nós comandarmos, ou darmos qualquer tipo de ordem. Ele obedece a um reflexo comandado por nosso cérebro, que é, sem dúvida nenhuma, um computador de altíssima qualidade.

Não existe nenhum animal e nenhuma máquina inventada até agora, que possa ser comparada ao corpo humano. E logicamente, aprender a anatomia, a fisiologia, as doenças, etc., desse nosso corpo humano, para os jovens que gostam de medicina, é a coisa mais maravilhosa que pode existir.

São seis anos, que no início, abrangem aulas práticas e em seguida passam para as atividades junto aos pacientes. No curso existe um juramento hipocrático, que exige que nós tenhamos respeito, conduta moral e ética dentro da medicina. E que não possamos jamais sair dos nossos trilhos de honestidade.

A partir do terceiro ano de medicina, eu fiz um concurso para acadêmico interno no Hospital Nossa Senhora das Graças. Nesse curso, nós acompanhávamos pessoas magníficas, que eram os nossos professores.

Na clínica médica, o professor Lisandro Santos Lima, que era talvez, o clínico mais excelente que eu conheci, com seus ensinamentos maravilhosos. E, na parte cirúrgica, o doutor Giocondo Villanova Artigas, que fazia cirurgias maravilhosas. Ele nos transmitia essa vontade de poder operar e poder trabalhar junto com o paciente. Eu acabei me tornando cirurgião, talvez, pela influência desse grande mestre.

O doutor Lisandro dizia uma frase sensacional, que eu repito para os meus alunos, e para os nossos residentes hoje. Quando nós tínhamos casos muito complicados, e perguntávamos a ele, “doutor Lisandro, mas pode isso? ”, ele nos dizia “meu filho, dever não deve, mas poder pode. Em medicina tudo pode”.

Muitas vezes, os pacientes que têm um resultado não muito satisfatório com uma cirurgia, ou com um tratamento, culpam eventualmente o seu médico. Mas existem doenças que têm as suas complicações. Independentemente da qualidade do médico, há resultados que não são aqueles esperados.

Prestei um exame muito difícil naquela época, que se chamava Board. É um “qualification” para que se possa ir aos Estados Unidos. Eu fui aprovado com uma nota adequada. E participando de um programa chamado National Matching, o hospital indicava quem desejava, e o estudante indicava quais os hospitais preferia. Nisso, é feito um cruzamento e o estudante é escolhido para um dos hospitais. Então, passei três anos no Washington Hospital Center, na cidade de Washington.

Ainda estava nos Estados Unidos, fazendo a minha residência. Quando voltei, entrei para a universidade, onde fui professor colaborador, na fase inicial. E comecei a operar em vários hospitais de Curitiba.

Eu operava, principalmente, no Nossa Senhora das Graças, e no São Vicente. Mas também trabalhava na Maternidade de Curitiba, na Maternidade Nossa Senhora de Fátima, Hospital de Clínicas e Hospital São Lucas. Enfim, praticamente em todos os hospitais da cidade. Hoje eu restrinjo a minha atividade médica ao Hospital Nossa Senhora das Graças.

De 1974, quando retornei da minha residência, até hoje continuo realizando cirurgias do aparelho digestivo e coloproctologia. E até hoje eu operei 17 mil pessoas, desde coisas mais simples até câncer e situações extremamente graves. Tenho realmente um relacionamento muito importante com meus pacientes. Nunca tive nenhum tipo de discussão à cerca da minha conduta, qualquer ação criminal, ou pesquisa junto ao CRM.

Eu acho que o médico tem que se dedicar à família, especialmente quando os casos são graves, ou quando há algum tipo de complicação. Você tem que se dedicar de corpo e alma àquele paciente, porque aí, existe então, um reconhecimento da família. Se você abandona os pacientes, será questionado judicialmente ou de alguma outra forma.

Nós temos oito residentes no Hospital Nossa Senhora das Graças, na clínica cirúrgica. Que nós ensinamos, desde o primeiro até o quarto ano, a operar. Eles saem operando praticamente tudo, em termos de aparelho digestivo. Na realidade, nós somos uma comunidade que oferece um tratamento bastante adequado para a patologia do aparelho digestivo do ponto de vista cirúrgico.

Durante a minha carreira, nós tivemos vários itens. Por exemplo, do ponto de vista da participação nas sociedades médicas, eu fui presidente da Sociedade Paranaense de Gastroenterologia, da Sociedade Paranaense de Coloproctologia. Fui mestre do Capítulo Brasileiro do Colégio Brasileiro de Cirurgiões Capítulo do Paraná. Fui presidente da Sociedade Brasileira de Coloproctologia, fazendo aqui, em 2007, um congresso extremamente lindo.

Entre os reconhecimentos que tivemos aqui, estão várias menções honrosas, da Câmara de Vereadores, da Assembleia dos Deputados. Fomos agraciados com título de vulto emérito da cidade de Curitiba e de cirurgião emérito do Colégio Brasileiro de Cirurgiões. São poucos aqueles que alcançam isso e só alcançam depois de certa idade.

Antes de me formar, conheci minha futura esposa, Marcia de Oliveira Fatuch. Mas quando estava ainda no quinto ano de medicina, fomos à Europa com a turma de medicina, visitamos nove países, durante 60 dias. Na volta fiquei noivo da Marcia, antes de me formar e depois casamos.

Minha esposa me acompanha desde 1968. Fomos aos Estados Unidos, quando ela tinha 19 anos. Ultrapassando as dificuldades iniciais da vida, fomos morar em uma região de risco, próximo ao hospital. Depois nos mudamos para uma região mais distante, a 10 milhas do hospital, quando consegui comprar meu primeiro carro, um Mustang. Aos finais de semana prestava serviços de exames para uma seguradora. Passamos lá três anos de muita alegria.

Sobre as minhas filhas. Alessandra nasceu primeiro, em 1973, é arquiteta e nos deu dois netos, o Bernardo e o Felipe. A segunda filha é a Giovana, no deu uma neta chamada Eduarda. Na terceira gravidez da Márcia, veio a Maria, que tem Síndrome de Down. Ela foi a oportunidade que Deus nos deu, de viver com um anjo em vida.

As minhas três filhas, com suas famílias, completam, sem dúvida nenhuma, a nossa alegria, a nossa felicidade. A vida é composta por um kit, não adianta ser somente rico, somente inteligente ou ser só um bom profissional. A vida precisa de uma pitada de cada coisa, para que então se possa dizer, “eu sou uma pessoa feliz e completa, porque tenho todos os itens que representam a felicidade no meu entender”.

A minha irmã Silvia teve dois filhos e dois netos, os quais todos atualmente são médicos, havendo assim uma progressão da medicina na família. Minha outra irmã, Eliana, infelizmente teve uma vida curta e faleceu vítima das consequências de um diabete muito precoce e praticamente intratável.

A vida é muito rápida. Como dizia um grande pensador, o ponteiro dos segundos nunca para. Eu tenho 72 anos, ainda me encontro em uma forma física relativamente boa. Não tomo nenhum remédio, mas os anos vão passando.

Sem dúvida nenhuma, existe uma frase muito interessante que diz: não tenha pressa, mas não perca tempo. Então, nós não precisamos agir com muita pressa nas coisas que procuramos. Mas não podemos perder tempo, porque a cada dia que passa é um dia a menos do nosso futuro.

Dedicamos-nos a ter um prazer na vida, não só o trabalho. Acho que o trabalho é muito importante, eu ainda estou em uma fase muito ativa, mas os prazeres da vida devem ser recompensados.

Eu, sem dúvida nenhuma, tenho a agradecer muito mais por tudo aquilo que me ocorreu, porque consegui ter o kit da felicidade. Que inclui a minha família maravilhosa.

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